Vesper
Gosto do James Bond, sou fan, sou fan desde puto. Ao longo de toda a minha infância e de grande parte da minha adolescência, o 007 fez parte da minha vida, e em certa medida ainda faz.
Lembro-me desde muito cedo de o meu Pai me levar a ver cada filme novo do 007 conforme saía no cinema. Geralmente iamos ao Casino Estoril ou ao Oxford em Cascais, outras vezes iamos ao cinema de Paço de Arcos e outras vezes ainda a cinemas de Lisboa quando o filme em questão não era exibido nos cinemas perto de casa. Às vezes o meu Pai deixava um ou outro dos meus amigos vir connosco, geralmente o Fernando ou o Vitor. Por vezes vezes iamos ver filmes repetidos, alguns dos anos 60, só pelo prazer de os ver outra vez, e mesmo quando não havia nenhum filme do James Bond anunciado no jornal iamos ver outro filme qualquer; Desde que fosse com o Sean Connery era como se tivesse sêlo de garantia. Pelo meio do periodo Connery apareceu um novo actor a fazer o papel de James Bond: George Lazemby, que fez apenas um filme, em parte penalizado pelo pobre argumento e por uma tirada inédita e não mais repetida - na sequência de abertura, após uma vertiginosa (para os anos 60) cena de acção, dirigiu-se ao público, para dizer "This never happened to the other guy", fazendo referência ao 007 de Connery, foi um triste momento dos produtores. Esse filme, embora tenha sido rodado na sua maioria em Portugal (Lisboa, Sintra, Serra da Estrela e Estoril) e tenha casado e enviuvado o 007 nos 5 minutos finais (o que deu uma forte dor de cabeça aos argumentistas dos filmes seguintes) não seduziu a critica e fez com que o Sean Connery voltasse ao seu papel original nos filmes seguintes.
Lembro-me particularmente bem do primeiro 007 com o Roger Moore e de como, apesar do smoking piroso de casaco branco, me captivou imediatamente com o ar de gentleman atrevido, com as piadas faceis e o levantar de sobrolho malandro. Naturalmente os gadjets do "Q" também apelavam à minha fantasia, sempre elaborados, improvaveis, rebuscados mas eficazes. Os carros então, faziam-me mexer inquieto na cadeira a cada perseguição (que inspiram ainda hoje a forma como eu conduzo, e de onde o Lotus Spirit Turbo, anfibio e com sistema de auto-destruição, continua a ser um dos meus carros preferidos), e as cenas de esfrega-e-não-molha e de sedução eram momentos que eu não percebia porque raio tinham que entrar num filme de acção.
Em 83, em pleno reino de Roger Moore, o Sean Connery voltou a vestir o smoking do 007 uma última vez no fantástico "Never say never again", um remake do filme "007 - Thunderball" de 1965 (também com o Sean Connery), feito por uma produtora independente da United Artists e do clã Albert B. Broccoli, e que apresentou ao mundo uma muito tímida Kim Basinger no papel de Bond Girl bem como uma das vilãs mais sensuais da história do cinema - Fatima Blush - interpretada pela escaldante Barbara Carrera. Curiosamente esse não foi o único filme não-oficial do James Bond, mas foi o último que vi com o meu Pai no cinema...
Depois da fase Roger Moore veio o mal aclamado Timothy Dalton, que embora não tenha convencido o mundo com os seus 2 filmes, conseguiu conferir uma faceta mais realista e humana ao imaculado e impavido agente de Sua Magestade, dinossauro da guerra fria. Saiba-se que Timothy Dalton é um de muito poucos actores Shakesperianos ainda vivos (o equivalente em Portugal a ser "Actor do Teatro Nacional"). Pela primeira vez o 007 sofria com conflitos tipicamente humanos como a consciência moral, o remorço e a vingança. Lembro-me de ter visto o filme "007 - The living daylights" pela 1ª vez em Paris, em 89 e de me ter passado por ser dobrado em Francês.
Mais tarde, já eu adulto feito e a morar em Inglaterra, comprei uma colecção em VHS com os filmes todos do James Bond. Tinha acabado de sair o "Goldeneye", o primeiro 007 com o Pierce Brosnan e o primeiro filme da série efectivamente filmado in loco na ex-União Sovietica. Por uns tempos re-avivei a memória de todos os esses filmes que tinha visto na infância.
Com o Pierce Brosnan mais uma vez o actor escolhido imprime ao James Bond as suas caracteristicas próprias, e assim o 007 volta a ter um humor pertinente e aguçado, e um novo tipo de charme fruto dos anos de representação do actor irlandês em papeis similares (como aliás já tinha sido o caso de Roger Moore). Pela primeira vez o 007 diz palavrões, como qualquer comum mortal, e os enredos variam da monotonia da guerra fria, do SPECTRE ou dos exlusivos vilões megalomaniacos, para abordar temas da actualidade como os recursos energeticos, o posicionamento estratégico politico internacional e a macro-economia. Na minha opinião o Pierce Brosnan deveria ter sido escolhido para o papel 10 anos antes. Adiante. É possivel que não se saiba, mas em 1967 apareceu nos cinemas um filme chamado... "Casino Royale". Esse filme, baseado no livro homónimo de Ian Fleming (o criador de James Bond e ele próprio agente dos serviços secretos britânicos durante a 2ª Guerra Mundial) tem no papel principal o já desaparecido actor David Niven que embora personifique ainda hoje um certo estereotipo de gentleman britânico, não vingou no papel do 007. Mais do que falta do actor isto terá sido fruto seguramente de uma certa teatralidade excessiva que foi caracteristica do cinema europeu dos anos 60.
