O dia depois de ontem
Perguntaram-me se fiz tudo o que tinha para fazer ontem… Não, fiz só algumas coisas, as mais importantes, as outras ficaram por fazer, mas também fiz coisas que não estava previsto fazer, e mantenho que há coisas, pendentes, que mais tarde ou mais cedo se vão cruzar no meu caminho para eu as resolver… Em Cascais, na PSP, o que ía lá buscar ainda não chegou, e o Eixo para o 405 encomendei-o por telefone para não ter que ir ao Cacém. Não tive tempo de passar na PJ em Lisboa para prestar depoimento sobre o assalto do mês passado porque me demorei com a Mamã, e mesmo assim, tendo tomado um café breve e amargo num local improvavel na zona da Expo, cheguei atrazado ao almoço com o Hernâni em Azambuja.
Mais adiante, em Rio Maior, recusei a proposta de ir trabalhar para Africa, já passei 12 anos longe de casa e não há 3.500€ por mês que paguem a continuidade do meu caminho sem destino, do ténue projecto “bi-doc” (que nunca esteve tão longe) ou da profecía da cigana que não conhecí mas que diz que são 1+2 de cada nação, que eu não sei se acredito muito, mas quero estar cá para ver, para constatar que não são só os burros que são teimosos e que o mêdo da solidão faz as pessoas darem passos falsos e tomarem decisões erradas com consequências irremediavelmente permanentes; Quero estar cá para me amaldiçoar por ter razão e por ser o único a ver um pouco mais longe do que o calor do Verão, do que o frio do Inverno, e do que o dia de amanhã, enfim, para me manter fiel a mim mesmo, à minha palavra, à minha tendência para auto-punição como forma de perdoar a quem me magôa, o flagelar da alma a que me habituei e que, como se estivesse munido de antidoto, permito que me envenene o sangue, que me mate um bocadinho todos os dias sem eu conseguir fazer nada para o impedir, no límite, para não escapar ao meu destino. Tenho nome de santo…
Em Santarém exercí uma certa capacidade investigadora e perseverante que tenho e em menos de 2 horas encontrei uma pessoa da qual só sabia o nome e nada mais. O homem, aquela merda de homem, não quer saber do filho (há muitos assim por aí, merdas de homem, e estão mais perto do que se julga), e mesmo quando o confrontei com a morte inevitavel que se lhe augura ao filho, se não o ajudarem, não obtive mais do que um olhar enterrado no chão… Puta que o pariu, “pit’chaúba” uma vez é “pit’chaúba” para sempre, e só se deixa enganar quem quer. Resta-me agora accionar as autoridades competentes e tratar do internamento compulsivo do rapaz, doente, esquizofrénico, de corpo deteriorado e mente inimputavel. Segui viagem, derrotado, revoltado, a arrancar alcatrão, mas sem lágrimas… essas guardo para os animais abandonados quando não os consigo salvar.
Próxima paragem, noutra Cidade, numa florista onde já começo a ser conhecido, e mais adiante um momento privado e uma promessa cumprida, renovada, uma promessa para a vida e de onde só o toque da sinêta me fez despertar.
De seguida, um café com leite e uma sandes, partilhados de coração, dois dêdos de conversa divertida, saudades, sorrisos e lágrimas contidas, e uma ligação afectiva que as mentiras, manipulações ou calúnias não conseguirão destruir… e por fim um abraço sentido, que tanto me surpreendeu, e que quase deitou abaixo o meu ar de pateta. De facto o amor, em todas as suas formas, é mais espesso que o sangue! O meu sem dúvida que é.
No caminho de regresso, a quase 200 quilometros de casa, a noite trouxe o frio, e a estrada trouxe novas aventuras, como se eu lhes conseguisse escapar, e metade do que tinha planeado ficou por fazer. Ontem tive um dia como tenho tido a vida, gratificante...
...e hoje é o dia depois de ontem.
