Energia
"O bom filho a casa torna"
Esta frase tem-me ocorrido recorrentemente nos últimos dias... Não sei se será pelo facto ter voltado à casa onde cresci e de certa forma me reencontrar nas minhas origens, ou se será única e simplesmente por me reencontrar. Seja como for, o bom filho a casa torna, back in black, olha quem voltou a dar um ar da sua graça, olá Francisco, há quanto tempo não te via, estás de férias? Estás cá? Já voltaste de Inglaterra?
'da-se, já voltei de Inglaterra há 6 anos, estou farto dessas perguntas!
Hoje é dia 1 de Agosto, ínicio de mês, ínicio de dia e definitivamente a continuação do ínicio de ciclo (ler uns quantos posts mais abaixo).
...e enquanto o passado não se faz futuro, e ontem não se faz amanhã, com calma e descernimento, encontro em mim a vontade de me sentar na esplanada que me viu crescer, e escrever.
Gosto de vir a esta esplanada, particularmente a esta hora; As pessoas ainda estão em casa a fazer as suas rotinas matinais e eu posso estar aqui sossegado, tomar uma bica e um copo de água, fumar uns cigarros pensativos e escrever o que me apetece escrever, posso inclusive fazer pausas para pensar no que quero escrever sem ter aquelas interferências dos pseudo-betos que gostavam de ser betos tratarem-se todos por "você, sei lá!", dos reformados que falam dos tempos em Africa como se tivessem sido donos daquilo, dos estudantes (que agora estão de férias) aos berros sobre trivialidades de liceu, enfim, das pessoas com quem normalmente interromperia o que estivesse a fazer (escrever), para lhes dar alguma atenção...
Naturalmente só posso fazer isto (vir à esplanada a esta hora) quando me levanto cedo, o que por acaso até costuma ser o caso... mas mesmo sendo passarinho da manhã, nem sempre posso vir para a esplanada, por razões que para mim são óbvias.
Hoje é dia 1 de Agosto, tenho ainda 14 dias para gozar os meus 37 anos e apeteceu-me vir à esplanada do "Kalafrio" logo cedo pela manhã, de chinelos de praia, jeans coçados, camisa de manga arregaçada, com a barba por fazer e com a minha argola na orelha a espalhar o meu "ar de férias", já que o charme não é coisa que eu queira desperdiçar, o meu charme está reservado a ser espalhado por outras paragens, com outro tipo de pessoas, pessoas mais... bonitas.
Há vários mêses que deixei de usar relógio, mas sei que já devem ser 9h porque o Sol ultrapassou o telhado do edifício em frente e invadiu-me como um bando de borboletas adormecidas que apenas algo grandioso como o Sol, o Mar, a Noite e muito poucas outras entidades neste mundo conseguem despertar em mim...
A esplanada começa agora a encher-se de gente de meia-idade, com roupas de cores berrantes, cremes anti-ruga e cheiro a perfumes de marca, gente com os olhos inchados da noite mal dormida a pensar na prestação da casa e mesmo assim com os miúdos dos seus miúdos pela mão porque não há guita para pagar o infantário nas férias da escolinha... mas... é Agosto... Ahh... provavelmente também não há guita para ir para o T1 do costume em Monte Gordo, por isso toca de ir para a esplanada fazer o seu papel de beto e fingir que não se veio aqui em caminho do supermercado "Dia" para comprar esparguete de marca branca para dar o almoço à canalha antes de os obrigar a dormir a sesta para se poder limpar a casa e sentir saudades dos tempos em que se podia vir para a esplanada só para dizer que se tinha dinheiro para manter uma mulher-a-dias a limpar o pó 3 vezes por semana... (Ok, hoje o meu sarcásmo começou mais cedo que é costume, acordei mesmo cedo demais...)
A esplanada começa a ficar com movimento a mais para o meu gosto, estará seguramente quase na hora de eu me pirar daqui.
