sexta-feira, janeiro 06, 2012

Com a cozinha quase arrumada...

A minha amiga de 20 anos ligou-me ao fim da tarde e desta vez eu atendi o telefone. Embora eu ainda tenha na mente a Primavera que ela me trouxe no Outono mas também o Novembro que ela me trouxe em Dezembro, acedi a tomar um chá cá em casa, sem compromisso, sem os stresses de outras edições e sobretudo sem água no bico! Lourosa fica a 30 minutos daqui, alguém lhe deu uma boleia e chegou quando eu ainda estava lavar a louça do jantar. Ajudou-me a apanhar a roupa seca do estendal que eu já tinha trazido do terraço antes que o orvalho da noite lhe caisse em cima (dobrou-me os boxers de uma forma assustadoramente familiar e eu lembrei-me imediatamente das palavras de uma outra amiga, e sorri por dentro como sorrio sempre para as palavras que essa amiga me diz). A última vez que a minha amiga de 20 anos cá esteve foi memorável, por mais do que um incidente; Começou a noite com uma cabeçada na parede por se ter atirado encarpada para cima da cama, e acabou a noite em soluços e desculpas por algo que deixou escapar na conversa de almofada e que eu dispensava saber a posteriori, ou que preferia ter sabido em preâmbulo (e nunca cheguei a escrever sobre esse assunto)... Adiante. Estive para lhe preparar a cadeira que a minha vizinha me emprestou (a do pratinho de sonhos e do arroz doce encruado) e esperar que a perna bamba da cadeira se soltasse quando ela se fosse a sentar, mas tive pena e apertei bem a perna da cadeira para depois não ter que limpar o chá entornado... Ela pergunta-me frequentemente porque é que eu vivo num apartamento sem mobília nenhuma, e eu respondo que é porque sou precário e que fiz um voto de pobreza e de castidade (cof cof). A verdade é que me divirto com ela, ela é de facto muito divertida e bem disposta, e o tal Novembro até passou despreocupado e ficou só a informação que me permite agora fazer a escolha de não escolher, por coerência, ética pessoal e princípio, algo que nos dias de hoje vale só o que vale... Contei-lhe sobre a minha amiga de 40 anos, de como ela mora longe e de como gosto de estar com ela e ela parece que gosta de estar comigo e estas palavras fazem um eco estridente na minha cabeça pela bagagem da inevitavel coincidência que ainda arrasto no meu percurso, argh... Apreciei a maturidade com que me ouviu sem torcer o nariz ou sem se colocar numa posição hostil, já não estava habituado a este tipo de reacções descentradas de si mesma.
Enquanto ela me contou como passou a quadra natalícia eu preparei um bule sem tampa com o último pacotinho de chá de Caramelo que servi num tabuleiro de plástico (é o que temos) com biscoitos paupério, bolachas maria, manteiga e doce de abóbora e marmelada da Mamã. Como chavenas usei duas das minhas canecas da coleção de canecas dos marillion (outra razão para não lhe armadilhar a cadeira) e aproveitei para usar o açucareiro com o açucar em cubos que trouxe de Nice. Desta vez não precisei de a convencer tirar o calçado da rua e a usar um dos pares de chinelos coloridos do IKEA que tenho para visítas, ficam-lhe a boiar.
Foi um serão diferente, tenho consciência que mesmo trabalhando 10 horas por dia passo muito tempo sozinho e no entanto gosto de ficar calado a ouvi-la falar sobre as coisas que os 20 anos lhe mostram a descobrir da vida, num delicioso e inteligente misto de experiências precoces e de ingenuidade inocente, para não falar do decote altamente pornografico de onde episódicamente me distraí apenas para comparar o efeito provocado em mim ao olhar para o também escandaloso par, copa DD, da Joana Amaral Dias, num debate político sem som que passava na RTPi.
Por volta das onze constatei que fiz muito bem em antecipar o chá para hoje e não para amanhã como foi inicialmente sugerido ao telefone, e ajudado pela desculpa de lhe mostrar o meu carro novo (Ah, é verdade, comprei um carro na semana passada, está muito frio para andar de mota) levei-a a casa da irmã, nas Fontainhas, do outro lado dos 3 quilometros quadrados desta enorme cidade-bidé. No regresso contemplei passar pelo barzinho, mas já se avizinhava a meia-noite e amanhã é dia de escola...

