sábado, setembro 22, 2012

Da dinâmica do conflito

Vá-se perceber estas coisas da vida... tente-se...
Carrocel mágico onde se pode andar em estado de permanente hipnose amnésica, ou de onde até se pode tentar sair, mas apenas para se andar condenado a um estado de medo psicótico de encarar a realidade, e assim lidar com a vida sem uma luz acesa no tablier como alerta para a deturpação sensorial e cognitiva que é resultante de estados de dormência de onde nunca se conseguiu verdadeiramente acordar... Tudo isto se passa em meu redor, presencio-o à distância segura de só disso ouvir falar, ou então leio-o... pois.
As pessoas fazem-me pena, a sério, por mais que me iluda em pequenas medalhas de admiração que atribua a outros, a este ou a aquele individuo (sem que sequer disso suspeitem), a verdade é que acabam por, mais tarde ou mais cedo, demonstrar fragilidades inuteis e cobardes, e deitar assim por terra as pequenas construcções que eu faço e que me permitiam olhar e apreciar sem sentir o peso e desconforto da ausência de sentimento, da violência da indiferença.
Sentimento que em pouco ou nada abona por mim.
Ao longo da vida sempre me vi confrontado com admiração de outras pessoas... uso o termo "confrontado" consciente de estar a ilustrar um estado de surpresa pelas apreciações que me atiram para cima e que - sem falsa modéstia - por vezes tenho que rebuscar para identifica-las em mim, fazer um escamotear de mim, na minha natureza... Dizem-me que tenho um "coração enorme"... Hmmm...
Sim... mas já foi maior, ou pelo menos já foi mais competente na sua função de me engrandecer, mais do que de o colocar em prática - que isso é espontaneo e não carece registo - mais do que meramente enquanto orgão que personifica a responsabilidade pelos actos, pelo altruismo et al.
Passei grande parte do ano que passou a desejar sair da letargia onde me refugiei... Sou advogado da teoria do conflito como fonte de desenvolvimento, uma dinâmica onde o caos é apenas um momento efémero que sucede ao destruir e antecede o reconstruir. Um fenómeno que apenas é possivel quando se escolhe sair do tal Carrocel mágico, e encarar o medo, vencê-lo.
Moro a uns bons 200 metros da minha garagem. Tenho que passar por uns espaços de escuridão urbana, todos os dias, entre a garagem e a entrada do prédio, escadas e tuneis e esquinas e outros locais mal iluminados a convidarem à emboscada... Lembro-me que durante boa parte de meio ano desejei que alguém me viesse trazer essa dinâmica do conflito... Um assalto, uma briga, um ajustar de contas, alguém que se sentisse ultrajado por mim, que me viesse pedir satizfações... Alguem em quem eu pudesse focar e despejar toda a raiva acumulada e controlada durante tanto tempo... Lembro-me que desejei um individuo em particular, desejei que lhe tivese crescido uma espinha dorsal ou que lhe nascesse testosterona nos tomates para me vir desafiar, assim à matreiro como parece ser a sua maneira de ser... Ora ora, já me contentava com um qualquer cobardolas traiçoeiro daqui do burgo.
Mas não... foi mesmo uma vitória pirrica.
Gradualmente, com o avançar dos mêses, a raiva esvaneceu, e pouco a pouco permiti que se aproximassem de novo de mim. A muralha que se erga em redor de si para manter os outros do lado de fora tem o efeito perverso de não nos deixar sair para fora da muralha, sei isso perfeitamente bem.
Como dizem os Marillion: "...or you could love", algo que tem uma dinâmica de conflito muito mais fixe e productiva!


 

1 passageiros clandestinos:

Blogger Sa(ha)ra chamou a hospedeira e disse:

A raiva é já por si uma "argamaça" que alteia muros...que rouba a própria luz do sol.


A MARAVILHOSA LUZ DO SOL...

Repara, o Sol é criador de vida, mas também queima.
Tudo tem a ver com a nossa "exposição".

Vida e Morte na mesma energia...

:-)
beijo

11:26 da manhã  

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