"One in a Million" - Capítulo XX
(Outubro, 1995)
Mal passei pela arcada da porta principal constatei que o local estava minado de gajas boas e copiosamente bem vestidas, umas com vestidos de gala, outras mais elaboradas, de vestido clássico de veludo preto e outras ainda de vestido comprido enfeitado de lantejoulas. A maioria dos rapazes estavam vestidos como eu, de smoking preto onde só as cores dos laços, dos lenços de lapela e das faixas eram diferentes.
Entrei e fui ao bengaleiro pendurar o sobretudo que tinha decidido não deixar no carro. De seguida dirigi-me ao Bar, que estava à pinha, lá consegui pedir um Jack Daniels Duplo contra 2 senhas de consumo. Peguei no copo e fui andando na direcção da sala de baile, o barulho vinha do fundo portanto a pista de dança devia estar por ali. Não haja duvida que vestir um smoking põe um gajo com uma pinta do caraças, fazia-me andar descontraidamente, como se fosse o dono daquilo, como o 007 quando entra num casino. Mas para aquela ocasião especial tinha posto wet gel para pentear o cabelo para trás como o Al Pacino e parecia mais O Padrinho do que o James Bond.
Tinha comprado no mercado de Boscombe um brinco novo: um brilhante de pedra negra lapidada que condizia a matar com os botões de punho pretos também. O laço, o lenço de lapela e a faixa eram verde Rolland Garros, tinha sido a Mãe da Carla que os tinha costurado para mim quando comprei o Smoking. Uma indumentaria que se enquadrava muito bem naquele ambiente.
A música vinha de uma orquestra atirada ordenadamente para um canto da sala, tocavam melodias de salão, valsas e coisas assim, o que fazia com que os casais de estudantes, normalmente desvairados e modernos, tentassem dançar aos pares como antigamente, mas sem grande sucesso.
Continuei a andar e encontrei a Kay perto de um bar, a disfarçar o ar de quem estava à minha espera, tinha um longo vestido preto decotado, saltos altos e o cabelo arranjado à anos 40.
“You look stunning Kay” disse-lhe sem pedir desculpa pelo atraso, porque não estava atrasado, não tínhamos combinado uma hora certa, ela é que tinha chegado primeiro que eu. Fui com ela até onde estava o resto do grupo do Hotel que saía todo junto numa noitada pela primeira vez, afinal de contas aquela era a noite mais importante do trimestre, o tão falado Baile dos Caloiros da Universidade de Bournemouth, era natural que quase toda a gente tivesse comprado bilhete.
A maioria dos caloiros apresentava-se dignamente sóbria, mas ainda era cedo, adivinhava-se que pouco tardaria para que o estado decente e asseado degenerasse para um estado de ebriedade eufórica e promíscua. Já me começava a habituar. Além disso aquele não era o primeiro baile duma Universidade a que eu ia em Inglaterra. No ano anterior tinha guardado uma memória bastante especial do Summer Ball (Baile de Verão) da Universidade de Kent em Canterbury, uma experiência excepcional que a Hilary me tinha proporcionado e que eu procurava de certa forma agora ali reviver. Fazia uma pequena ideia do que me esperava, mas estava contente na mesma porque aquele era o Meu baile, não era nem convidado de outras pessoas nem eram os Bailes com que a Carla me tinha feito inveja.
Já há alguns dias que pensava ”-Este é para mim, há que faze-lo render.”
A Universidade tinha alugado o BIC (Bournemouth International Centre), que fica numa colina à beira mar a 100 metros do Pier de Bournemouth.
É um edifício de tijolo vermelho mas com uma arquitectura relativamente moderna, mais ou menos do tamanho do Hotel Baia, em Cascais. Geralmente serve de palácio de congressos, de sala de concertos e exposições e… sala de Bailes da Universidade!
A noite começava com a actuação de um grupo de Drum & Base. O quanto eu não gostaria de estar ali no meio do mulherêdo com os meus amigos da praceta, a curtir aquele som e provavelmente a fumar umas berláitas atrevidas.
