sábado, abril 28, 2012

Onde a estrada me levar

O Sol espanta as nuvens que se afastam do Sol, assim, numa dança sem fim, no céu que se estende no horizonte, bandeira no alto de um monte. A estrada chama por mim, sinto que sim, uma mota preta e cromada, cavalo alado na estrada, asas de desejo inspirado, no peito entalado, ensejo que a estrada liberta assim, com o vento na cara. Estrada que chama por mim, do princípio até ao fim.

sexta-feira, abril 27, 2012

Febril em Abril

Enquanto lá fora a chuva lava as pedras desta cidade, cá dentro, celebra-se a liberdade. Ambiente molhado na rua, clima tórrido em casa, chuva que cada um chama sua, e liberdade em cada asa. Não tenho porque arrumar os cotos de velas espalhados por toda a parte, nas prateleiras, na mesa, no corredor, como uma arte... O silêncio desprende a minha atenção do aroma que ela deixou na cama. Na rua não se ouvem comoções de celebração, nem corpos na lama, nem há cravos no chão, que a liberdade passou perto, mas não a souberam aproveitar, perdeu-se a céu aberto, deixou-se dissipar, revolução desperdiçada, trocada por nada... Perco-me em sentimentos que em nada ligam entre si, como se o dia de hoje - como ontem - não fosse mais do que um meio de chegar até amanhã, dia que ainda não vi. Mudei a roupa da cama, troquei-lhe a cor e tirei-lhe o odor, mas guardei na memória o cheiro e o sabor. Sei que Abril é hoje, mas está tão longe, que o hábito que não faz o monge. Perderam-se de vista os cravos nos canos das armas e os abraços na rua, sentimentos em chamas. Perderam-se os sorrisos das fotografias de sépia, agora falsos, mostram cifrões e palavrões, e choram nas almas vendidas em spreads e acções. Trocam-se cravos por arroz, que o povo aguenta, este povo, aguenta tudo... Luto sem saber contra quê, luto por mim, inspiro sem saber o quê, com as palavras que escrevo sem saber porquê, e que me alimentam pela boca de quem as lê. Percorrem a minha mente pensamentos de rebelião, ordem instaurada na qual não me revejo, não seria nova revolução, apenas algo que não seja nada, um desejo, na cama onde ainda estivesse deitada, a liberdade de não ter que dizer nada, tocar na pele transpirada, direito de voto privado, equidade universal… O dia já vai alto, abril em sobressalto, amarrado ao capital. Eu sou o homem do leme, aquele que nada teme, guardo a liberdade de escolher ao que me deixar prender, porque estou em queda livre sem saber onde vou cair, preso a uma vontade de sorrir que mesmo que componha em palavras, não vai parar a chuva de chover nem a roubar-me a liberdade de escolher o que escrever. Abril fez deste povo uma cambada de amnésicos. Passa um dia e outro e mais um, e o tempo faz cinza da brasa, e eu perco-me em casa, na dor de garganta que sobra das viagens à Santa, no sabor a morangos pela manhã em que ao acordar não sinto que me envenenam a alma com uma maçã. Morangos vivos de cor, palavra que a rima com... sabor. Abril águas mil, no Norte ou no Estoril, lavar a alma que me acalma, despojos de guerra nesta terra, longe da praia e longe da serra, que o tempo tudo cura, que a vida é dura, cansa-me a idade, liberta a febre que me aquece assoberbado na realidade... porque outra maré cheia virá da maré vaza. -Viva a Liberdade.

