sábado, março 28, 2009

"...que tens uma máquina de vapores em casa"

Provavelmente haverá quem ache que eu sou uma pessoa horrivel e cheia de si própria, presunçoso e arrogante, cromo e provocador, encostado e incómodo e outros adjectivos aos pares... e talvez até eu deixe passar essa imagem, e talvez haja quem pense que de alguma forma eu me importo muito com isso, com o que possam pensar de mim… Importo-me só um bocadinho, mas nunca o suficiente para deixar de ser como sou, como gosto de ser, no limite importar-me o suficiente para tentar fazer de mim uma pessoa melhor, uma batalha constante, e mesmo assim sinto-me atraído pelo que é simples, condescentemente atraído pela inocência descorrompida de uma personalidade básica e genuina, uma natureza naturalmente submissa, descomplicada, descomplexada e improvavelmente forte, tão mais forte que eu, e tão rica, tão enorme. Gosto do terra-a-terra, de perceber a origem da simplicidade e de deambular na constatação de que o desconhecimento de melhor, ou a sua abnegação, é sinónimo de felicidade, de despreocupação, e que a falta de experiências de vida condiciona a visão periférica, tal como a crença no transcendental que facilita alguma paz de espírito a defeito de uma explicação mais elaborada para seja lá o que for com que a mente simples se anda a entreter. Gosto de olhar para trás (ou para baixo, dependendo se estou mais ou menos caustico com a vida) e ver olhos emocionados a olhar para mim como se eu caminhasse numa almofada de ar, e ouvir vozes que suspiram "Eureka" a cada gesto que faço, almas que depositam a esperança em mim, que me entregam sentimentos de confiança e manifestam sentida admiração; e gosto sobretudo de fazer para o merecer, de fazer por merecê-lo todos os dias, mesmo que pouco ou nada daí resulte, nada mais do que ser natural e igual a mim próprio, genuino e nunca artificial. Gosto de me sentir estimado, mesmo que o sinta tantas vezes de forma envergonhadamente desmerecida, mas gosto, quase tanto como gosto de beber água para matar a sede ou de comer chocolate ao fim da tarde para estimular a serotonina quando o peso do dia me esmagou contra a antecipação do dia seguinte. Gosto de ser assim, natural, mais do que ter que dar à manivela a tudo o que sou e a tudo o que já fiz para me empurrar a mim próprio escada a cima, para ser mais do que sou e para fazer o que ainda não fiz, que é tanto, o tanto que gostam de mim, o tanto pelo qual gostam de mim, e o tanto que gosto de sentir, que o que sentem por mim é tão parecido com o que eu sinto pelos outros, e no limite, desejar que gostem de mim como eu gosto de mim, e que mo mostrem como eu mostro que gosto dos outros, muitas vezes quando os outros nem conseguem gostar de si próprios... Gosto do medo que sinto quando sinto o peso do mundo nos ombros e quando roço o desespero salgado das lágrimas só por saber que há a possibilidade de daí resultar um abraço inesperado e apaziguador, mesmo que tantas vezes ele simplesmente não se manifeste, sem eu sequer compreender porquê… Gosto disso tudo, tanto como gosto de ir ver o mar e tal como gosto de uma frase simples e banal, mas tão preocupada e sentida, uma frase que ouço distraído no seguimento de um curriqueiro ataque de asma, quando tenho mais em que pensar, mas que me fica na memória, e me ajuda a nunca (mais) me esquecer de amar tanto como me amam a mim…

4 passageiros clandestinos:

Blogger Gala Dmitrievna chamou a hospedeira e disse:

Ola
deixei-te um desafio no meu blog. espero ke aceites
um beijo e bom domingo

12:36 da tarde  
Anonymous Deusa chamou a hospedeira e disse:

Nunca mais te esqueças.

3:32 da tarde  
Blogger By myself chamou a hospedeira e disse:

Espero que gostes de ti quanto tens facilidade em fazer com que desconhecidos gostem.
Acredito (e já o escrevi alguns posts atrás) que sejas um grande ser humano.

Beijinhos

2:54 da manhã  
Anonymous Eu chamou a hospedeira e disse:

Está tudo muito bem, desde que nunca se esqueçam de te amarem a ti também!

7:07 da tarde  

Chamar a hospedeira para Enviar um comentário

<< Regressar ao cockpit