sexta-feira, janeiro 07, 2005

Novembros sofridos

Passaram 13 anos, as palavras tornam-se vagas, o sentimento distancia-se e a memória esvai-se a cada dia que passa... mas as saudades, essas persistem violentas, assombrações daqueles momentos de fraqueza em que volto a ser menino, em que o conselho de que preciso não é mais do que imaginado por mim, e o medo... O medo chega e instala-se e consome-me e quando passa, passa mais devagar...
Não costumo fazer introduções para os meus versos, digo bem, os meus versos, escritos por mim, para mim e geralmente sobre mim, sobre as minhas interferências sensitivas...

Bradem sinos sem parar
Cubram de negro o firmamento
Levantem-se as ondas do mar
E sopre violento o vento

Ateiem fogo à floresta
Ponha-se o sol de vez
Façam a Páscoa sem festa
O Cristo na cruz outra vez

Morram as flores do campo
Gritem abutres a voar
As aves chorem o canto
Deixem a Vinha secar

Que pare o tempo de passar
E o progresso de avançar
E as Mães chorem cantar
Lancem crianças a afogar

Parem festas, parem danças
Roubem as jóias do altar
Matem os Padres com lanças
Flagelem-nos até sangrar

Sequem os rios do mundo
Sofram enfermos com dores
Arranquem dos lagos o fundo
e do arco íris as cores

Morram soldados nas fileiras
Violem as leis da guerra
Arrasem cidades inteiras
Mova-se o céu e a terra

Queimem todas as searas
Arranquem da noite a lua
Extingam espécies raras
Draguem o Douro e o Tua

Fechem para sempre o caixão
E fiquem cegos como eu
Os homens com vida de cão
Porque o meu Pai morreu

.

1 passageiros clandestinos:

Anonymous Anónimo chamou a hospedeira e disse:

simplesmente Espectacular...

5:54 da tarde  

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