terça-feira, janeiro 31, 2012

actus non facit reum nisi mens sit rea

Enquanto mantinha uma conversa telefónica com um cliente de exportação na soleira da porta da fábrica, cumprimentou-me um fornecedor, fabricante da indústria sapateira, que entrava e que me pergunta: "Então Dr. isso vai?"
Acenei-lhe que sim com um leve sorriso, mas ele insistiu, "Vai para cima ou vai para baixo?", em tom de brincadeira
"Vai em frente!" respondi, tapando o telefone com a mão, mas sem qualquer esboço de sorriso e sem esperar resposta alguma... naturalmente ele também não respondeu e entrou para as instalações disfarçando o incomodo de me estar a interromper...
Passados uns instantes terminei a conversa telefónica e desliguei o aparelho para fazer outra chamada, e enquanto aguardava sinal de chamada dei comigo momentaneamente a reflectir no eco da resposta que lhe tinha dado, e num laivo de tomada de consciência, breve, breve demais, mas longo o suficiente para não cair no esquecimento, inflecti remorso, não pela resposta em si, mas pela forma, meio ríspida, como respondi... O momento foi sináptico.
Já estava de novo envolvido em nova chamada telefónica quando ele saiu. Assim que o vi, sem me focar particularmente numa atitude ensaiada ou mecânica, vi a minha naturalidade guiar os meus gestos e interrompi o meu interlocutor no telefone para me despedir do fornecedor. Acerquei-me, ele abrandou o passo, e despedi-me dele com um aperto de mão ao mesmo tempo que a memória se desentorpeceu e lhe perguntei pelo filho, de 2 anos, que num fait-divers de open space que mal retive uns meses antes, me tinham dito estar acomedido de alguma doença grave...
O menino já está bom Dr, graças a Deus, obrigado, tudo de bom para si.” E foi andando.
Terminei a conversa telefónica e o cigarro (sim, de vez em quando ainda fumo um cigarro) e voltei a entrar deixando-me envolver pelo quotidiano frenético da actividade empresarial.
Fui aumentado, o meu ordenado aumentou algumas dezenas de euros contrariando a tendência não só na empresa como na generalidade anunciada para o sector privado. Alguma coisa devo estar a fazer certo... Numa breve análise que fiz aos processos sob minha tutela acuso uma média de margem bruta superior a 35%, largamente superior à média estimada de 20% da empresa e sem ter acesso às ferramentas financeiras de gestão comercial de que dispus no meu passado profissional e que combinadas com uma melhor gestão de tesouraria poderia facilmente aumentar a rentabilidade mais uns 2 ou 3% (o que num orçamento de 7 algarismos faz bastante diferença). Naturalmente esta noção esbarra na parte de “melhor gestão de tesouraria”, e eu apenas mando em minha casa... Adiante.
Lembro-me de ter escrito um pequeno desabafo aqui há uns anos, que embora não ligue directamente com o episódio à porta da fábrica, me faz voltar à parte da reflexão da antítese entre o gesto mecânico e a atitude de naturalidade... Relendo essas palavras hoje faz-me acender uma luzinha no tablier (outra) e considerar que tenho que me focar mais em mim, cultivar o espelho do meu formato que deixou de mostrar o meu conteúdo, pelo menos não tanto como eu gosto que aconteça em todo o caso...
Na tal análise que fiz aos meus processos constatei que a espaços a minha rentabilidade assentou no espremer dos fornecedores, e aquele com quem me cruzei já me apoiu a montande contribuindo para o resultado a jusante do negócio. Tento ter uma conduta nos negócios tão verticalmente integrada como o faço na vida privada, envolvendo-me no que é importante para mim, e mais ainda no que é importante para quem circula em meu redor. De facto, mesmo que apenas eu tenha gozado com o meu sarcásmo privado, a verdade é que isto não vai nem para cima nem para baixo, e vai simplesmente em frente, e até vai ainda a meio-gas. Cabe-me a mim assegurar que sei para onde vai, e acelerar o passo com a minha moral intacta, sem ter que chegar aos atropelos.