Entretanto passa-me pela cabeça que tenho a praia a 300 metros de casa, mas a única praia onde me apeteceria ir agora fica a 60 Kms de distância e implicaria atravessar o Rio Tejo... Pensar nisto é culpa do Sol, que à sua maneira também me veio distrair. De qualquer forma sei que tenho montes de tarefas para fazer em casa, entre acabar de montar a mobilia nova e arrumar isto, aquilo e tudo mais, e ainda alguma coisa que me falte arrumar... Ando nisto há mais de 1 mês, mas está quase, 'tá quase...
"I came too far, too far... But I'm too close!"
Falta dizer que apanho aqui uma rede aberta de internet, que é mais uma razão para trazer o computador debaixo do braço em lugar de umas folhas dobradas dentro do bolso.
(...)
Não almocei, comi 2 bananas por cima de um resto frio de salmão grelhado do jantar de ontem. O roupeiro está montado (levou 2 dias) e agora só tenho que colocar lá dentro as minhas roupas todas (o roupeiro é enorme) e fingir que os meus fatos já não têm impregnado um cheiro que nada tem a ver comigo.
Tenho um cheiro novo na vida, o melhor cheiro de todos, suave, calmo, sereno, leve como o bater de asas de uma borboleta, de muitas borboletas.
Apetecia-me ir dar uma volta de Virago, mas a Virago está na garagem em Lisboa e nem por isso me apetece ir agora para Lisboa.... Só ao fim do dia, e vou de carro.
Aqui há uns dias fiz um negócio com uma GTS 1000, mas durou apenas umas horas, bastou-me dar uma volta para perceber que estaria a fazer mau negócio... Foi da maneira que não contraí uma dívida. Depois disso resolvi trocar o meu Civic por um mercedes 190D em relativo bom estado... mas à última hora, após tudo acertado com o dono do stand (um gajo da minha idade a quem eu socorri de apanhar uma tareia de uns hooligans do liceu de Oeiras há 20 anos atrás), o dono do 190D mudou de ideias, e assim como quem não quer a coisa propuz ao dono do stand uma troca-por-troca entre o Civic (que apesar de eu gostar muito dele e de ser um carro altamente bombastico, ainda tem matriculas francesas e eu não tenho dinheiro para empatar a legaliza-lo), e uma Honda VF750F V-Four de 1984, em estado impecavel, que estava lá a um canto do stand. Está feita a troca. Sou oficialmente o dono de um charuto! Outro charuto!
Fico contente por me ver livre do Civic sem ficar com a sensação de que fiquei a perder.
Haja energia para fazer estas coisas e fazê-las com a alma toda cometida no assunto, mas isto da energia e da alma tem pano para mangas, e não me sinto particularmente com energia para estar agora a divagar sobre o assunto... A minha energia está focada nos meus objectivos!
Mas ilustra-se bem com uma analogia relativa a música (outro assunto para divagar) que isto de ter energia não é assim tão linear: A energia que tenho gasto-a naturalmente conforme ela se produz no meu corpo, na minha maneira de ser e de estar na vida... Eu não sou uma pilha duracell que possa acumular energia, por isso se a tenho, gasto-a, manifesto-a, desmultiplico-a em mais energia. Mas estou consciente que a minha energia nem sempre anda a par e passo com a energia do mundo, e por isso mesmo, reconheço-o, tenho estratagemas para acalmar a minha energia (se repetir a palavra "energia" muitas vezes ela começa a perder parte da sua carga intrinseca), e um desses estratagemas é ouvir música calminha que me induza calma e serenidade, e mesmo sem a ouvir reproduzo-a na memória, e acalmo a energia.
A música que não estou a ouvir neste momento acalma-me o corpo e estimula-me o pensamento, o trancendental, o supra-sensorial... o instinto!
...e o instinto diz-me neste exacto momento que... que...
Maldito instinto, maldita percepção, maldito traquejo, filha da puta de paranóia!
A luz está acesa e brilhante! Mas o mêdo do escuro ainda não desapareceu!
...e desta forma, por entre as coisas pequeninas do quotidiano da minha vidinha, faço grandes todos os pequenos momentos, cada brisa é uma tempestade tropical, cada sorriso é uma gargalhada, cada gesto é uma valsa em Viena, e cada suspiro é como se fosse o derradeiro.
Mil razões para continuar a lutar. 1000... infinito +1, sempre +1...