Depois do concerto pensei em ir à pista de dança ter com o pessoal da pastilha, mas aquilo estava acelerado demais para o meu gosto, fui ao bar buscar um copo e voltei para a nossa mesa onde me envolvi numa conversa com uma miúda Galesa chamada Nicola, que eu julgava ser uma galdéria do caraças mas que até era bastante simpática, e como ela estava meio bezana resolveu dar uma de se confiar a mim. Falava depressa demais, com um sotaque que dava vontade de rir, falava pelos cotovelos e saltava de assunto em assunto mais rápido do que era possível acompanhar. Mas era boa nas horas. Aparentemente via-me com bons olhos, o que me surpreendeu porque não costumávamos falar mais do que dizer Olá e Adeus quando nos cruzávamos. Ela dizia que eu tinha uma maneira diferente de estar na vida e de respeitar a vida dos outros… Concordei mas fiz um ar de quem é falsamente modesto. Ela continuou. Disse que as raparigas do hotel às vezes falavam de mim e do Pete, e que numa noite em que eu não tinha jantado no Hotel tinha sido motivo de conversa depois do jantar. Aparentemente havia um grupo que se sentiam atraídas por mim e que achavam que eu era muito simpático e charmoso, e um grupo que não me curtia nada e que achava que eu era o que as miúdas em Portugal chamariam de convencido. Mas unanimemente achavam-me um dos mais sexy do Hotel.
Eu ouvi-a com a atenção dividida, filtrando o que me interessou e abanando a cabeça que sim ou que não em relação ao resto enquanto alternava entre olhar para pista de dança e olhar para o decote profundamente sexual do vestido dela. Perguntei-lhe em que grupo é que ela estava e ela riu-se, talvez alto de mais, depois disse quase instantaneamente:
“-Me? I’ll shag you anytime you want!”
Inclinou-se na minha direcção, agarrou-me pela nuca e deu-me um beijo na boca.
O Pete que estava ali ao lado fez umas caretas de palhaço ao que eu respondi com um encolher de ombros, mas pessoalmente apeteceu-me estendê-la na mesa e saltar para cima dela!
Ao lado do Pete estava uma tal de Lucy das West Midlands, e que era a companheira de quarto da Nicola, levantou-se num salto, limpou-me o baton da Nicola dos lábios e disse que se a Nicola me beijou ela também queria, e beijou-me também!
Senti-me a corar de vergonha porque as atenções em volta da mesa se tinham virado para mim e toda a gente aclamou pela seguinte, olhando para a Kay. Mas ela riu-se e estendeu-me um Guardanapo de papel para limpar o baton da Lucy enquanto dizia para todos que não era ela a seguinte, mas aproveitou para me morder o lóbulo da orelha quando me disse ao ouvido que pelo menos não ali e não naquele momento.
Mais risos e alguém perguntou à Nicola se ela e a Lucy partilhavam tudo entre elas ou se era só os homens. Respondeu a Lucy dizendo que partilhavam tudo e depois beijou a Nicola na boca o que provocou uma ovação enorme na mesa.
…e a noite lá continuou, os Jack Daniels sucederam-se uns aos outros e já estava com a minha conta. Depois de idas e voltas ao bar, pista de dança, casa de banho e varanda sentei-me outra vez à nossa mesa. Ao meu lado estava uma tal de Andrea, não a conhecia bem mas meti conversa, ela contou que era estudante de enfermagem e eu fiz uma alusão na brincadeira a respeito do mito das enfermeiras, mas ela não sabia o que isso era e eu não lhe podia explicar sem me tornar vulgar.
A Nicola e a Lucy apareceram e a Lucy pediu-nos para tomar conta da Nicola enquanto ela ia ao Bar. A Nicola sentou-se entre mim e a Andrea enquanto a Lucy se afastava...
Passados 10 segundos já estava nos melos com a Nicola outra vez, desta vez demos mãos à liberdade e eu dei asas à imaginação. A ideia de passar a noite no quarto daquelas duas malucas passou-me intensamente pela cabeça.