...e heis que em 2006 surge o polémico novo Bond - Daniel Craig -. Um 007 louro, a atirar para o metrosexual mais do que para o viril, com cara de puto, enfim, diferente dos outros todos.
O filme novamente é um remake (desta vez oficial da United Artists) e o James Bond na tela é simplesmente arrebatador a todos o niveis.
Note-se em primeiro lugar que este 007 sangra literalmente, é efectivamente torturado, chora, diz palavrões, é frio e irreverente, quase indisciplinado, ao mesmo tempo que mostra ser naive e inexpreriente. Contudo é extremamente violento e agressivo nas cenas de acção e luta, mais do que em qualquer dos outros filmes, e contrastantemente apaixona-se como nunca antes e é traido com todos os requintes inerentes à cegueira do amor incondicional humano. Mais, embarca numa terrivel e determinada vingança fria e calculista que teremos oportunidade de ver no próximo episódio: "007 - Quantum of Solace" que já está em fase de filmagem se não estiver já em fase de pós-produção e que estreia possivelmente no início de 2009.
Ora eu que gosto de pensar que sei algumas coisitas sobre os filmes do 007, re-vi recentemente o "Casino Royale" e não pude deixar de ficar impressionado com a forma como este filme consegue manter todos os traços principais dos outros todos e ao mesmo tempo acrescentar tanto de novo, e tão bom! É particularmente captivante pelos diálogos inteligentes entre o James Bond e a "Vesper" (a Girl Bond), e na realidade foi este pensamento que originou que eu escrevesse este post, apenas para fazer uma citação:
"É curioso como as pessoas que nunca aceitam conselhos insistem sempre em dá-los".
Para todo o tipo de informação sobre filmes e actores do 007 existem tantas referências na internet que o melhor que posso recomendar é mesmo ir ao Google, e deixar a coisa correr.
Lembro-me desde muito cedo de o meu Pai me levar a ver cada filme novo do 007 conforme saía no cinema. Geralmente iamos ao Casino Estoril ou ao Oxford em Cascais, outras vezes iamos ao cinema de Paço de Arcos e outras vezes ainda a cinemas de Lisboa quando o filme em questão não era exibido nos cinemas perto de casa. Às vezes o meu Pai deixava um ou outro dos meus amigos vir connosco, geralmente o Fernando ou o Vitor. Por vezes vezes iamos ver filmes repetidos, alguns dos anos 60, só pelo prazer de os ver outra vez, e mesmo quando não havia nenhum filme do James Bond anunciado no jornal iamos ver outro filme qualquer; Desde que fosse com o Sean Connery era como se tivesse sêlo de garantia. Pelo meio do periodo Connery apareceu um novo actor a fazer o papel de James Bond: George Lazemby, que fez apenas um filme, em parte penalizado pelo pobre argumento e por uma tirada inédita e não mais repetida - na sequência de abertura, após uma vertiginosa (para os anos 60) cena de acção, dirigiu-se ao público, para dizer "This never happened to the other guy", fazendo referência ao 007 de Connery, foi um triste momento dos produtores. Esse filme, embora tenha sido rodado na sua maioria em Portugal (Lisboa, Sintra, Serra da Estrela e Estoril) e tenha casado e enviuvado o 007 nos 5 minutos finais (o que deu uma forte dor de cabeça aos argumentistas dos filmes seguintes) não seduziu a critica e fez com que o Sean Connery voltasse ao seu papel original nos filmes seguintes.
Lembro-me particularmente bem do primeiro 007 com o Roger Moore e de como, apesar do smoking piroso de casaco branco, me captivou imediatamente com o ar de gentleman atrevido, com as piadas faceis e o levantar de sobrolho malandro. Naturalmente os gadjets do "Q" também apelavam à minha fantasia, sempre elaborados, improvaveis, rebuscados mas eficazes. Os carros então, faziam-me mexer inquieto na cadeira a cada perseguição (que inspiram ainda hoje a forma como eu conduzo, e de onde o Lotus Spirit Turbo, anfibio e com sistema de auto-destruição, continua a ser um dos meus carros preferidos), e as cenas de esfrega-e-não-molha e de sedução eram momentos que eu não percebia porque raio tinham que entrar num filme de acção.