...este post já vai longo.
Esta frase tem-me ocorrido recorrentemente nos últimos dias... Não sei se será pelo facto ter voltado à casa onde cresci e de certa forma me reencontrar nas minhas origens, ou se será única e simplesmente por me reencontrar. Seja como for, o bom filho a casa torna, back in black, olha quem voltou a dar um ar da sua graça, olá Francisco, há quanto tempo não te via, estás de férias? Estás cá? Já voltaste de Inglaterra?
'da-se, já voltei de Inglaterra há 6 anos, estou farto dessas perguntas!
Hoje é dia 1 de Agosto, ínicio de mês, ínicio de dia e definitivamente a continuação do ínicio de ciclo (ler uns quantos posts mais abaixo).
...e enquanto o passado não se faz futuro, e ontem não se faz amanhã, com calma e descernimento, encontro em mim a vontade de me sentar na esplanada que me viu crescer, e escrever.
Gosto de vir a esta esplanada, particularmente a esta hora; As pessoas ainda estão em casa a fazer as suas rotinas matinais e eu posso estar aqui sossegado, tomar uma bica e um copo de água, fumar uns cigarros pensativos e escrever o que me apetece escrever, posso inclusive fazer pausas para pensar no que quero escrever sem ter aquelas interferências dos pseudo-betos que gostavam de ser betos tratarem-se todos por "você, sei lá!", dos reformados que falam dos tempos em Africa como se tivessem sido donos daquilo, dos estudantes (que agora estão de férias) aos berros sobre trivialidades de liceu, enfim, das pessoas com quem normalmente interromperia o que estivesse a fazer (escrever), para lhes dar alguma atenção...
Naturalmente só posso fazer isto (vir à esplanada a esta hora) quando me levanto cedo, o que por acaso até costuma ser o caso... mas mesmo sendo passarinho da manhã, nem sempre posso vir para a esplanada, por razões que para mim são óbvias.
Hoje é dia 1 de Agosto, tenho ainda 14 dias para gozar os meus 37 anos e apeteceu-me vir à esplanada do "Kalafrio" logo cedo pela manhã, de chinelos de praia, jeans coçados, camisa de manga arregaçada, com a barba por fazer e com a minha argola na orelha a espalhar o meu "ar de férias", já que o charme não é coisa que eu queira desperdiçar, o meu charme está reservado a ser espalhado por outras paragens, com outro tipo de pessoas, pessoas mais... bonitas.
Há vários mêses que deixei de usar relógio, mas sei que já devem ser 9h porque o Sol ultrapassou o telhado do edifício em frente e invadiu-me como um bando de borboletas adormecidas que apenas algo grandioso como o Sol, o Mar, a Noite e muito poucas outras entidades neste mundo conseguem despertar em mim...
A esplanada começa agora a encher-se de gente de meia-idade, com roupas de cores berrantes, cremes anti-ruga e cheiro a perfumes de marca, gente com os olhos inchados da noite mal dormida a pensar na prestação da casa e mesmo assim com os miúdos dos seus miúdos pela mão porque não há guita para pagar o infantário nas férias da escolinha... mas... é Agosto... Ahh... provavelmente também não há guita para ir para o T1 do costume em Monte Gordo, por isso toca de ir para a esplanada fazer o seu papel de beto e fingir que não se veio aqui em caminho do supermercado "Dia" para comprar esparguete de marca branca para dar o almoço à canalha antes de os obrigar a dormir a sesta para se poder limpar a casa e sentir saudades dos tempos em que se podia vir para a esplanada só para dizer que se tinha dinheiro para manter uma mulher-a-dias a limpar o pó 3 vezes por semana... (Ok, hoje o meu sarcásmo começou mais cedo que é costume, acordei mesmo cedo demais...)
A esplanada começa a ficar com movimento a mais para o meu gosto, estará seguramente quase na hora de eu me pirar daqui.
