segunda-feira, fevereiro 07, 2005

A adaptação dos sentidos

Vejo uma mancha, uma tonalidade de cinza que tinge o ecran... Não vejo nada sem óculos.

Ouço música, sinto o cheiro do Verão ainda distante, falo sózinho e toco no mundo.

Vejo a vida assim, enublada.

O princípio foi há tanto tempo, foi um começo, fartei-me de o escrever, descrever, re-escrever, ler e re-ler... Fartei-me de o viver, intensamente, re-viver apaixonadamente, e lembrar, eternamente. Escrever mais, e mais, e mais...

Escrever até vir um re-começo, vem sempre...

"E entretanto o tempo fez cinza da brasa

e outra maré cheia virá da maré vaza

nasce um novo dia e no braço outra asa"


Já me acusaram de viver atormentado com o meu passado, como se o passado fosse um mal que me consome, um virús que me deteriora por dentro, um ácido que me corrói a alma... Acusaram-me, senti-o, acusaram-me de viver no engano que o passado é muito bom. Acusaram o meu passado de ser fonte do meu mal... Acusaram-me de ver e re-ver no passado alguém que já não sou.

Não vejo mais do que uma mancha de cinza que tinge o ecran, mas ouço os putos que gritam e brincam à minha volta, sinto o cheiro do fumo do cigarro, falo sózinho e martelo nas teclas com força demais.

Sinto o passado e sei porque sou assim. Sinto o presente e sinto quem sou, lembro o (meu) passado e sei exactamente porque sou assim, e sei para onde vou.

2 passageiros clandestinos:

Anonymous Anónimo chamou a hospedeira e disse:

...e gosto de ser assim!

3:36 da tarde  
Anonymous Anónimo chamou a hospedeira e disse:

E acho mto bem :)
Se tu não gostares de ti, quem gostará?

7:29 da tarde  

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