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Presidenciaveis

Hoje liguei a televisão e como já sintonizei os canais de notícias passei o meu serão a ouvir debates políticos em som de fundo. Pelo meio, ocorreu-me que corre uma petição para varrer com o actual Presidente da República...
Provavelmente é mais uma iniciativa que vai perder o memento e vai acabar por cair em saco rôto, isto se não for entregue na assembleia da republica muito brevemente. Eu não votei neste Presidente, e quase quatro quintos da população eleitoral também não. Dito isto, sou democrata, respeito o resultado eleitoral e promovo o papel de dignidade do Presidênte da República (mesmo que o próprio muitas vezes não o faça).
No hipotetico e remoto cenario de uma demissão presidencial, quem é que eu gostaria que fosse candidato, e presidente?
Varias pessoas, sem ordem de preferência, aqui ficam para reflexão:
Freitas do Amaral
Moita Flores
Marinho Pinto
Carvalho da Silva
António Capucho
António Guterres
Três de Esquerda e três de Direita (embora o Moita Flores ainda não tenha saido do armário para se assumir de Direita).
Era fixe para o país que fosse já para o ano... mas ainda faltam quatro anos.

Zombie matinal

Procurar o comando da televisão pela casa toda e ir encontra-lo no carro não é nomal...

domingo, janeiro 29, 2012

Coerência

De um chavão numa rede social:
"Sonhar é fazer planos, viver é ter coragem de realiza-los"
Pois... é o que tenho dito por outras palavras!

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Comentário feito post

Reflecti sobre a questão que levantaste...
Confesso que não o tinha feito, provavelmente porque a mim não faz qualquer confusão, mas gostaria de tentar desfazer o que me parece ser um equívoco na tua apreciação.
Embora eu perceba que a caracterização por referência à idade possa ser naturalmente implícita para quem lê, e erradamente (sublinhado) ser associada a seja lá qual for a ideia que quem lê faz das pessoas pela idade que têm, devo dizer que a minha referência à idade das mulheres na minha vida, como lhes chamas, não se trata de todo de as “caracterizar”, mas apenas de as distinguir enquanto pessoas anónimas, fazendo-o assim por via de uma, entre tantas, singularidades que, como deves imaginar, essas pessoas têm. Trata-se de uma referência de nomenclatura e designação, e não de uma característica intrínseca ou diferenciadora.
É pertinente assinalar que eu não faço qualquer diferenciação nas escolhas que faço baseadas na idade da pessoa, e já que tenho que o dissecar, penso que o faço primariamente por um combinado de características físicas, de trato, de carácter e do conhecimento assimilado crescente, que a interacção com a pessoa me traz, que, permitindo uma abrangente apreciação global da pessoa, me fazem involuntariamente – arrisco dizer – sentir-me atraído e interessado nessa pessoa, pelas características próprias que tem, independentemente da sua idade, que não é mais do que uma incidência da sua realidade (tal como a raça, o credo, o clube de futebol, ou a inclinação política).
Que não seja sobretudo percebido, a referência pela idade, como um aspecto redutor ou de padrão.
Dito isto, concordo contigo e não vejo que as pessoas sejam a idade que têm por fora, nem advogo a dita idade mental ou a idade que têm por dentro. Quando muito tenho naturalmente uma percepção da correlação que existe entre o que é esperado da idade física da pessoa em termos da sua maturidade (o que dava para ficar aqui a noite toda a dissertar, até porque nesse aspecto eu sou suspeito).
Sobre essa matéria, da maturidade, dizer apenas que o conjunto de variáveis exteriores (ie, experiência de vida) é tão vasto e heterogéneo que acaba mesmo por ser primordialmente a observação por interacção com a pessoa, o processo pelo qual se desenham opiniões, e a esse propósito, na minha perspectiva, as pessoas são sobretudo aquilo em que acreditam e como o põem em prática, aquilo que fazem e particularmente a maneira como o fazem. É mais ou menos esse o caminho que eu traço se quiser tentar dessa forma diminuta definir uma análise básica de como eu próprio sou, da pessoa que sou, aquilo em que acredito, o que faço e como o faço, com a idade que tenho.
Assim, permite-me que afirme, tenho 41 anos e estou-me nas tintas para a imagem que possa passar de mim, seja por aludir a, ou por associação à idade das pessoas com quem me relaciono. Todavia percebo, aceito e agradeço a tua observação, e, por total consideração pelas pessoas a quem faço referência, tentarei de algum modo evitar atribuir-lhes, involuntariamente ou por negligência, um carimbo desnecessário (a idade) aos olhos de quem não conhece essas pessoas, pela inferência que fazem, necessariamente, às características que identificam – sabe-se lá porquê – como estando associadas à idade de pessoas que, não obstante a idade que efectivamente têm, não devem nem podem ser compartimentadas em estereótipos etários.
Não pensei nisso, my bad...
Pensando então em alternativas à referência pela idade, e descartando caracteristicas como a altura, o peso, ou tonalidade da pele, por razões obvias, acho que posso em toda a segurança referir-me às minhas amigas com referências inócuas e isentas, por exemplo como... flores, ou sabores, ou cores do arco-íris.
Obrigado por me fazeres pensar nisto, e obrigado por leres as palavras que eu escrevo.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Restitutio in integrum