sábado, abril 21, 2012

In dubio pro reo

Acho que sou daquelas pessoas que teve uma infância enriquecida por muitas e diversas vivências. Posso até dizer que me lembro de muitos dos episódios, mais ou menos marcantes, da minha infância… Contudo, segundo parece e a psicologia confirma, a memória de criança esvai-se conforme os anos vão passando, como se o cérebro fizesse uma gestão de espaço de memória ao acomodar as memórias mais recentes, relegando as mais antigas para o lado intangível da mente, ou algo assim… De facto, há muitos momentos da minha infância que eu sei que vivi, mas de que já não me lembro muito bem, não mais do que fazer uma construção mental dos mesmos apenas por ter conhecimento que esses momentos existiram, mas sem realmente ter memória dos mesmos. Talvez o ponto fulcral da importância de alguns desses momentos esteja tão-somente na intensidade que tiveram, e consequentemente na repercussão que essa intensidade transportou para a minha vida futura, e é esse fenómeno que me mantém por ventura a memória viva. Assim de repente, para o efeito do que quero escrever, um conjunto de episódios de que me lembro particularmente bem foi de aprender a jogar Xadrez com o meu Pai, tinha para aí os meus 7 ou 8 anos, na mesa da sala, depois de fazer os trabalhos de casa e de jantar, naquele período de tempo que sempre me pareceu tortuosamente breve, entre o momento de ver o “chico-escuro” na RTP a preto-e-branco (O equivalente ao “Vitinho”, a cores, para quem nasceu nos anos 80) e o momento em que a minha Mãe começava a refilar com o meu Pai por ser hora de eu ir para a cama. Desses breves momentos a aprender a jogar Xadrez - não sei se o meu Pai alguma vez se apercebeu disto – para além de ter aprendido a jogar razoavelmente bem, sobraram-me sobretudo valiosas lições, ferramentas que trago na bagagem, como se jogar Xadrez fosse um treino complementar, uma espécie de lições para lidar com a vida. Dessa forma, por aplicação dos mesmos processos mentais que ocorrem ao desenvolver estratégias de jogo de Xadrez, extrapolei para o processo de desenvolvimento de mecanismos idênticos para interagir convenientemente com pessoas, e com instituições, e da mesma forma ser capaz de planear e antecipar, estar preparado, avaliar património e activos incorpóreos (os próprios e sobretudo os do adversário), não subestimar nem sobrevalorizar, saber defender, mas também atacar, se necessário for, e espetar a faca no soft spot, congeminar, conjecturar, concluir, analisar, e cercar, persistir, não desistir, saber sacrificar, escolher, optar, experimentar, ponderar, e decidir, enfim, com mais ou menos experiência, com melhores ou piores resultados, avançar em frente, saber ganhar com nobreza e elegância, e também saber perder, e nesse caso fazê-lo com dignidade.
Muitos anos passaram, muitos episódios, muitos jogos de Xadrez, o meu Pai já morreu há mais de 20 anos, enfim, muita água passou por baixo da ponte, e as lições do Xadrez mantiveram-se, como um farol na escuridão, em todas as suas formas. Porque a lição principal é que a água passa, mas a ponte persiste.
Recentemente (ou nem, por isso), fruto de uma contingência da vida - situação a que tenho aludido subliminarmente nas palavras que aqui tenho escrito no último ano - vi-me envolvido num relativamente complicado tabuleiro de Xadrez que fui forçado jogar, e embora nunca tenha feito disso segredo, a tal parte de ganhar com elegância obrigou-me a ser discreto, enfim, discreto q.b., até porque não foi nada que no seu decorrer tivesse merecido mais do que breves alusões que escrevi aqui, ou ali, ou acoli, ou acolá ...e chamar-lhe “tabuleiro de Xadrez” é a mãe de todas as metáforas… Acho que é porque também fui praticante de boxe durante vários anos (tive de facto uma infância e uma adolescência muito ricas e variadas) que consegui encaixar todos os murros no estômago sem explodir, sem me tornar selvagem, consegui desferir os golpes necessários para manter equilibrado o painel de pontuação, e manter a distância segura, mais do que para me proteger, para proteger os outros, protege-los de mim, ah pois é! Manter firme a velha história de não perder de vista a minha integridade moral, mesmo quando quem me rodeia nem sabe sequer o que isso quer dizer... Fazê-lo contudo ao mesmo tempo que travava uma batalha muito maior: Uma batalha com a minha consciência, uma batalha que perdi, porque contrariando as minhas mais profundas convicções, vi-me obrigado a atacar apenas para me conseguir defender.
