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Estou preso em Roma.
Quis a providência que assim fosse… Se ao menos eu fosse crente a coisa ficaria automaticamente explicada, e a minha ignorância de crente apaziguaria a minha noção da realidade. Mas eu não sou crente.
Isto não passava de uma simples viagem de Lisboa até La Valleta (Malta), uma escala de 45 minutos em Roma e mais umas milhas aéreas no meu cartão “frequent flyer”, mas não… O João Paulo morreu esta semana e toda a gente decidiu vir cá para aparecer na fotografia e atrofiar ainda mais o caos que é esta cidade.
Tudo começou com um atraso do meu voo da TAP, 45 minutos de atraso nem mais, e nem uma explicação ou pedido de desculpas do comandante… Passei-me, interferiram comigo vou interferir com eles, mandei chamar o chefe de cabine e exigi uma explicação para o atraso, que tinha um voo de ligação em Roma e que o atraso não explicado da TAP me iria fazer perder essa ligação (a única para Malta)… A explicação não tardou, pela pessoa do Comandante, primeiro no intercomunicador para todos os passageiros e para minha surpresa o pedido de desculpas em nome da TAP veio pessoalmente para mim quando o Comandante se apresentou junto do meu lugar na fila 18. Fiquei desarmado, naturalmente toda a minha energia de protesto se esvaiu num corar controlado. Mesmo assim lá assumi aquele protagonismo que não pedi e consegui que comunicassem para Roma que havia passageiros para a tal ligação, para a Air Malta aguentar o avião em terra mais 10 minutos…
…Ao aterrar tinha uma bacana à minha espera, havia ainda 2 passageiros que também iam para Malta, faltavam 10 minutos para o voo de ligação...
“Solo domani Signore, lai partenza al Malta solo domani…”
Domani o caraças, fica cá tu à espera desses retardatários que eu vou procurar o avião…
Passados 20 minutos de corrida cheguei à porta C28 a tempo de me despedir da hospedeira de terra que acabava de fechar o voo.
Seguiram-se 30 minutos de discussão até os convencer que ao abrigo da nova lei comunitária resultante do tratado de Nice eles tinham que me pagar comida, hotel e transferes para o aeroporto.
Assentiram. Toma lá uns vaucheres da TAP para ver se te calas que não percebemos a tua mistura de italiespanholinglês.
Agradeci, Obrigado, então e a minha bagagem? Dove está al putana di mi baggagio???
Mais 2 horas para descobrirem que a bagagem estava em parte incerta, na melhor das hipóteses estava já em Malta, na pior… ia a caminho de Katmandu.
Já só queria ir para o hotel e descansar um coche.
O hotel era giro, numa zona circundante de Roma, na Villa de Ostia, fartei-me de passear ao fim do dia, comprei umas calças de corte pseudo-italiano e jantei com uma tripulação da Air China numa pizzaria típica (nota mental para nunca mais comer aquilo a que chamam Pizza em Portugal).
De manhã acordei e dirigi-me ao aeroporto de Fiumencino, tive que ultrapassar diversas vagas de multidões, crentes fervosos vestidos de túnica e sandália, que se debatiam para me derrubar…
Imaginei que estava a surfar e tinha que remar contra a rebentação para chegar ao spot do set.
Já fiz o Check in, já estou na área do dutty free a tomar um expresso e uma acqua naturale San Benedetto… Não se pode fumar em parte nenhuma e wireless, nunca ouviram falar.
Arivederche Roma.
Quis a providência que assim fosse… Se ao menos eu fosse crente a coisa ficaria automaticamente explicada, e a minha ignorância de crente apaziguaria a minha noção da realidade. Mas eu não sou crente.
Isto não passava de uma simples viagem de Lisboa até La Valleta (Malta), uma escala de 45 minutos em Roma e mais umas milhas aéreas no meu cartão “frequent flyer”, mas não… O João Paulo morreu esta semana e toda a gente decidiu vir cá para aparecer na fotografia e atrofiar ainda mais o caos que é esta cidade.
Tudo começou com um atraso do meu voo da TAP, 45 minutos de atraso nem mais, e nem uma explicação ou pedido de desculpas do comandante… Passei-me, interferiram comigo vou interferir com eles, mandei chamar o chefe de cabine e exigi uma explicação para o atraso, que tinha um voo de ligação em Roma e que o atraso não explicado da TAP me iria fazer perder essa ligação (a única para Malta)… A explicação não tardou, pela pessoa do Comandante, primeiro no intercomunicador para todos os passageiros e para minha surpresa o pedido de desculpas em nome da TAP veio pessoalmente para mim quando o Comandante se apresentou junto do meu lugar na fila 18. Fiquei desarmado, naturalmente toda a minha energia de protesto se esvaiu num corar controlado. Mesmo assim lá assumi aquele protagonismo que não pedi e consegui que comunicassem para Roma que havia passageiros para a tal ligação, para a Air Malta aguentar o avião em terra mais 10 minutos…
…Ao aterrar tinha uma bacana à minha espera, havia ainda 2 passageiros que também iam para Malta, faltavam 10 minutos para o voo de ligação...
“Solo domani Signore, lai partenza al Malta solo domani…”
Domani o caraças, fica cá tu à espera desses retardatários que eu vou procurar o avião…
Passados 20 minutos de corrida cheguei à porta C28 a tempo de me despedir da hospedeira de terra que acabava de fechar o voo.
Seguiram-se 30 minutos de discussão até os convencer que ao abrigo da nova lei comunitária resultante do tratado de Nice eles tinham que me pagar comida, hotel e transferes para o aeroporto.
Assentiram. Toma lá uns vaucheres da TAP para ver se te calas que não percebemos a tua mistura de italiespanholinglês.
Agradeci, Obrigado, então e a minha bagagem? Dove está al putana di mi baggagio???
Mais 2 horas para descobrirem que a bagagem estava em parte incerta, na melhor das hipóteses estava já em Malta, na pior… ia a caminho de Katmandu.
Já só queria ir para o hotel e descansar um coche.
O hotel era giro, numa zona circundante de Roma, na Villa de Ostia, fartei-me de passear ao fim do dia, comprei umas calças de corte pseudo-italiano e jantei com uma tripulação da Air China numa pizzaria típica (nota mental para nunca mais comer aquilo a que chamam Pizza em Portugal).
De manhã acordei e dirigi-me ao aeroporto de Fiumencino, tive que ultrapassar diversas vagas de multidões, crentes fervosos vestidos de túnica e sandália, que se debatiam para me derrubar…
Imaginei que estava a surfar e tinha que remar contra a rebentação para chegar ao spot do set.
Já fiz o Check in, já estou na área do dutty free a tomar um expresso e uma acqua naturale San Benedetto… Não se pode fumar em parte nenhuma e wireless, nunca ouviram falar.
Arivederche Roma.
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