Em 83, em pleno reino de Roger Moore, o Sean Connery voltou a vestir o smoking do 007 uma última vez no fantástico "Never say never again", um remake do filme "007 - Thunderball" de 1965 (também com o Sean Connery), feito por uma produtora independente da United Artists e do clã Albert B. Broccoli, e que apresentou ao mundo uma muito tímida Kim Basinger no papel de Bond Girl bem como uma das vilãs mais sensuais da história do cinema - Fatima Blush - interpretada pela escaldante Barbara Carrera. Curiosamente esse não foi o único filme não-oficial do James Bond, mas foi o último que vi com o meu Pai no cinema...
Depois da fase Roger Moore veio o mal aclamado Timothy Dalton, que embora não tenha convencido o mundo com os seus 2 filmes, conseguiu conferir uma faceta mais realista e humana ao imaculado e impavido agente de Sua Magestade, dinossauro da guerra fria. Saiba-se que Timothy Dalton é um de muito poucos actores Shakesperianos ainda vivos (o equivalente em Portugal a ser "Actor do Teatro Nacional"). Pela primeira vez o 007 sofria com conflitos tipicamente humanos como a consciência moral, o remorço e a vingança. Lembro-me de ter visto o filme "007 - The living daylights" pela 1ª vez em Paris, em 89 e de me ter passado por ser dobrado em Francês.
Mais tarde, já eu adulto feito e a morar em Inglaterra, comprei uma colecção em VHS com os filmes todos do James Bond. Tinha acabado de sair o "Goldeneye", o primeiro 007 com o Pierce Brosnan e o primeiro filme da série efectivamente filmado in loco na ex-União Sovietica. Por uns tempos re-avivei a memória de todos os esses filmes que tinha visto na infância.
Com o Pierce Brosnan mais uma vez o actor escolhido imprime ao James Bond as suas caracteristicas próprias, e assim o 007 volta a ter um humor pertinente e aguçado, e um novo tipo de charme fruto dos anos de representação do actor irlandês em papeis similares (como aliás já tinha sido o caso de Roger Moore). Pela primeira vez o 007 diz palavrões, como qualquer comum mortal, e os enredos variam da monotonia da guerra fria, do SPECTRE ou dos exlusivos vilões megalomaniacos, para abordar temas da actualidade como os recursos energeticos, o posicionamento estratégico politico internacional e a macro-economia. Na minha opinião o Pierce Brosnan deveria ter sido escolhido para o papel 10 anos antes. Adiante. É possivel que não se saiba, mas em 1967 apareceu nos cinemas um filme chamado... "Casino Royale". Esse filme, baseado no livro homónimo de Ian Fleming (o criador de James Bond e ele próprio agente dos serviços secretos britânicos durante a 2ª Guerra Mundial) tem no papel principal o já desaparecido actor David Niven que embora personifique ainda hoje um certo estereotipo de gentleman britânico, não vingou no papel do 007. Mais do que falta do actor isto terá sido fruto seguramente de uma certa teatralidade excessiva que foi caracteristica do cinema europeu dos anos 60.
...e heis que em 2006 surge o polémico novo Bond - Daniel Craig -. Um 007 louro, a atirar para o metrosexual mais do que para o viril, com cara de puto, enfim, diferente dos outros todos.
O filme novamente é um remake (desta vez oficial da United Artists) e o James Bond na tela é simplesmente arrebatador a todos o niveis.
Note-se em primeiro lugar que este 007 sangra literalmente, é efectivamente torturado, chora, diz palavrões, é frio e irreverente, quase indisciplinado, ao mesmo tempo que mostra ser naive e inexpreriente. Contudo é extremamente violento e agressivo nas cenas de acção e luta, mais do que em qualquer dos outros filmes, e contrastantemente apaixona-se como nunca antes e é traido com todos os requintes inerentes à cegueira do amor incondicional humano. Mais, embarca numa terrivel e determinada vingança fria e calculista que teremos oportunidade de ver no próximo episódio: "007 - Quantum of Solace" que já está em fase de filmagem se não estiver já em fase de pós-produção e que estreia possivelmente no início de 2009.
Ora eu que gosto de pensar que sei algumas coisitas sobre os filmes do 007, re-vi recentemente o "Casino Royale" e não pude deixar de ficar impressionado com a forma como este filme consegue manter todos os traços principais dos outros todos e ao mesmo tempo acrescentar tanto de novo, e tão bom! É particularmente captivante pelos diálogos inteligentes entre o James Bond e a "Vesper" (a Girl Bond), e na realidade foi este pensamento que originou que eu escrevesse este post, apenas para fazer uma citação:
"É curioso como as pessoas que nunca aceitam conselhos insistem sempre em dá-los".
Para todo o tipo de informação sobre filmes e actores do 007 existem tantas referências na internet que o melhor que posso recomendar é mesmo ir ao Google, e deixar a coisa correr.
2 passageiros clandestinos:
Já te fartaste de dizer que és dislexico.
'Bond Girl' e 'Girl Bond' é um exemplo?
Vou assinalar o erro, sim, acho que é um erro por distracção, nada a ver com disléxia. Mas obrigado pela leitura atenta.
F
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