Às 9 horas já estava jantado, de louça lavada e cozinha arrumada. Hoje não vou sair, está frio na rua e a perspectiva do pijama de flanela sobrepõe-se ao calor humano dos amigos do barzinho. Liguei o televisor na esperança remota de apanhar o jogo do Estoril vs Atlético num canal qualquer, mas a tvcabo encarregou-se de desregular os canais todos e eu não tenho paxôrra para sintonizar os canais preferidos nos números certos do aparelho. Fiquei a saber que para além de mais de 80 canais de borla, cortesia de quem cá morou antes e não deu baixa do serviço, tenho um canal de putêdo e esfrega-e-não-molha a passar ais e uis em horário nobre. Mas também o televisor só tem memória para 39 canais e eu de qualquer forma mal o ligo que não seja para ver o telejornal ou a bola...
A minha amiga de 40 anos ligou-me do Porto ao fim do dia, eu ainda estava na fábrica; Que ia passar por Ovar a caminho de casa... perspectivou-se uma escala, para tomar um café entre comboios ou para passar cá a noite... Mas não... o meio da semana é logisticamente complicado para mim... e ir conduzir até Ovar para tomar um café (coisa que só bebo de manhã) não é a minha praia, gosto mais de quality time do que de opportunity time, e acho que ela também. Ficou agendada uma incursão num fim-de-semana próximo até à Figueira da Foz, terreno neutro, orientar uma "orgia a dois" como eu lhe chamei... Quality time, ela achou graça à ideia. Seja como for, para furtivo tive a visita da minha amiga de 20 anos, que apareceu com a irmã, sem avisar, para vir buscar as chaves que cá deixou da última vez... A irmã é gira. Felizmente ainda tinha a casa aceitavelmente arrumada desde o fim-de-semana, nem sempre está assim. Foi visita de médico, porque tendo apenas 2 cadeiras – uma delas com uma perna solta - torna-se pouco prático entreter mais do que uma pessoa de cada vez, o que é o mesmo que dizer que a opção de viver sem mobília também serve de desculpa para manter potenciais escovas-de-dentes ao largo... Ficou combinado um copo sine die, até porque aquele Novembro em Dezembro se mantém, e por uma questão de coerência de princípio impeço-me voluntariamente de me posicionar, a história da carne ser fraca é coisa que deixo para outros prados... Depois de elas terem saído liguei à minha amiga de 40 anos para ver se tinha chegado bem a casa e se a formação a que ela foi tinha corrido bem. Gosto de conversar com ela, tem uma voz meiga que me soa muito bem ao ouvido... Foi um telefonema breve. Depois liguei à minha irmã e ao meu advogado (long story) e contemplei começar a preparar a viagem de trabalho à Argélia... Escolhi um CD da Sade para o efeito mas em vez de iniciar um estudo de mercado dei comigo a viajar pelo meu Curriculum Vitae, por algumas de tantas viagens que já fiz (nota mental para renovar o passaporte ASAP), e de como o Magreb me calha sempre na rifa... Da Argélia até começar a escrever no blog a despropósito foi um tirinho, essa viagem é só em Maio, tenho uns momentos para escrever sobre o tempo que passa no relógio da memória, enquanto aguardo o reencontro com a normalidade...

