sexta-feira, janeiro 04, 2013

Pequenos prazeres de Segunda a Sexta

Este barzinho novo que descobri no centro de Santa Maria da Feira, onde venho quase religiosamente todos os dias tomar o cafézito depois do almoço, é um local que prima por ter um conjunto de atributos que fazem dele - no compto da minha particular e exigente apreciação de cafés - um local que atinge elevada e surpreendente classificação.
Dito desta forma, para quem não conheça o local a que me estou a referir, até parece que se trata de uma repartição pública... mas não, nada disso. É um elegante café situado bem no centro da zona nobre da cidade, perto do Castelo, da Câmara Municipal, dos bancos, da zona pedonal e das lojas tradicionais, dos bares e cafés. É certo que um barzinho assim catita fica situado num local que é algo suspeito, pois para mim, este é um establecimento que se preferiria que estivesse escondido e protegido da populaça, num canto escuro de uma viela secundária, numa travessa, ou numa rua secundária... Contudo, aqui está ele, plantado à vista do mundo, e no entanto é um local naturalmente selecto, quase elitista, e é-o à descarada.
É curioso como me agrada tudo aqui dentro: Desde o gosto do café que tem travo a caramelo e canela, à doçaria caseira que apela a um certo pecado de ex-fumador que há em mim. Quanto ao local em si, gosto da disposição do espaço onde se articulam diferentes ambientes que tanto nos fazem sentir que estamos na sala de estar da casa de um amigo, como no lobby de um Hotel vintage onde a decoração retro nos atira para o elegante de um café classico do início do Sec. XX, misturando o charme da confeitaria tradicional com o dinâmico de uma galeria de arte deco.
Os clientes, alguns que reconheço já como habitués, são na sua maioria gente bonita e bem vestida. Depois há a música - critério determinante para mim - que torna o ambiente agradavel e de constante bom gosto, com escolhas elegantes, virtuosas, distintas e em nada comerciais, tocando em volume de som adaptado ao espaço e, na variedade, a concorrer com as minhas próprias prateleiras de CDs lá de casa. Já me aconteceu perguntar que CD estaria a tocar e disso fazer registo para posteriormente perscrutar novos sons.
Há ainda que mencionar a empregada de mesa, verdadeira piéce de résistance, simpática, eficiente, gira e um naco do caraças, que só não me faz levantar os olhos do Jornal cada vez que passa pela minha mesa porque eu já deixei de ser o galifão de outrora, mas faz-me sorrir quando vou à caixa pagar a minha despesa e me trata por Senhor, despedindo-se com um semi-formal "até à próxima".
Mais locais houvesse como este, eu até conheço alguns, noutras cidades, noutros países, noutras décadas, mas não por estes lados. Este por agora é um dos meus preferidos do momento.

0 passageiros clandestinos:

Chamar a hospedeira para Enviar um comentário

<< Regressar ao cockpit