Detesto quando me entretenho a emporcalhar o meu blog com posts sobre política... sei que não o devia fazer, não é de todo a minha temática de eleição. Faço-o não mais do que como uma forma de aludir aos fait-divers da actualidade, a uns mais que outros. Sou de Esquerda, sou Democrata, sou Republicano, sou sobretudo patriota, e sou minimamente instruido... o que faz de mim alguém capaz de deixar escapar um ou outro comentário sobre a actualidade, porque a acompanho e me interesso, e sou por natureza um gajo opinativo...
Hmmm...
- Eu gostava que fosse assim tão simples, mas não é.
A realidade é que quando dou comigo a desabafar com recurso a adjectivização, seja sobre a actualidade política ou sobre outra actualidade qualquer, é porque estou mesmo a entrar naquela fase pré tornar-me num sniper, e correr o risco de extrapolar da caneta para a baioneta. ...Curioso, julgava que o fenomeno do meu blog funcionar como uma espécie de colete-à-prova-de-balas dos outros só se aplicava em situações de foro pessoal... É nessas alturas, quando o desabafo emana da indignação e porventura da eminência da revolta, que eu pouso o jornal, salto os canais de notícias, e renovo as playlists dos meus diversos dispositivos de ouvir música, aumentando o volume do som, e mudo o meu visual emocional, vitamino-o, e assim condiciono o meu lado mental, engano-me, iludo-me, e acalmo-me.
Apetecia-me agora por exemplo escrever sobre como este tempo de chuva e vento me convida a ir passear à beira Mar, de como o Mar está tão longe... e sobre como o periodo da Páscoa o costumo passar por excelência e tradição numa aldeia escondida em Trás-os-Montes. Podia escrever sobre os sapatos que vi ontem numa montra e que penso ir lá busca-los hoje - mas já há tantos blogs a escrever sobre pipocas - ou podia escrever sobre como aparei algumas zonas de pilosidade antes do duche e deixei outras zonas para depois do duche... O Yogurth Greggo deixou-me constrangido com os meus quase 90 Kgs, e lembrei-me como há 15 kilos atrás era fumador e desportista, e hoje não fumo nem faço desporto, não mais do que intensa actividade física noturna que promove quotidianamente as folgas e os rangidos das juntas do estrado da cama. Tudo isto se passa enquanto a bicicleta (e a mota) ganha pó na garagem.
Entretanto o download está completo e o album já está no cartão de memória.
Vou circular.
Depois de ver Cavaco Silva ser eleito Presidente da República, já nada me surpreende em Portugal.
...e agora José Sócrates na RTP. Muito se fala, se calunia e se insulta, tudo e todos e o próprio em particular e com acentuado desdém... Ai que Deus que vai falar na RTP o Ex-PM, para muitos - amnésicos ou intelectualmente tísicos - a personificação de todos os males do país, e agora vai falar na RTP, o malvado... e banalizam-se assim petições, exigem-se demissões, incita-se ao boicote ao canal em questão e às marcas patrocinadoras num verdadeiro festival de fundamentalismos sem fundamento ideológico palpável que o justifique, não mais do que um ataque de burrice e desresponsabilização colectiva, digno de um linchamento à moda antiga mas feito à medida dos formatos modernos, a ladrar de longe, na internet.
Eu não simpatizo particularmente com o figurino do Engº Socrates, mas pessoalmente, nesta altura do campeonato, tenho todo o interesse em ver e ouvir o que o homem tem a dizer, quero ouvi-lo justamente para depois me continuar a sentir legitimado para continuar a opinar.
Quero ouvir para não fazer como o BE e o PCP, que por não terem sequer querido parlamentar com a Troika por altura das negociações do memorando (Para quem não se lembra, foi aquela situação que aconteceu na sequência do chumbo do PEC IV pelo PSD/CDS, que depois precipitou o país para uma crise política, para um pedido de regaste económico, e para a eleição do pior governo dos últimos 40 anos). Ora se bem se lembram as pessoas, na altura o BE e o PCP, por terem escolhido "mudar de canal" e abnegar direitos fundamentais da democracia e do funcionamento do aparelho de Estado e da República, tornaram-se assim como uma espécie de "comentadores de bancada", alguém a quem se tem alguma dificuldade em levar a sério...
