The bigger picture is outside the box!
Fragmento de 1994
(...) “Estas gajas são atrevidas” pensei para mim enquanto escondia uma expressão envergonhada com outra passa no cigarro. A Hilary fez-me uma festa no ombro e sorriu-me com um levantar de sobrolho de como quem é cúmplice de alguma coisa. Sorri também e continuamos a andar. Na minha mente contrastei aquele momento com a situação umas horas antes, ao pé do telefone. Aquilo tinha sido o pico mais baixo do ciclo negativo, eu tinha mesmo batido no fundo do buraco, com estrondo e com estrago. Olhando para mim próprio naquele momento não conseguia bem realizar que tinha estado ali nuns preparos tão indignos, a lamentar as mágoas da minha intimidade no ombro uma estranha. Mas o mais estranho era que a estranha estava agora ali ao meu lado, sorridente e bonita, como se fosse uma amiga de longa data, com a vocação de uma assistente social e a dedicação de uma jovem Mãe que encoraja um filho a dar os primeiros passos.
Assim sendo, um factor externo tinha aparado a minha queda-livre e tinha-me lançado de volta para o alto, como uma bola de borracha que salta quando cai ao chão.
Gostava poder ter contado esta história ao meu Pai, mesmo se eu e ele nunca nos tivéssemos permitido grandes intimidades, gostava de lhe ter podido mostrar que conseguia ser forte nos maus momentos, que sabia sobreviver… e que afinal a sua teoria dos ciclos estava incompleta.
(Num dos muitos jogos de Xadrez que tinha feito com o meu Pai, quando andava na escola primária, ele explicou-me que tal como no Xadrez, tudo na vida se passa em ciclos de altos e baixos que escapam à compreensão humana. Lembro-me de o ver com o dedo a desenhar uma onda hertziana no ar, enquanto me explicava a sua teoria do destino. Aquilo fascinou-me.
Eu viria a passar bastante tempo da vida para tentar provar a mim próprio que a cadência e duração desses ciclos não eram só obra do destino, que podiam ser influenciados por outros factores e por acções próprias e consequentemente podem ser controlados.)
Chegamos perto da casa onde era a festa e já se ouvia o barulho cá fora. Entramos e circulamos por entre gente que dançava bem disposta ao som de música moderna. Haviam vários quartos, todos mal iluminados à luz de velas o que dava um ar doméstico mas aconchegado ao ambiente, via-se mal mas de qualquer forma os meus olhos já vinham habituados com a fraca iluminação da rua. (...)
Hoje de manhã, ao acordar, lembrei-me deste episódio e das experiências do passado transpostas para o presente, e naturalmente, dum post para o dia de hoje (que já devia ter sido ontem ou não se lembrassem de colocar um feriado no primeiro de Novembro... é todos os anos a mesma história, e os cemitérios por um dia têm mais vivos que mortos!)
(...) “Estas gajas são atrevidas” pensei para mim enquanto escondia uma expressão envergonhada com outra passa no cigarro. A Hilary fez-me uma festa no ombro e sorriu-me com um levantar de sobrolho de como quem é cúmplice de alguma coisa. Sorri também e continuamos a andar. Na minha mente contrastei aquele momento com a situação umas horas antes, ao pé do telefone. Aquilo tinha sido o pico mais baixo do ciclo negativo, eu tinha mesmo batido no fundo do buraco, com estrondo e com estrago. Olhando para mim próprio naquele momento não conseguia bem realizar que tinha estado ali nuns preparos tão indignos, a lamentar as mágoas da minha intimidade no ombro uma estranha. Mas o mais estranho era que a estranha estava agora ali ao meu lado, sorridente e bonita, como se fosse uma amiga de longa data, com a vocação de uma assistente social e a dedicação de uma jovem Mãe que encoraja um filho a dar os primeiros passos.
Assim sendo, um factor externo tinha aparado a minha queda-livre e tinha-me lançado de volta para o alto, como uma bola de borracha que salta quando cai ao chão.
Gostava poder ter contado esta história ao meu Pai, mesmo se eu e ele nunca nos tivéssemos permitido grandes intimidades, gostava de lhe ter podido mostrar que conseguia ser forte nos maus momentos, que sabia sobreviver… e que afinal a sua teoria dos ciclos estava incompleta.
(Num dos muitos jogos de Xadrez que tinha feito com o meu Pai, quando andava na escola primária, ele explicou-me que tal como no Xadrez, tudo na vida se passa em ciclos de altos e baixos que escapam à compreensão humana. Lembro-me de o ver com o dedo a desenhar uma onda hertziana no ar, enquanto me explicava a sua teoria do destino. Aquilo fascinou-me.
Eu viria a passar bastante tempo da vida para tentar provar a mim próprio que a cadência e duração desses ciclos não eram só obra do destino, que podiam ser influenciados por outros factores e por acções próprias e consequentemente podem ser controlados.)
Chegamos perto da casa onde era a festa e já se ouvia o barulho cá fora. Entramos e circulamos por entre gente que dançava bem disposta ao som de música moderna. Haviam vários quartos, todos mal iluminados à luz de velas o que dava um ar doméstico mas aconchegado ao ambiente, via-se mal mas de qualquer forma os meus olhos já vinham habituados com a fraca iluminação da rua. (...)
Hoje de manhã, ao acordar, lembrei-me deste episódio e das experiências do passado transpostas para o presente, e naturalmente, dum post para o dia de hoje (que já devia ter sido ontem ou não se lembrassem de colocar um feriado no primeiro de Novembro... é todos os anos a mesma história, e os cemitérios por um dia têm mais vivos que mortos!)
1 passageiros clandestinos:
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