No comment

-Porque é que tens tantos relógios?
-Para ver as horas!

Como diría a Raquel: "Pitas, pff..."

terça-feira, janeiro 24, 2012

Nota mental:

As ervilhas explodem no microondas, duh...

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Calma aparente

(...)

Tenho uma mota infernal
E o asfalto chama por mim
A estrada faz-me sinal
E vontade diz-me que sim

Calado vou sempre em frente
no silêncio que abafa a dor
mas dentro da minha mente
está um barulho ensurdecedor


domingo, janeiro 22, 2012

Hmmm...

Já não estava habituado a encontrar cabelos compridos espalhados pela casa toda...

Cafézinho matinal de Domingo

Apercebo-me que a Virago não sai da garagem há 3 semanas... Charuto novo dá nisto!

sábado, janeiro 21, 2012

Ontem à noite

-Viste? Aquela senhora deu-nos prioridade.
-Não vi, quem era?
-Não sei...

sexta-feira, janeiro 20, 2012

argumentum ad hominem

Numa troca de ideias com uma colega de trabalho, a determinada altura sou confrontado com um argumento que se desvia completamente da temática, como quem desvia um capote das gotas chuva, e sem dar conta dirigi-me a ela chamando-lhe o nome de outra pessoa...

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Bola p'ra frente!

Dia de bola. Nem vale a pena os neurónios debaterem o jantar porque já ficou o guisado feito do almoço...
Jogam as minhas equipas preferidas: a da alma e a do coração. É um daqueles jogos dificeis de ver porque tal como quando jogo Xadrez contra mim próprio, sempre que ganho, acabo sempre por perder. (ui... isto diz-me alguma coisa)
Tenho vontade de tirar um cachecol da prateleira, mas não sei qual...?