A Suzy apareceu vinda da pista, aproximou-se do lugar da Andrea, que entretanto se tinha levantado, e suspirando de exaustão deixou-se cair ao nosso lado. Tinha uma garrafa de agua na mão e estava tão transpirada que parecia que tinha acabado de correr a maratona. Bebeu um gole de agua e pelo meio de não sei o quê vinha a dizer perguntou-me pela Kay. Respondi-lhe que a última vez que a tinha visto tinha sido há 10 minutos na pista de dança. Entretanto a Nicola levantou-se para ir procurar a Lucy. A Suzy aproveitou a deixa para me falar da história dos beijos com a Nicola, e entrou a matar perguntando se nós, eu e a Kay, já não estávamos juntos.
Aquilo surpreendeu-me mas simplesmente lhe disse que estava enganada, que eu e a Kay éramos só bons amigos. Entretanto a Andrea aproximou-se na nossa direcção, fez um olhar e afastou-se outra vez. Fiquei com a sensação que ela estava a espera da vez dela ou algo assim.
Nesse instante o Pete acordou da cadeira onde conseguia estar deitado, levantou-se e cambaleou com a Andrea para um canto, e eu insisti com a Suzy para que organizasse lá as ideias dela sem me começar já a casar com a Kay, enfim, levei o engano dela p’ra brincadeira.
Entretanto as massas voltaram a juntar-se em redor da mesa e acho que o ponto mais alto da noite veio a ser quando evitei de justeza que a Lucy me vomitasse no colo, estava sentado ao lado dela e ao vê-la a ficar verde e com uns soluços suspeitos levantei-me no momento certo porque segundos depois tivemos que mudar de mesa.
O Baile chegava assim ao fim e já se começava bastante gente a ir embora. Nós fizemos o mesmo. Tinha-me esquecido do relógio e não fazia ideia que horas poderiam ser.
No exterior uma fila de táxis esperava por clientes, desmarquei-me do pessoal do meu hotel e meti-me num táxi para 4 passageiros com mais 3 gajos do hotel ao lado do meu e conseguimos que um tal de Timmy entrasse para o táxi também e se deitasse escondido aos pés dos que iam no banco de trás… Correu tudo bem até ele começar a vomitar, o que provocou a cólera do taxista e uma bela corrida a atalhar escondidos nos Boscombe Gardens até ao Douglas Towers Hotel.
Quando entrei, ainda a olhar por cima do ombro, encontrei alguns sobreviventes que estavam à conversa no Hall. Os momentos altos do Baile eram passados em revista cada vez que mais alguém entrava. Os que já estavam a dormir devem ter acordado com os risos histéricos da Suzy. Parecia o barulho do recreio de uma escola. Alguém perguntou pela Kay e alguém respondeu que ela se tinha ido deitar. Eu encostei-me a uma parede e acendi um cigarro. A algazarra tomava proporções de directa sem dormir, alias foi mais ou menos nesse momento que o Cozinheiro passou por nós em direcção da cozinha. Isso queria dizer que já eram 6 da manhã.
Gradualmente começou-se a dispersar, eu fui um dos primeiros, não estava particularmente cansado mas estava com vontade de me recolher, talvez ouvir um bocadinhode musica, fumar um cigarro à janela... Passou-me pelo espírito uma vontade enorme de ir ao quarto da Kay ter com ela, mas acabei por me dirigir ao meu quarto. Entrei para o escuro e acendi a luz no modo fraco, o suficiente para ver o vestido preto da Kay atirado para a cima da minha cadeira e os sapatos dela espalhados no chão.
Descalcei-me, desfiz o nó do laço, tirei o casaco e apaguei a luz.