-Filhos da puta por me forçarem a esta posição!
É justamente aqui que entra a herança do Xadrez. Começa na visão periférica essencial para conseguir combater simultaneamente em várias frentes, depois passa pelo desprendimento necessário a uma avaliação séria de riscos, e vai culminar no imperativo de tomar a iniciativa matematicamente mais equilibrada, mesmo que isso implique um certo custo pessoal… Pois, eu não travo só uma batalha de cada vez, não sei o que é viver fechado numa zona de conforto, estar preso a ilusões ou viver constrangido por falso medos – não, eu sou natural, sempre fui, igual a mim mesmo, genuíno, ciente das minhas fragilidades para potenciar as minhas forças, magnânimo, ou nem sempre – admito-o, sou sobretudo realista, sem ser grave nem agudo, mantenho-me objectivo, e se conseguir, tento ter uma visão optimista da vida.
Assim, essa tal história recente (estará a fazer 1 ano por agora, time flyes when you’re having fun) ficou resolvida, ou pelo menos a parte importante… Empate técnico, vitória pírrica, whatever, viva o desporto. Ficou resolvido, um bocado ao pontapé, mas resolvido...
…e já posso permitir-me falar disso a meu bel-prazer.
Corria o início de mês de Setembro de 2011. Sentado numa esplanada contemplava um Verão de extremos emocionais, entre assistir aos espetáculos do estrogénio libidinoso e da testosterona juvenil masturbada em corpo alheio pela calada de noites de ilusão passadas fora de casa, e às luxurias a que deram lugar por oposição dentro casa… Ora, ora… A esplanada, perdida no fundo de um parque urbano tinha-se tornado, no rescaldo, no meu refugio de fim de tarde, que a luxuria nem sempre chama por mim. Esse Verão foi um período, lembro-me, fértil em exercícios de paciência mental e em erguer de colossais muralhas emocionais… a minha separação da Trapalhícia estava cada vez mais consolidada e legitimada de parte-a-parte. “Já naveguei antes nestas águas” dizia-me a mim próprio com a mesma frequência com que os fait-divers atiçavam os meus instintos de retaliação e me empurravam a descer ainda mais degraus do que nos 2 anos anteriores… Mas não, tudo controlado, é verdade que tive um momento de explosão, mesmo que inócuo, porque quando o ultraje ultrapassa todos os limites, o Homem torna-se num animal… um momento de explosão verbal, e chegou-me para colocar a mão na consciência. Aprende-se a controlar os fígados quando a perspectiva da dor e do sangue dos outros nos começa a toldar a visão… Sobretudo tratando-se de alguém de quem se gosta, e que se aprecia, e o carinho nunca pode dar lugar ao sentimento de pena, apenas dá lugar ao apego emocional da compaixão (não me peçam para explicar a diferença).
Bom, e porque “o que um não quer dois não fazem” não é só uma frase gira que eu digo, mas é algo em que acredito e que sei que corta para os dois lados, a relação estava terminada, e se eu agora fosse escrever sobre esta matéria e relatar todas as desocorrências e as suas arrastadas interferências que conduziram a essa separação… ficava aqui a tarde toda, e a tinta ia fazer-se de fel, e a meio da história sei que não conseguiria travar o que travei muito tempo, e ia seguramente arrancar na minha mota estrada fora até chegar ali aos arredores da Capital, fazer uma espera, cobrar juros… história tantas vezes repetida… Não, nada disso, não o fiz durante mais de 2 anos, não o fiz no último ano, não o vou fazer, ainda não… O gozo não está no sucedâneo do efémero, o gozo não está em dar xeque, o gozo está no construir da jogada, está em premeditar… Happyness is not at the end of the road, happyness is the road!
Eu gosto de servir pratos frios!