segunda-feira, janeiro 16, 2012

Secret ingredient

Segunda-feira, e aqui estou eu. O fim de semana foi assim como que, não sei que lhe chame... Luxuria não diz tudo... Por falta de palavra melhor, foi um fim de semana bem fixe, diferente, divertido, meio requintado e meio trapalhão e agora doi-me o corpo todo... No seguimento volto ao meu quotidiano, vida de solteiro, pequenas rotinas sempre diferentes todos os dias onde o ponto alto costuma ser preparar o jantar. Hoje sobrou-me parte do que tinha feito para o almoço (arroz de espinafres com pinhões), resolvi rentabilizar o tempo que perco a ver o telejornal e liguei a mini-tv de campismo na cozinha para preparar uma sobremesa a ouvir as notícias.
- Apetece-me um docinho!
Google com ele e receita rápida de Bolo de laranja no microondas, pareceu-me o ideal, fácil, simples de fazer, tenho os ingredientes todos menos fermento mas como a farinha já tem disso incorporado (self rasing) é na boa. Também não tenho óleo que não entra nesta casa (só azeite) mas derreti 1/4 de pacote de margarina vaqueiro em banho maria e serviu lindamente. Contudo, detesto receitas que referem "1 chávena" como unidade de medida... Mas é uma chávena de que tamanho? De café, de chá, uma caneca tipo Nescafé, ou é uma malga com asa? Bom, misturar tudo no blender (laranja com casca e tudo), aplicar uma leve pitada do meu secret ingredient, corrigir a espessuar da massa com um fiapo de leite, e impedir-me a ferros de comer aquilo tudo à colher mesmo cru. Depois untei uma forma de tupperware com margarina, coloquei 9 minutos no power máximo e ficou a casa toda a cheirar a laranja. Pelo meio abrandei a potência alguns segundos por cada minuto porque tive medo que o bolo crescesse tanto que fosse tocar na grelha superior do microondas... e ainda queriam que eu pusesse uma colher de fermento - ah pois, que essa é outra, "1 colher", mas que raio de medida é essa? É uma colher raza ou uma colher cheia? É porque se for de farinha, por exemplo, faz toda a diferença na quantidade! Adiante. Não sei se leve o bolo para o trabalho para partilhar com as minhas colegas ou não... Aqui há dias levaram uns bolinhos caseiros deliciosos, e todos os dias bancam bolachas para mim. Mas com este cheirinho bom na casa toda desconfio que o bolo não vai sobreviver até amanhã.
Noutro registo, mesmo que já o faça há mais de 15 anos, sozinho ou acompanhado, gosto de gerir a minha casa e a minha economia doméstica, gerir no verdadeiro sentido da palavra, ter que fazer escolhas, programar compras e pagamentos de contas, limpar e manter o meu ambiente asseado, tratar da minha roupa e ser suficientemente bem organizado, mas sem cair no excesso de ordenar os livros por ordem alfabética ou a gaveta das meias por cores. Tenho plena consciência que já tive uma vida muito mais desafogada do que tenho tido nos últimos anos, mas não trocava os últimos mêses por todos sorrisos do mundo. Lembro-me que quando fui às compras na semana passada me senti momentaneamente triste por ser pob... por não ter forno, para também fazer uns biscoitos que a minha Mãe me ensinou e levar para as minhas colegas, ou oferecer à vizinha, mas imediatamente compensei a tristeza por já ter frigorifico e poder fazer gelatina de frutas e gelados de mil sabores. Sou rico na alma, sempre fui, mesmo que hoje me doa o corpo todo, é o meu secret ingredient, gosto de comer o pão com côdea.

Nota mental (uff...)

Para futura referência, aprender que uma malaguêta é mais do que suficiente!!!

isto hoje anda assim

sábado, janeiro 14, 2012

(E)nubelado

Não acredito que após uma semana plena de dias de Sol radiante, hoje que vou fazer uma máquina de roupa, o céu amanhece encoberto e o ar húmido... Noutras edições isto seria visto apenas como uma contingência aceitavel, e a adaptação punha-se em funcionamento (roupa a secar na cozinha). Contudo, pessoa aversa a rotinas de conforto, hoje também poderá ser dia de cozinhado elaborado, e a roupa ficaria a cheirar a comida, por isso vou ter que improvisar, mesmo que isso queira apenas dizer que vou fazer uma escolha entre adiar a máquina de roupa ou adiar o cozinhado elaborado.
Não sei se a minha amiga de 40 anos vem cá hoje, a ideia ficou no ar, sem compromisso... De qualquer forma já ía mesmo arrumar e fazer a limpeza semanal. Não é que combata rotinas, nada disso, reconheço o elemento estabilizador das rotinas, simplesmente, num mundo já tão cronometrado, não é a minha praia condicionar voluntariamente o meu livre-arbitrium, sobretudo por meros fait-divers quotidianos, por coisas simples ou descomplicadas. No fundo, reconheço que também eu recorro a rotinas, por facilitismo de tarefas mais do que por auto-obrigação-endógena, pequenas rotinas que permito que me confiram alguma previsibilidade, facilitando então também a minha interação... ou não!
Hoje é sábado, é de manhã, vou agora tomar café ao mesmo sítio onde vou vai para 3 anos, num cafézinho simpático de bairro, local onde entrei pela primeira vez em 2009, quando cheguei a esta cidade, para pedir direcções... e tornei-me cliente.
Assim, se alguém tiver alguma coisa para me dizer e se resolver a desenvolver espinha dorsal para o fazer em pessoa, é passar por lá, na mesa do canto, eu, um café e um jornal.
Mas venha de frente e a abanar uma bandeira branca que é para não fazer voar cadeiras!