Afinal este é que seria o ponto alto da noite
Mal passei pela arcada da porta principal constatei que o local estava minado de gajas boas e copiosamente bem vestidas, umas com vestidos de gala, outras mais elaboradas, de vestido clássico de veludo preto e outras ainda de vestido comprido enfeitado de lantejoulas. A maioria dos rapazes estavam vestidos como eu, de smoking preto onde só as cores dos laços, dos lenços de lapela e das faixas eram diferentes.
Entrei e fui ao bengaleiro pendurar o sobretudo que tinha decidido não deixar no carro. De seguida dirigi-me ao Bar, que estava à pinha, lá consegui pedir um Jack Daniels Duplo contra 2 senhas de consumo. Peguei no copo e fui andando na direcção da sala de baile, o barulho vinha do fundo portanto a pista de dança devia estar por ali. Não haja duvida que vestir um smoking põe um gajo com uma pinta do caraças, fazia-me andar descontraidamente, como se fosse o dono daquilo, como o 007 quando entra num casino. Mas para aquela ocasião especial tinha posto wet gel para pentear o cabelo para trás como o Al Pacino e parecia mais O Padrinho do que o James Bond.
Tinha comprado no mercado de Boscombe um brinco novo: um brilhante de pedra negra lapidada que condizia a matar com os botões de punho pretos também. O laço, o lenço de lapela e a faixa eram verde Rolland Garros, tinha sido a Mãe da Carla que os tinha costurado para mim quando comprei o Smoking. Uma indumentaria que se enquadrava muito bem naquele ambiente.
A música vinha de uma orquestra atirada ordenadamente para um canto da sala, tocavam melodias de salão, valsas e coisas assim, o que fazia com que os casais de estudantes, normalmente desvairados e modernos, tentassem dançar aos pares como antigamente, mas sem grande sucesso.
Continuei a andar e encontrei a Kay perto de um bar, a disfarçar o ar de quem estava à minha espera, tinha um longo vestido preto decotado, saltos altos e o cabelo arranjado à anos 40.
“You look stunning Kay” disse-lhe sem pedir desculpa pelo atraso, porque não estava atrasado, não tínhamos combinado uma hora certa, ela é que tinha chegado primeiro que eu. Fui com ela até onde estava o resto do grupo do Hotel que saía todo junto numa noitada pela primeira vez, afinal de contas aquela era a noite mais importante do trimestre, o tão falado Baile dos Caloiros da Universidade de Bournemouth, era natural que quase toda a gente tivesse comprado bilhete.
A maioria dos caloiros apresentava-se dignamente sóbria, mas ainda era cedo, adivinhava-se que pouco tardaria para que o estado decente e asseado degenerasse para um estado de ebriedade eufórica e promíscua. Já me começava a habituar. Além disso aquele não era o primeiro baile duma Universidade a que eu ia em Inglaterra. No ano anterior tinha guardado uma memória bastante especial do Summer Ball (Baile de Verão) da Universidade de Kent em Canterbury, uma experiência excepcional que a Hilary me tinha proporcionado e que eu procurava de certa forma agora ali reviver. Fazia uma pequena ideia do que me esperava, mas estava contente na mesma porque aquele era o Meu baile, não era nem convidado de outras pessoas nem eram os Bailes com que a Carla me tinha feito inveja.
Já há alguns dias que pensava ”-Este é para mim, há que faze-lo render.”
A Universidade tinha alugado o BIC (Bournemouth International Centre), que fica numa colina à beira mar a 100 metros do Pier de Bournemouth.
É um edifício de tijolo vermelho mas com uma arquitectura relativamente moderna, mais ou menos do tamanho do Hotel Baia, em Cascais. Geralmente serve de palácio de congressos, de sala de concertos e exposições e… sala de Bailes da Universidade!
A noite começava com a actuação de um grupo de Drum & Base. O quanto eu não gostaria de estar ali no meio do mulherêdo com os meus amigos da praceta, a curtir aquele som e provavelmente a fumar umas berláitas atrevidas.