Adiante. Setembro então. Tirando um ou outro dissabor de exposição a leviandade alheia, a minha perspectiva de futuro voltava a conseguir desenhar-se como um imperativo a disfarçar o tempo perdido (ie; investido, que é para não estar a cuspir para o ar)… Restava apenas esperar pelo dissipar de alguns aspectos práticos ligados à passagem do calendário, e tudo se resolveria – com um desfecho oposto ao que se veio a produzir – sabia-o, porque eu só tenho uma palavra, e quem não sabe isto depois de morar e conviver mais de 2 anos comigo, ou é burro, ou é provinciano, ou as duas coisas! - O fim de Setembro estava à porta, parvalhões, sim, no plural, porque há trapalhadas que só mesmo com várias pessoas a contribuir é que chegam ao descalabro da idiotice.
Enfim, nesse dia o Verão tardio trazia o calor do dia até ao início da noite, e bastava-me o meu Note Book, uns headphones e um café para intervalar entre o martelar do teclado e os cigarros tossidos à porta do ginásio (pois, ao fim de mais de 2 anos recomeçara a fumar, em Agosto)… Sentado então na esplanada do jardim, o nome que apareceu no visor do telemóvel pousado em modo de vibrar na mesa surpreendeu-me, pela positiva (És tão tenrinho, Francisco) e alegrou-me a ponto de aceder ao convite para ir conversar sobre não-sei-o-quê que nem percebi o que pudesse ser de tão importante. Contudo, a negociação do local, neutro que fosse, foi caprichosa demais – já estava desabituado desses caprichos – o que combinado com o histórico recente fez com que algo em mim suspeitasse de mais uma manobra matreira, vindo de onde vinha… Mas ainda me surpreendia, ou nem por isso. Tenrinho mas não tanto, e caiu-me a moeda, apercebi-me imediatamente do que me esperava. Vesti o modo guerreiro como quem carrega uma cruz e dirigi-me ao local combinado, e o que me foi proposto surgiu em formato mesclado de ultimato com ameaça e chantagem (aqui entra a parte onde os detalhes não trazem valor acrescentado à história, não abonam nem a meu favor nem abonam a favor da protagonista, e por isso, , porque a frase do polícia à porta da esquadra nessa mesma noite diz tudo o que há para dizer sobre esta matéria). Ouvi então aquela elaborada explicação, meio em alerta e meio pasmado, com um cigarro numa mão e uma Macieira na outra… Atónito, não descreve bem a minha reacção, sereno é o mais parecido, e disse apenas uma frase para registo: “-Isso é uma declaração de guerra”, e com pouco mais do que isto dito a conversa terminou e eu, em estado de alerta, deixei-me guiar pelo sangue frio arruaceiro e pelo natural calculismo de… jogador de Xadrez, e um plano desenhou-se, em piloto automático, não um plano de ataque, mas de retaliação defensiva, controlar danos para mim e - pasme-se – controlar danos que viessem a resultar para ela (não sei ser inconsequente).
Nesse mesmo momento, na minha cabeça, celebrei uma inesperada primeira vitória pessoal: Não me tornei selvagem à imagem do meu agressor (por falta de palavra melhor), nem falso, e muito menos cobarde como quem lhe puxa os cordelinhos, ou sem espinha dorsal como quem atraiçoa a confiança e depois ladra de longe... Enfim, condescende-se. É certo que já me tinha vingado por antecipação (não sei se alguma vez vou contar isto a alguém). Mas aquilo era demais, uma agressão gratuita e traiçoeira, e sobretudo desnecessária, um actus bellum sem qualquer sentido ou provocação que o justificasse. As pessoas vivem presas a medos invisíveis, já o disse antes… Lembro-me que tive um sentimento de pena que não compreendi porque o estava a sentir, mas também passou-me depressa… Afinal, a paz que conquistara à beira Tejo, em Agosto – a custo de um grande vinco no orgulho - explodiu-me na cara. Não pedi para jogar aquele jogo, não queria joga-lo… Desprovido de peões, sem confiança nos bispos, com os cavalos cansados e as torres a desmoronar… de qualquer forma já há muitos meses que jogava sem Rainha, muito tempo com os olhos tapados… Restava-me o Rei, que só anda uma casa de cada vez, mas é a peça mais importante do tabuleiro, à minha frente, à minha volta, em mim… não tive escolha senão jogar, com várias frentes de batalha - A fonte de interferência já estava longe, batalha adiada. Concentrei-me no imperativo do imediato, nos peões, em dar umas lições de civismo e humanidade. Depois da conversa, nessa noite, li o Código de Processo Civil de ponta a ponta (passados uns dias li também algumas passagens pertinentes do Código de Processo Penal). Ia ter que entrar naquela guerra sozinho, nada de novo… Contactei um advogado de minha confiança, em Lisboa, que me apontou algumas soluções… Mas não era uma solução que eu queria, aquilo já não tinha solução e eu fui atacado, o meu nome enxovalhado, caluniado e falsamente acusado (como é que se perdoa uma coisa destas? Talvez equilibrando a pontuação…)