quinta-feira, janeiro 12, 2012

Para o jantar

O guisado de massa, cenoura e chouriço que sobrou do almoço, com arroz de estrugido de alho e omelete de espinafres a acompanhar. Copo de água da torneira, pão, maçã Gala para sobremesa.

quarta-feira, janeiro 11, 2012

lista mental durante o jantar...

Os meus 10 filmes pós-apocalipticos preferidos (+5 pretendentes)

Top ten

Mad Max – 1979/81/85 (trilogia)
The day after – 1983 (telefilme)
Terminator - 1984/91/03/09 (quadrilogia)
Waterworld - 1995
28 days later – 2002
Children of Man - 2006
I am legend - 2007
9 – 2009 (animação)
The Road - 2010
The book of Eli - 2010

Runners up

Future Boy Conan - 1978 (animação, serie TV, 26 episódios)
12 Monkeys - 1995
The postman - 1997
On the beach – 2000
Wall E - 2008 (animação)

Nota mental:

Parar de comprar cenas congeladas antes que a porta do frigo novo não feche!

terça-feira, janeiro 10, 2012

Condição urbana

Há uma dinâmica que se manifesta nas interacções entre as pessoas mas que por ser latente nem sempre é um recurso automaticamente solicitado, pelo contrário, é um apelo interior arbitrário.
Aquilo a que em anos recentes se tem chamado de inteligência emocional, com maior ou menor aplicação nas práticas correntes de gestão de recursos humanos, é na realidade muito mais uma incidência presente nas interacções pessoais do que necessariamente nas relações de grupos. Verdadeira habilidade pessoal inata, mais do que um fenomeno humano espontaneo, é daquelas coisas que ou se tem ou não se tem, e quando se tem, cultiva-se. Por outro lado, é algo que quando não se tem, é porque não se precisa, porque as habilidades interactivas natas são suficientes.
Muita da literatura existente em diferentes disciplinas, que aflora esta temática, tende a casa-la com outros recursos - artificiais também - potenciadores de sucesso na interação individual (inclusive quando o é face a um grupo, a uma plateia, a um colectivo de pares ou de superiores hierarquicos).
Apontando então o holofote para as relações individuais, estas tecnicas de sucesso interactivo, como seja a mais banal e artificial de todas - o reforço positivo - são também potenciadoras do capital de confiança (medida sem qualquer padrão quantificavel) que surja de início por defeito, em qualquer tipo de interacção, ou de relação, e no qual depois se vai ao mesmo tempo capitalizando e/ou delapidando, consoante a necessidade, face aos objectivos da interacção, ou aos propósitos da relação.
Assim, nas relações individuais, por muita bagagem que se carregue e por muita capacidade de discernimento com que se esteja equipado, acabamos por ser ao mesmo tempo manipuladores de reacções por interacção, e vítimas dos nossos próprios artifícios por condição, e isto simplesmente porque abdicamos de ser genuinamente naturais, ao mesmo tempo que retiramos a naturalidade aos demais.

domingo, janeiro 08, 2012

Pequenas coisas

Adoro entrar na cozinha e ouvir o murmurinho que faz o motor do meu novo frigorifico.

Any given Sunday

Lavar, esfregar, limpar, desinfectar, aspirar, estender, secar, recolher, dobrar, arrumar (e devolver), e depois Virago, passear, relaxar e ir ver o pôr-do-Sol à beira Mar
(por esta ordem)

sábado, janeiro 07, 2012

Nota Mental

Menos carne no guisado para não sair cozido à portuguesa

Produção Nacional

sexta-feira, janeiro 06, 2012

Grrrrrr....