Depois do concerto pensei em ir à pista de dança ter com o pessoal da pastilha, mas aquilo estava acelerado demais para o meu gosto, fui ao bar buscar um copo e voltei para a nossa mesa onde me envolvi numa conversa com uma miúda Galesa chamada Nicola, que eu julgava ser uma galdéria do caraças mas que até era bastante simpática, e como ela estava meio bezana resolveu dar uma de se confiar a mim. Falava depressa demais, com um sotaque que dava vontade de rir, falava pelos cotovelos e saltava de assunto em assunto mais rápido do que era possível acompanhar. Mas era boa nas horas. Aparentemente via-me com bons olhos, o que me surpreendeu porque não costumávamos falar mais do que dizer Olá e Adeus quando nos cruzávamos. Ela dizia que eu tinha uma maneira diferente de estar na vida e de respeitar a vida dos outros… Concordei mas fiz um ar de quem é falsamente modesto. Ela continuou. Disse que as raparigas do hotel às vezes falavam de mim e do Pete, e que numa noite em que eu não tinha jantado no Hotel tinha sido motivo de conversa depois do jantar. Aparentemente havia um grupo que se sentiam atraídas por mim e que achavam que eu era muito simpático e charmoso, e um grupo que não me curtia nada e que achava que eu era o que as miúdas em Portugal chamariam de convencido. Mas unanimemente achavam-me um dos mais sexy do Hotel.
Eu ouvi-a com a atenção dividida, filtrando o que me interessou e abanando a cabeça que sim ou que não em relação ao resto enquanto alternava entre olhar para pista de dança e olhar para o decote profundamente sexual do vestido dela. Perguntei-lhe em que grupo é que ela estava e ela riu-se, talvez alto de mais, depois disse quase instantaneamente:
“-Me? I’ll shag you anytime you want!”
Inclinou-se na minha direcção, agarrou-me pela nuca e deu-me um beijo na boca.
O Pete que estava ali ao lado fez umas caretas de palhaço ao que eu respondi com um encolher de ombros, mas pessoalmente apeteceu-me estendê-la na mesa e saltar para cima dela!
Ao lado do Pete estava uma tal de Lucy das West Midlands, e que era a companheira de quarto da Nicola, levantou-se num salto, limpou-me o baton da Nicola dos lábios e disse que se a Nicola me beijou ela também queria, e beijou-me também!
Senti-me a corar de vergonha porque as atenções em volta da mesa se tinham virado para mim e toda a gente aclamou pela seguinte, olhando para a Kay. Mas ela riu-se e estendeu-me um Guardanapo de papel para limpar o baton da Lucy enquanto dizia para todos que não era ela a seguinte, mas aproveitou para me morder o lóbulo da orelha quando me disse ao ouvido que pelo menos não ali e não naquele momento.
Mais risos e alguém perguntou à Nicola se ela e a Lucy partilhavam tudo entre elas ou se era só os homens. Respondeu a Lucy dizendo que partilhavam tudo e depois beijou a Nicola na boca o que provocou uma ovação enorme na mesa.
…e a noite lá continuou, os Jack Daniels sucederam-se uns aos outros e já estava com a minha conta. Depois de idas e voltas ao bar, pista de dança, casa de banho e varanda sentei-me outra vez à nossa mesa. Ao meu lado estava uma tal de Andrea, não a conhecia bem mas meti conversa, ela contou que era estudante de enfermagem e eu fiz uma alusão na brincadeira a respeito do mito das enfermeiras, mas ela não sabia o que isso era e eu não lhe podia explicar sem me tornar vulgar.
A Nicola e a Lucy apareceram e a Lucy pediu-nos para tomar conta da Nicola enquanto ela ia ao Bar. A Nicola sentou-se entre mim e a Andrea enquanto a Lucy se afastava...
Passados 10 segundos já estava nos melos com a Nicola outra vez, desta vez demos mãos à liberdade e eu dei asas à imaginação. A ideia de passar a noite no quarto daquelas duas malucas passou-me intensamente pela cabeça.