Entretanto passa-me pela cabeça que tenho a praia a 300 metros de casa, mas a única praia onde me apeteceria ir agora fica a 60 Kms de distância e implicaria atravessar o Rio Tejo... Pensar nisto é culpa do Sol, que à sua maneira também me veio distrair. De qualquer forma sei que tenho montes de tarefas para fazer em casa, entre acabar de montar a mobilia nova e arrumar isto, aquilo e tudo mais, e ainda alguma coisa que me falte arrumar... Ando nisto há mais de 1 mês, mas está quase, 'tá quase...
"I came too far, too far... But I'm too close!"
Falta dizer que apanho aqui uma rede aberta de internet, que é mais uma razão para trazer o computador debaixo do braço em lugar de umas folhas dobradas dentro do bolso.
(...)
Não almocei, comi 2 bananas por cima de um resto frio de salmão grelhado do jantar de ontem. O roupeiro está montado (levou 2 dias) e agora só tenho que colocar lá dentro as minhas roupas todas (o roupeiro é enorme) e fingir que os meus fatos já não têm impregnado um cheiro que nada tem a ver comigo.
Tenho um cheiro novo na vida, o melhor cheiro de todos, suave, calmo, sereno, leve como o bater de asas de uma borboleta, de muitas borboletas.
Apetecia-me ir dar uma volta de Virago, mas a Virago está na garagem em Lisboa e nem por isso me apetece ir agora para Lisboa.... Só ao fim do dia, e vou de carro.
Aqui há uns dias fiz um negócio com uma GTS 1000, mas durou apenas umas horas, bastou-me dar uma volta para perceber que estaria a fazer mau negócio... Foi da maneira que não contraí uma dívida. Depois disso resolvi trocar o meu Civic por um mercedes 190D em relativo bom estado... mas à última hora, após tudo acertado com o dono do stand (um gajo da minha idade a quem eu socorri de apanhar uma tareia de uns hooligans do liceu de Oeiras há 20 anos atrás), o dono do 190D mudou de ideias, e assim como quem não quer a coisa propuz ao dono do stand uma troca-por-troca entre o Civic (que apesar de eu gostar muito dele e de ser um carro altamente bombastico, ainda tem matriculas francesas e eu não tenho dinheiro para empatar a legaliza-lo), e uma Honda VF750F V-Four de 1984, em estado impecavel, que estava lá a um canto do stand. Está feita a troca. Sou oficialmente o dono de um charuto! Outro charuto!
Fico contente por me ver livre do Civic sem ficar com a sensação de que fiquei a perder.
Haja energia para fazer estas coisas e fazê-las com a alma toda cometida no assunto, mas isto da energia e da alma tem pano para mangas, e não me sinto particularmente com energia para estar agora a divagar sobre o assunto... A minha energia está focada nos meus objectivos!
Mas ilustra-se bem com uma analogia relativa a música (outro assunto para divagar) que isto de ter energia não é assim tão linear: A energia que tenho gasto-a naturalmente conforme ela se produz no meu corpo, na minha maneira de ser e de estar na vida... Eu não sou uma pilha duracell que possa acumular energia, por isso se a tenho, gasto-a, manifesto-a, desmultiplico-a em mais energia. Mas estou consciente que a minha energia nem sempre anda a par e passo com a energia do mundo, e por isso mesmo, reconheço-o, tenho estratagemas para acalmar a minha energia (se repetir a palavra "energia" muitas vezes ela começa a perder parte da sua carga intrinseca), e um desses estratagemas é ouvir música calminha que me induza calma e serenidade, e mesmo sem a ouvir reproduzo-a na memória, e acalmo a energia.
A música que não estou a ouvir neste momento acalma-me o corpo e estimula-me o pensamento, o trancendental, o supra-sensorial... o instinto!
...e o instinto diz-me neste exacto momento que... que...
Maldito instinto, maldita percepção, maldito traquejo, filha da puta de paranóia!
A luz está acesa e brilhante! Mas o mêdo do escuro ainda não desapareceu!
...e desta forma, por entre as coisas pequeninas do quotidiano da minha vidinha, faço grandes todos os pequenos momentos, cada brisa é uma tempestade tropical, cada sorriso é uma gargalhada, cada gesto é uma valsa em Viena, e cada suspiro é como se fosse o derradeiro.
Mil razões para continuar a lutar. 1000... infinito +1, sempre +1...
...este post já vai longo.
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