Detesto querer encontrar um dos meus livros e não saber em que caixa é que o gajo está!

Com a cozinha quase arrumada...

A minha amiga de 20 anos ligou-me ao fim da tarde e desta vez eu atendi o telefone. Embora eu ainda tenha na mente a Primavera que ela me trouxe no Outono mas também o Novembro que ela me trouxe em Dezembro, acedi a tomar um chá cá em casa, sem compromisso, sem os stresses de outras edições e sobretudo sem água no bico! Lourosa fica a 30 minutos daqui, alguém lhe deu uma boleia e chegou quando eu ainda estava lavar a louça do jantar. Ajudou-me a apanhar a roupa seca do estendal que eu já tinha trazido do terraço antes que o orvalho da noite lhe caisse em cima (dobrou-me os boxers de uma forma assustadoramente familiar e eu lembrei-me imediatamente das palavras de uma outra amiga, e sorri por dentro como sorrio sempre para as palavras que essa amiga me diz). A última vez que a minha amiga de 20 anos cá esteve foi memorável, por mais do que um incidente; Começou a noite com uma cabeçada na parede por se ter atirado encarpada para cima da cama, e acabou a noite em soluços e desculpas por algo que deixou escapar na conversa de almofada e que eu dispensava saber a posteriori, ou que preferia ter sabido em preâmbulo (e nunca cheguei a escrever sobre esse assunto)... Adiante. Estive para lhe preparar a cadeira que a minha vizinha me emprestou (a do pratinho de sonhos e do arroz doce encruado) e esperar que a perna bamba da cadeira se soltasse quando ela se fosse a sentar, mas tive pena e apertei bem a perna da cadeira para depois não ter que limpar o chá entornado... Ela pergunta-me frequentemente porque é que eu vivo num apartamento sem mobília nenhuma, e eu respondo que é porque sou precário e que fiz um voto de pobreza e de castidade (cof cof). A verdade é que me divirto com ela, ela é de facto muito divertida e bem disposta, e o tal Novembro até passou despreocupado e ficou só a informação que me permite agora fazer a escolha de não escolher, por coerência, ética pessoal e princípio, algo que nos dias de hoje vale só o que vale... Contei-lhe sobre a minha amiga de 40 anos, de como ela mora longe e de como gosto de estar com ela e ela parece que gosta de estar comigo e estas palavras fazem um eco estridente na minha cabeça pela bagagem da inevitavel coincidência que ainda arrasto no meu percurso, argh... Apreciei a maturidade com que me ouviu sem torcer o nariz ou sem se colocar numa posição hostil, já não estava habituado a este tipo de reacções descentradas de si mesma.
Enquanto ela me contou como passou a quadra natalícia eu preparei um bule sem tampa com o último pacotinho de chá de Caramelo que servi num tabuleiro de plástico (é o que temos) com biscoitos paupério, bolachas maria, manteiga e doce de abóbora e marmelada da Mamã. Como chavenas usei duas das minhas canecas da coleção de canecas dos marillion (outra razão para não lhe armadilhar a cadeira) e aproveitei para usar o açucareiro com o açucar em cubos que trouxe de Nice. Desta vez não precisei de a convencer tirar o calçado da rua e a usar um dos pares de chinelos coloridos do IKEA que tenho para visítas, ficam-lhe a boiar.
Foi um serão diferente, tenho consciência que mesmo trabalhando 10 horas por dia passo muito tempo sozinho e no entanto gosto de ficar calado a ouvi-la falar sobre as coisas que os 20 anos lhe mostram a descobrir da vida, num delicioso e inteligente misto de experiências precoces e de ingenuidade inocente, para não falar do decote altamente pornografico de onde episódicamente me distraí apenas para comparar o efeito provocado em mim ao olhar para o também escandaloso par, copa DD, da Joana Amaral Dias, num debate político sem som que passava na RTPi.
Por volta das onze constatei que fiz muito bem em antecipar o chá para hoje e não para amanhã como foi inicialmente sugerido ao telefone, e ajudado pela desculpa de lhe mostrar o meu carro novo (Ah, é verdade, comprei um carro na semana passada, está muito frio para andar de mota) levei-a a casa da irmã, nas Fontainhas, do outro lado dos 3 quilometros quadrados desta enorme cidade-bidé. No regresso contemplei passar pelo barzinho, mas já se avizinhava a meia-noite e amanhã é dia de escola...