A Suzy apareceu vinda da pista, aproximou-se do lugar da Andrea, que entretanto se tinha levantado, e suspirando de exaustão deixou-se cair ao nosso lado. Tinha uma garrafa de agua na mão e estava tão transpirada que parecia que tinha acabado de correr a maratona. Bebeu um gole de agua e pelo meio de não sei o quê vinha a dizer perguntou-me pela Kay. Respondi-lhe que a última vez que a tinha visto tinha sido há 10 minutos na pista de dança. Entretanto a Nicola levantou-se para ir procurar a Lucy. A Suzy aproveitou a deixa para me falar da história dos beijos com a Nicola, e entrou a matar perguntando se nós, eu e a Kay, já não estávamos juntos.
Aquilo surpreendeu-me mas simplesmente lhe disse que estava enganada, que eu e a Kay éramos só bons amigos. Entretanto a Andrea aproximou-se na nossa direcção, fez um olhar e afastou-se outra vez. Fiquei com a sensação que ela estava a espera da vez dela ou algo assim.
Nesse instante o Pete acordou da cadeira onde conseguia estar deitado, levantou-se e cambaleou com a Andrea para um canto, e eu insisti com a Suzy para que organizasse lá as ideias dela sem me começar já a casar com a Kay, enfim, levei o engano dela p’ra brincadeira.
Entretanto as massas voltaram a juntar-se em redor da mesa e acho que o ponto mais alto da noite veio a ser quando evitei de justeza que a Lucy me vomitasse no colo, estava sentado ao lado dela e ao vê-la a ficar verde e com uns soluços suspeitos levantei-me no momento certo porque segundos depois tivemos que mudar de mesa.
O Baile chegava assim ao fim e já se começava bastante gente a ir embora. Nós fizemos o mesmo. Tinha-me esquecido do relógio e não fazia ideia que horas poderiam ser.
No exterior uma fila de táxis esperava por clientes, desmarquei-me do pessoal do meu hotel e meti-me num táxi para 4 passageiros com mais 3 gajos do hotel ao lado do meu e conseguimos que um tal de Timmy entrasse para o táxi também e se deitasse escondido aos pés dos que iam no banco de trás… Correu tudo bem até ele começar a vomitar, o que provocou a cólera do taxista e uma bela corrida a atalhar escondidos nos Boscombe Gardens até ao Douglas Towers Hotel.
Quando entrei, ainda a olhar por cima do ombro, encontrei alguns sobreviventes que estavam à conversa no Hall. Os momentos altos do Baile eram passados em revista cada vez que mais alguém entrava. Os que já estavam a dormir devem ter acordado com os risos histéricos da Suzy. Parecia o barulho do recreio de uma escola. Alguém perguntou pela Kay e alguém respondeu que ela se tinha ido deitar. Eu encostei-me a uma parede e acendi um cigarro. A algazarra tomava proporções de directa sem dormir, alias foi mais ou menos nesse momento que o Cozinheiro passou por nós em direcção da cozinha. Isso queria dizer que já eram 6 da manhã.
Gradualmente começou-se a dispersar, eu fui um dos primeiros, não estava particularmente cansado mas estava com vontade de me recolher, talvez ouvir um bocadinhode musica, fumar um cigarro à janela... Passou-me pelo espírito uma vontade enorme de ir ao quarto da Kay ter com ela, mas acabei por me dirigir ao meu quarto. Entrei para o escuro e acendi a luz no modo fraco, o suficiente para ver o vestido preto da Kay atirado para a cima da minha cadeira e os sapatos dela espalhados no chão.
Descalcei-me, desfiz o nó do laço, tirei o casaco e apaguei a luz.
Afinal este é que seria o ponto alto da noite
2 passageiros clandestinos:
Gosto imenso das tuas histórias. Conta mais...
Obrigado XS. Espero que gostes tanto das minhas histórias como eu gosto de as viver, e de as escrever.
Conto mais? O blog já vai tão longo...
Assim de repente esta que aparece uns quantos capítulos antes, e esta, que aparece uns uns quantos capítulos depois...
Bjs
F
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