Mais adiante, em Rio Maior, recusei a proposta de ir trabalhar para Africa, já passei 12 anos longe de casa e não há 3.500€ por mês que paguem a continuidade do meu caminho sem destino, do ténue projecto “bi-doc” (que nunca esteve tão longe) ou da profecía da cigana que não conhecí mas que diz que são 1+2 de cada nação, que eu não sei se acredito muito, mas quero estar cá para ver, para constatar que não são só os burros que são teimosos e que o mêdo da solidão faz as pessoas darem passos falsos e tomarem decisões erradas com consequências irremediavelmente permanentes; Quero estar cá para me amaldiçoar por ter razão e por ser o único a ver um pouco mais longe do que o calor do Verão, do que o frio do Inverno, e do que o dia de amanhã, enfim, para me manter fiel a mim mesmo, à minha palavra, à minha tendência para auto-punição como forma de perdoar a quem me magôa, o flagelar da alma a que me habituei e que, como se estivesse munido de antidoto, permito que me envenene o sangue, que me mate um bocadinho todos os dias sem eu conseguir fazer nada para o impedir, no límite, para não escapar ao meu destino. Tenho nome de santo…
Em Santarém exercí uma certa capacidade investigadora e perseverante que tenho e em menos de 2 horas encontrei uma pessoa da qual só sabia o nome e nada mais. O homem, aquela merda de homem, não quer saber do filho (há muitos assim por aí, merdas de homem, e estão mais perto do que se julga), e mesmo quando o confrontei com a morte inevitavel que se lhe augura ao filho, se não o ajudarem, não obtive mais do que um olhar enterrado no chão… Puta que o pariu, “pit’chaúba” uma vez é “pit’chaúba” para sempre, e só se deixa enganar quem quer. Resta-me agora accionar as autoridades competentes e tratar do internamento compulsivo do rapaz, doente, esquizofrénico, de corpo deteriorado e mente inimputavel. Segui viagem, derrotado, revoltado, a arrancar alcatrão, mas sem lágrimas… essas guardo para os animais abandonados quando não os consigo salvar.
Próxima paragem, noutra Cidade, numa florista onde já começo a ser conhecido, e mais adiante um momento privado e uma promessa cumprida, renovada, uma promessa para a vida e de onde só o toque da sinêta me fez despertar.
De seguida, um café com leite e uma sandes, partilhados de coração, dois dêdos de conversa divertida, saudades, sorrisos e lágrimas contidas, e uma ligação afectiva que as mentiras, manipulações ou calúnias não conseguirão destruir… e por fim um abraço sentido, que tanto me surpreendeu, e que quase deitou abaixo o meu ar de pateta. De facto o amor, em todas as suas formas, é mais espesso que o sangue! O meu sem dúvida que é.
No caminho de regresso, a quase 200 quilometros de casa, a noite trouxe o frio, e a estrada trouxe novas aventuras, como se eu lhes conseguisse escapar, e metade do que tinha planeado ficou por fazer. Ontem tive um dia como tenho tido a vida, gratificante...
...e hoje é o dia depois de ontem.
8 passageiros clandestinos:
um dia muito preenchido pelos vistos! :)
Bjo
o mêdo da solidão...
join the club...
Hmmm... acho que percebeste isso mal...
Mas se te quizeres juntar a esse club, fica ali numa terriola 30 quilometros a Norte de Lisboa.
O que andaste a fazer ou deixaste de fazer, só tu sabes porquê, mas é muito nobre da tua parte.
A sensibilidade e o carácter de uma pessoa medem-se também por posts como este.
Deves ser uma grande pessoa...parabéns.
Beijinhos
De facto o amor, em todas as suas formas, é mais espesso que o sangue!
Ao reter-me neste pensamento, entre a hesitação na ordem que pretendia dar a este comentário, dou comigo a retroceder no post, e sorridente constato a singela demonstração do altruísmo, da abnegação que em última análise define o amor, e essa "vejo-a" também no auxílio que prestas a esse rapaz desamparado.
O sangue a ti faz-te bem... A uns e outros fá~los desmaiar. Falta-lhes a coragem. Mas não a ti.
Tens vivido de forma a que nenhum dia seja desperdiçado. O teu corpo parou de crescer há vários anos, mas a tua alma recusa-se a fazê-lo, e ainda bem que assim é, meu Amor. A tua vida nunca será vista como mais uma existência inócua, pelo contrário. Marcas quem te rodeia. Dás o teu sangue e o teu suor. Lutas, agarras pelo pulso quem se precipita ribanceira abaixo. Não ficas de braços cruzados. Acreditas. Transpiras garra e ofereces a tua força.
Tenho muito orgulho em ti. :)
Yours (literally and proudly ;) ),
Miss Mulberry
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