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Os cães ladram, e a caravana passa.

Ao olhar para a árvore de natal, pequena mas de elaborada decoração, que enfeita um dos lados da estante, pergunto-me se a natureza dos sentimentos colaterais que tive quando a enfeitei serão os mesmos amanhã, dia de Reis, quando a desmontar...?
Tenho andado a evitar fazer um balanço do ano que terminou, há algumas pertinências que transitaram de um ano para o outro, sem que eu o conseguisse evitar, e que me impedem de encerrar alguns assuntos, uns porque não fui eu que os provoquei, outros porque tenho evitado ter que ser eu a encerra-los de vez... Hoje ao fim do dia, depois das compras do mês que se passearam preguiçosas comigo antes de as vir para casa arrumar, passei por um barzinho aqui na vizinhança onde sou benvindo desde que lá tropecei no degrau (verídico, ía a escrever um SMS), e no meio de uma conversa entre amigos, regada com chá aromático e minis a 60 centimos, dei comigo introspectivo por um momento a contemplar alguns episódios do ano que passou...
Inacreditavel...
Se eu tivesses que escolher uma frase para descrever o meu ano, uma que ilustra de forma subliminar quem eu sou e de quem me rodeei, ouvi-a da boca de um agente da PSP que ma segredou ao ouvido, à saída da esquadra no início de Setembro:
"Olhe, se fosse minha mulher eu chegava a casa e fodia-lhe a tromba toda"
Foi este o ano que tive em 2011, uma fraca história para entediar os amigos, uma experiência sem qualquer valor acrescentado, uma vitória pírrica... Feliz ano novo.

quarta-feira, janeiro 04, 2012

Muay Thay

Perguntam-me se quero participar num torneio de veteranos de Boxe Tailandês... Numa primeira abordagem ao assunto, a minha vaidade debate-se com a memória de glórias passadas no ringue, ao mesmo tempo que a idade se debate com o bravado mal-direcionado, o mesmo que puxa por mim quotidianamente numa perpétua procura dos limites do corpo e da alma... Não, a idade não pesa, só a inércia desta vida que se apoderou de mim, e que é a única coisa que combato com first strike. Tudo o resto é reacção, deliberada ou instintiva, mas mera reacção.
Mesmo assim ólho para o six pack ao espelho e considero que ainda consigo encaixar um front-kick sem perder o fôlego, de qualquer forma tenho encaixado murros no estômago uns atrás dos outros e não verguei, pelo contrário!
Lembro-me que uma das últimas vezes que entrei num ringue tinha uma diferença de 2 digitos no primeiro algarismo da idade (ou seja há quase 20 anos), perdi por TKO com o nariz partido pela 3ª vez, ou aliás pela golfante hemorragia inerente à fractura. Torneio de veteranos...
Vocês são todos malucos, eu mal consigo fazer um rotativo sem me desiquilibrar quanto mais aguentar 12 rounds aos saltos e a cumprir regras. Obrigadinho, vou-me deixar estar com as potenciais zaragatas de rua e com os road rage attacks, e já tenho linhas para me coser.

terça-feira, janeiro 03, 2012

Da coerência interior

As expressões "velocidade de cruzeiro" e "piloto automatico" continuam a fazer todo o sentido.

domingo, janeiro 01, 2012

2012

I am the master of my fate
I am the captain of my soul


Nelson Mandela