Lição Nº 1: Nunca substimar alguém que já não tem nada a perder.
Impunha-se uma forma de retaliação. Compus a Procuração Forense que conferia direitos de representação legal ao meu Advogado, assinei-a e dei-lhe despacho, mas ficou claro que a estratégia seria eu a delinear em troca de uma avença mensal, mais despesas. Eram 6h da manhã quando lhe liguei com a estratégia. Agora era gerir o tempo para enquadrar as manobras nos prazos legais. Durante a semana que se seguiu - porque conheço a pessoa - a sua vergonha fez com que eu passasse a ter a casa só para mim. Vesti o modo de falsidade (quando se convive tempo suficiente com as pessoas começa-se a saber adoptar os seus próprios comportamentos), tudo na boa, paz aparente, fazer ar de tótó… até à data combinada.
Uma Providência Cautelar, caríssima que tenha sido, serviu para lhe(s) abrir a pestana, qu’isto não é pôr e dispor ao sabor das modas e das vontades descomprometidas, não é chegar atar e pôr ao fumeiro, usar as pessoas e depois empurra-las para baixo quando já estão de joelhos, isso não se faz, eu não o faço a ninguém, não mo façam a mim, é natural que eu reaja.
Lição Nº 2: Para quem liga mais a dinheiro que às pessoas, é inflacionar-lhe o preço da paz.
Passo seguinte, fazer render o peixe, negociações de assuntos pessoais delegadas em estranhos a troco (no meu caso) de muito mais dinheiro do que o resultado pudesse trazer… Que nunca foi esse o meu objectivo, e pensar-se isso de mim, ao fim de tanto tempo a fundir-se no meu corpo, mais do que a minha incontrolável tristeza, acaba por avivar o meu desprezo. O tempo foi passando, a espaços foi complicado gerir o trabalho com esta merda toda, marcar passo ou acelerar para gerir tempos e documentos e depoimentos e provas, fazer por não ficar para trás nem por avançar demais, manter apenas o score empatado… O meu Advogado acabou por me acusar de lhe esconder algumas provas e ameaçou despedir-me… - Pasme-se - o que eventualmente acabou por acontecer mais tarde, que ele não estava ali para perder. Pois, mas eu também não estava ali para ganhar, nada de tangível em todo o caso. Eventualmente, Too cut a long story short, lá se chegou a um consenso, permiti-o ao fim de 2 ou 3 meses, já não me estava a dar gozo torcer a faca. A coisa resolveu-se num Domingo pelo meio de berros e desconfianças e gente burra em minha casa, e muita condescendência da minha parte… e no próprio dia dei para caridade os cacarecos e mobílias que reclamei para mim. Empatei essa parte do jogo, e mantive a minha moral imaculada.
Lição Nº 3: A inconsequência e a leviandade pagam-se caras, e eu cobro!
Resolvida a parte de foro civil, restava a parte de foro penal. Mais séria, potencialmente mais prejudicial, para ambos os lados, mas mais fácil de manipular e conduzir, e de manter o score equilibrado também. Duma análise aos meus meses de Verão e ao ambiente doméstico com que me vi presenteado surge uma contra-queixa, substanciada. Para vítima falsa, vítima e meia, e para arguido falso, arguida e meia. Não fui eu que atirei a primeira pedra.
Lição Nº4: A lei de Talião não é um mito, é uma realidade. -Karma is a bitch!
Despedido pelo meu anterior Advogado, a minha nova Advogada, pessoa local da cidade onde moro, compreendeu perfeitamente as minhas intenções e a gestão que fiz das provas da queixa de modo a conduzir o processo a um desfecho equilibrado, e nitidamente concordou com a minha estratégia para neutralizar o ataque de que tinha sido vitima (Sim, vítima), deixou-me gerir as provas de forma a não provocar dano irreparável em quem eu sempre desejei o bem (insisto que foi uma batalha enorme com a minha consciência por ter noção que estava de algum modo condicionado a infligir o mal como forma de me defender). Conduzido o processo, e concluídos os autos, até podia ter sido eu a redigir a sentença, pois algumas passagens da mesma são perfeitos “copy/paste” de correspondências com jovem estagiário do Min. Pub. responsável pela redação do documento.