É nisso que se tornarão seguramente os iluminados agora tornados indignados contra a Grândola e a favor da Liberdade de Expressão (do Miguel Relvas), os defensores do serviço público de televisão... Que é a mesma televisão que é tutelada pelo eticamente incólume Ministro Miguel Relvas, e cuja a contribuição audiovisual que todos pagamos acresce na factura de uma das empresas Flagship da economia Nacional, que foi entretanto vendida (nem PPP, nem parceria nem Golden Share nem sequer opção de re-compra) a capitais estrangeiros, e sob a tutela do mesmo Ministro Miguel Relvas, deste Governo PSD/CDS.
Por isto, e porque não gosto de caças às bruxas orquestradas, quero mesmo ver e ouvir o Sócrates hoje na RTP, e depois de ele tentar lavar a cara - se o conseguir fazer - no que será afinal o seu primeiro direito de contraditório (basta ler nos jornais de hoje as verdadeiras pérolas e hollywoodescas teorias de conspiração de alguns intelectualoides profissionais), quero também ouvir o anunciado espaço semanal de comentário da actualidade. Quem sabe, orador nato que é, Sócrates possa vir ser também um bom Spin Doctor das trapalhadas do PS, tal como é o Marcelo, na sua primária função de comentador: fazer o Spin das trapalhadas do Governo PSD/CDS.
Assim de repente, ao fim de mais um dia que ainda não chegou ao fim realmente, umas palavras cardiográficas, telegráficas, apenas um registo do que na alma me pesa, as palavras que não escrevo, há tanto tempo, há tanto tempo... Liberto assim o lastro, parco e contido, e contudo, largo-o assim, sem nexo, desenquadrado, completamente desalinhado, como um exilado, estranho estrangeiro desencontrado, lastro pesado, saco cheio, memória sanada, lobotomizada, barreira erguida, protegida, viver a vida.
...e enquanto lá fora o dia espera por mim, cá dentro, preparo-me assim, olhos em fogo e cornos em pontas, os dentes cerrados, de costas arqueadas, em bicos-de-pé, pronto para o golpe de cauda, prestes a espetar a ferroada, com a lingua afiada, de faca na mão, para um duelo de pistolas.
...e por quanto a tosse me fere a garganta, evito falar para não tossir. Sinto o delírio da febre a distorcer-me a visão e a percepção enquanto deixo escorrer suores frios que me arrepiam as costas e levantam os cabelos do meu pescoço como numa ovação em pé para saudar o espirro seguinte. O cérebro, entupido em anagésicos e antipiréticos transmite ao corpo dorido uma falsa sensação de bem estar metafisico onde o gôrro se torna numa protese biomecânica que me envolve o craneo, e o pingo no nariz, que os lenços de papel deixam em carne viva, tornou-se numa qualquer forma de estigmata de muco. Estou doente... Coisa rara, lembro-me da última vez em 2007 e da vez antes dessa em 98. É de facto raro ficar doente... há que aproveitar para explorar todos os efeitos novos e exoticos que a febre me provoca.
Eu hoje sou quem tu és, sou a antítese de ti, sou feliz e não sou, sou o positivo do teu negativo, sou escrita à pressa e tempestade, sou a idade e a saudade, sou amigo e sou amante, sou escaldante, sou meu e sou teu e sou de quem nos agarrar, sou vontade de amar. Hoje sou valente, sempre em frente, sou conquistador, sou uma força invisível, indivisível, sou o teu prazer, sou lágrima que te escorre pela face e sou tudo e sou ninguém. Hoje sou só eu, sou Francisco, sou de ouro e de marfim, sou a tua consciência, a almofada que te ampara a queda, sou e quero ser, sou valente, sou diferente, e quero ser, quero poder, quero explodir e levar tudo à frente, que hoje sou gente, sou homem, pecador, sou herege e matador. Hoje sou o desafio do céu e do inferno, sou terno, sou muito terno, sou o campeão.