11 passageiros clandestinos:

Blogger Smootha chamou a hospedeira e disse:

Enganei-me...
Aliás: engasguei-me! Há muito tempo que não ria tanto com um post teu.
Beijo daqueles, na testa.

2:02 da manhã  
Blogger Piloto Automatico chamou a hospedeira e disse:

Pois... Há de facto uma constância de fait-divers que alegram os meus dias. Porventura estarei a recuperar (também) a minha normalidade.
Beijos daqueles (a começar na testa)
F

1:45 da tarde  
Anonymous Anónimo chamou a hospedeira e disse:

Para quem detesta a cidade-bidé e cheia de ferrugem estás a passar por lá mais tempo do que o que devias, não? Podes voltar para Sul, ninguém se importa.

9:14 da tarde  
Blogger Piloto Automatico chamou a hospedeira e disse:

Caro comentador anónimo, por vezes há que se ter saído um bocadinho do seu quarteirão antes de se poder ter uma opinião abrangente de quem está ou vem de fora. Nitidamente não é o teu caso.
Utilizo a expressão "bidé" sem tom depreciativo mas sim para ilustrar a pequena dimensão deste que é o menor concelho do país (candidato a ser brevemente extinto e passar a ser integrado num concelho aqui ao lado).
Eu não detesto esta cidade, pelo contrário, já a conheço há mais de 20 anos e moro cá vai para 3 (como imagino que saibas).
O que detesto é um certo tipo de pessoas que cá há, por vezes mais perto do que pensávamos disfarçados de não-sei-quê, cujas caracteristicas de falsidade, cobardia, deslealdade, atitudes traiçoeiras, invejas, jogos de interesses e desdém, que pautam as suas vidas e as interações com os que os rodeiam, e que acabam elas sim por dar mau nome às gentes tradicionalmente trabalhadoras desta cidade.
O teu comentário escondido no anónimato é apenas um fraco exemplo do que acabei de descrever, porque podias sempre tentar ter a frontalidade de me dizer isso em pessoa, mas se calhar falta-te a espinha...
Em todo caso volta sempre, tentarei usar expressões que não firam a susceptibilidades e bairrismos, porque mal ou bem, eu respeito quem defende aquilo e quem tem, sobretudo quando isso é tudo o que tem.

9:46 da tarde  
Blogger nêspera chamou a hospedeira e disse:

Ufff...
Ficares abespinhado com um comentário anónimo é como ficares azucrinado a ouvir Marillion! Tem dó ;)

Não faças a vontade ao homem. Não voltes para sul! :D

Bjis :)

12:40 da manhã  
Blogger Piloto Automatico chamou a hospedeira e disse:

Nêspera: Uma pessoa que ache que a vida é feita com base no que os outros se importam, é pequena demais para fazer registo.
Bjs
F

9:13 da manhã  
Anonymous Solitude chamou a hospedeira e disse:

na minha opinião o comentador anónimo deve ser uma mulher e não um homem
mas não tenho nem quero ter nada a ver com isso e muito menos com as pessoas envolvidas

1:00 da tarde  
Blogger nina chamou a hospedeira e disse:

Este comentário foi removido pelo autor.

2:04 da tarde  
Blogger Piloto Automatico chamou a hospedeira e disse:

Costumo usar a expressão "O mundo é um bidé" para ilustrar coincidências improvaveis. No contexto do meu post ilustrava a que esta cidade é muito pequena geograficamente - Facto! - e nada mais.
Outra expressão que tenho usado frequentemente é "dar pérolas a porcos", é recorrente.

(assunto encerrado, please?)

1:41 da tarde  
Blogger Eurídice chamou a hospedeira e disse:

Se a Joana Amaral Dias tivesse sido tua psicoterapeuta em vez de minha presume que as melhoras no fim de cada sessão fossem poucas ou nenhumas... :)

11:52 da manhã  
Blogger Piloto Automatico chamou a hospedeira e disse:

Eurídice: Se a JAD fosse minha psico-coiso ou outra coisa qualquer, nem quero imaginar como seriam os fins de sessão...

12:28 da tarde  

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