É que a expressão é minha: “in dubio pro reo”, you fuckin' idiots!

Xeque-mate

quinta-feira, abril 19, 2012

Catadupa

Assim de repente, têm sido dias repletos de cenas e coisas e tal, a vida renova-se a cada novo nascer do Sol dando lugar a um ciclo de acontecimentos encadeados que a razão deixou de tentar compreender, quanto mais tentar alterar... Navega-se á vista, um dia de dada vez, saltitando de pedra em pedra por entre as gotas da chuva - ácida - que molha o corpo e lava a alma. Mantém-se a calma. 3 posts por acabar de escrever, um plano estratégico de internacionalização para esgalhar de hoje para amanhã, uma luz na escuridão, uma vela acesa que arde dos dois lados, escrevo os meus fados, levanto a fasquia um pouco mais a cada dia...

sábado, abril 14, 2012

81

-Parabéns Mamã!

sexta-feira, abril 13, 2012

Sexta 13

Dodging bullets, baby!

sexta-feira, abril 06, 2012

Southbound trilogy - parte II

Parecia-lhe que a semana desfilara num ápice desde segunda-feira até à véspera do feriado. Sentia-se embriagado com a vitória do Sporting e com a perspectiva da Páscoa, não pela efeméride, que ele até se autoproclamava ateu, mas pelos dias despreocupados que tinha pela frente. Naquele momento a madrugada já ia alta, depois da queca mal dada e de ela, escadeirada, deixar esvanecer o corpo de criança, adormecido enrolado na beira da cama, ele deu consigo parado no meio da sala a contemplar o escuro que a noite mostrava entre a sua janela suja e a fachada mal iluminada do prédio oposto ao seu, onde um correr de carros estacionados em espinha lhe enganavam os sentidos e mostravam uma qualquer paisagem que amargurava não ter ali, nos subúrbios da cidade.
A insónia, crónica, era congénita – dizia ele a si próprio – e resignava-se a essa condição lendo prefácios e sinopses que lhe permitiriam depois dar ideia de ter lido livros inteiros, numa falácia inocente em género de construção de imagem falsa de si, ferramenta que tinha trazido desde a adolescência e da qual a sua baixa auto-estima dificilmente iria conseguir sair. Vivia assim, escorado em semi-sucessos, numa meia verdade de si mesmo, e sabia-o.
Pegou no iPad em modo de stand by e deslizou os dedos no escuro do ecrã... Havia algo na sua mente que há meses tilintava, como uma pequena luz de presença, um alerta, que mesmo que desvalorizasse pela distância, fazia-o olhar por cima do ombro de vez em quando... ainda não estava recomposto de ter sido desmascarado, e de não ter contudo sido exposto por isso, não compreendia que isso não tivesse acontecido. Olhar por cima do ombro, mais do que o seu natural receio do desconhecido, era forma de aguardar pelo que interiorizara já ser uma inevitabilidade, mais tarde ou mais cedo iria ter que lidar com consequências, afligia-o não saber quando isso poderia acontecer, ou em que formato... quando é que o passado lhe viria bater à porta?
A distância, ficara bem demonstrado, é relativa, e ele cada vez mais tem algo a perder... tudo aquilo mais a mensagem que rasgara o momento horas antes, que nem era para ele, lembrara-lhe que não estava seguro, nunca iria estar, e isso só por si já era suficiente para lhe legitimar a insónia.
De tablet na mão, sentia-se protegido e incógnito, escondido na característica etérea da ligação sem-fios do aparelho. Abriu o separador tantas vezes actualizado do motor de pesquisa e os seus dedos tactearam aquelas 3 palavras sem espaços. Escolheu o primeiro link da lista no gesto mecânico e leu excertos na diagonal, como se as palavras lhe fossem escapar, sem se aperceber que enquanto lia, os dedos da mão lhe acariciavam o contorno irregular dos dentes...

quarta-feira, abril 04, 2012

Hey Ace, ever had a pissed off biker on your ass?

Pois, visto ao longe isto até parece que anda meio parado, ou talvez não, apenas está aparentemente parado. Na realidade está acelerado e cada vez mais em velocidade de cruzeiro, tal como eu quero, como tem que ser, com os trunfos todos na manga.
Uma nota apenas para dizer que a exposição está a correr bem (prolongou-se pelo mês de Abril), e adivinha-se qui ça algo de mais concreto para breve, talvez com capa dura.
De resto o "proximo post" não está esquecido. Está só a marinar, a meio escrito e a meio por escrever...