Hoje sou a madrugada, sou o orvalho da manhã, sou a dentada na maçã, sou cavaleiro errante, sou o teu cheiro, sou hoje e sou amanhã, sou a tua vingança, sou uma lança, sou um grito ao infinito, sou amor maior que o próprio grito, porque hoje sou eu, e sou tu...
Sou a proeza da poesia em prosa.
Sempre me senti culpado pelos meus downloads de música... Particularmente se se tratar de bandas independentes que dependem da venda dos CDs ou de Downloads pagantes para sobreviverem... Gradualmente deixei de comprar CDs originais, o orçamento deixou de dar para isso já há bastante tempo. Por outro lado, há de facto um certo je ne sais quoi em "sacar" uns FLACs bem esgalhados e grava-los em CD com melhor qualidade do que a qualidade dos CDs originais. Neste momento a sacar "Echo Street" dos Amplifier, muito aguardado, Rock progressivo do melhor, sonoridade tipo Epic Space Rock (very indie, very trendy).
Sinto-me culpado, mas não tanto...
Faz-me muita impressão as pessoas que não são capazes de assumir as suas responsabilidades (leia-se: as suas culpas) quando as coisas dão para o torto... Custa-me mais ainda ter que lidar com pessoas assim. Passar metade dos meus dias rodeado de pessoas com essas caracteristicas é assim como ter que andar sempre em alerta, porque a qualquer momento alguém vai querer sacudir a água do seu capote e atirar com as culpas para o lado, é cansativo e saturante. Por vezes como consequência passa-se o resto do dia nesse estado de alerta, e acaba-se por se condicionar o normal curso das interacções. Não sei durante quanto mais tempo vou conseguir ser imune, mas sei que quando deixar de ser - para variar - não vou partir a louça toda, vou antes conseguir com que não vá tudo à frente...
O que pensar de um Presidente da Republica que - no presente, com o país no estado em que está e face à realidade política, economica e social - se refere a si próprio na 3ª pessoa?
-Grande inútil!
Disse eu a respeito de um tema discutido em Assembleia Municipal e em Reunião de Câmara, aqui na cidade onde vivo.
(...) A iniciativa da privatização, parcial ou total, de um serviço dito público, tem como consequência directa e implicita o aumento do custo desse serviço para o utilizador, porque capitais privados regem-se pela maximização do lucro em detrimento da qualidade do serviço, isto é do mais básico bê-á-bá de gestão. Nega-lo ou tentar camufla-lo de outra coisa qualquer é passar-se a si próprio - e a quem em si votou - um atestado de coisa pouco prestigiante. (...)
Fez-me lembrar um artigo de opinião que escrevi para num Jornal sobre essa mesma matéria, mas antes do mal estar feito, noutra cidade onde também vivi.
A parte que pretendo destacar é que numa Cidade foi uma Edilidade do PS que avançou com a PPP e noutra foi uma Edilidade do PSD.
As moscas são as mesmas, o cheiro é que é diferente.
Em 3 minutos que me restam aqui antes de voltar para ali, constatar que as capas vermelhas dos jornais de hoje são uma mega manobra publicitária, que a fulana que se senta na mesa ao meu lado faz bolinhas com as migalhas de pastel que apanha da saia, que a chuva não assusta a minha gabardine e que o dia de hoje é a viagem entre o dia de ontem e o de amanhã.
Este é o meu Padrinho Francisco Fanhais (2º a contar da direita ao lado do Carlos Mendes), no Terreiro do Paço na Manifestação de 2 de Março de 2013, a cantar a "Grandola Vila Morena", 42 anos depois de a ter cantado com o Zeca Afonso quando a foram gravar em disco, a Paris, em 1971. O meu Padrinho, que era Padre, opunha-se ao regime Salazarista. Foi perseguido pela PIDE, esteve preso, foi torturado e foi enfim forçado ao exilio durante uma série de anos. Nunca deixou de lutar pela liberdade, pela democracia e por Portugal. - Obrigado Chico!
Localização: Nascido em Lisboa com uma costela transmontana e sete costelas do Porto. Criado na Costa do Sol, educado no estrangeiro e após ter reconquistado a minha cidade, vou conquistar outras paragens...
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