quinta-feira, setembro 22, 2011

Formicídio

Matei uma formiga... Eu nunca mato formigas, nunca mato insectos de um modo geral, ocasionalmente uma ou outra melga que se enxota, por vezes com dolo, mas nunca mato animais, evito pisar formigueiros ou interferir com tocas e ninhos, é uma opção.
Matei uma vez um pardal, com uma pressão de ar, tinha 14 anos, fiquei traumatizado, nunca mais matei um animal.
Recentemente, no meio de nenhures, por acto de misericórdia, matei um cão que tinha sido atropelado e abandonado em agonia na beira da estrada, matei-o com as minhas mãos, com a maior suavidade possivel, deixei-o ir, senti o último suspiro, ouvi o último bater de coração, e vi os olhos ternurentos a olhar para mim, a luz a apagar-se... Não fiquei particularmente traumatizado, mas senti-me particularmente Humano, sem qualquer adjectivo adicional.
Mas hoje, num vaso da varanda, matei uma formiga, nem reflecti, matei-a em modo automático sem contemplação, matei uma formiga no vaso onde tenho observado nos últimos meses o desenvolvimento de uma aranha que lá reside...
Eu matei uma formiga...
Estarei alterado?

8 passageiros clandestinos:

Anonymous Anónimo chamou a hospedeira e disse:

Mataste a formiga e agora a aranha vai passar fome!

1:29 da tarde  
Blogger Piloto Automatico chamou a hospedeira e disse:

Obrigadinho pelo comentário

1:31 da tarde  
Anonymous Anónimo chamou a hospedeira e disse:

Pronto, evitaste que a formiga fosse devorada viva, está melhor assim?

7:53 da tarde  
Blogger Piloto Automatico chamou a hospedeira e disse:

Não, não está bem assim, as formigas têm ácido fórmico que não é tolerado pelas aranhas. As aranhas não comem formigas, aprendi isto na escola!

(PS: não há um nomezinho ou uma sigla qq para destacar o anónimo dos demais?)

9:09 da tarde  
Anonymous Anónimo chamou a hospedeira e disse:

Mais depressa apanhas aí "gente" que mata animais por prazer, lazer, ignobilidade ou ignorância pura.
E depois há o que fizeste, num acto tremendo de coragem (eu não a tive e nem sei se a teria, assim, a cru...) em que acabaste com o sofrimento de um animal que estupidamente alguém atropelou e o deixou à sua sorte.
Há uma ou outra qualidade tua que me faz ter orgulho de ter privado contigo.
E depois há os defeitos, mas aí, a primeira pedra não é minha (been there, done that).

Anaónima

4:25 da tarde  
Blogger Piloto Automatico chamou a hospedeira e disse:

Anaónima (algo me diz que não és a pessoa anónima dos outros comentários):

Foram 3 dias muito intensos esses, emergentes e com apelo a muito sangue frio, o cão foi apenas um episódio menor comparado com a noite anterior (estarei sempre agradecido por teres estado lá, pela presença e testemunho)!
Em resposta passo o lugar-comum de que todos temos qualidades e defeitos. Pessoalmente ando cada vez mais consciênte dos meus defeitos, o que paradoxalmente me desiquilibra a atenção que devia tomar em manter "uma ou outra" qualidade que tenha, mas que não posso -apercebo-me- tomar como garantida(s), porque como dizia Rousseau: "O Homem nasce puro, e a sociedade corrompe-o".
Perante isto, adaptamo-nos o melhor que sabemos, defendemo-nos se formos atacados e infligimos mal sem qualquer contemplação do alheio. Tudo isto é arbitrário, temos sempre a escolha entre o bem e o mal, e de não cometer erros, mas nem sempre temos a escolha de escapar às consequências dos erros (para não falar em danos colaterais).
Espero que as minhas pedras te tenham ajudado a construir um castelo, pois as tuas, trago-as todas aqui comigo, são pedras preciosas.
Bjs
F

7:28 da tarde  
Anonymous Anónimo chamou a hospedeira e disse:

O outro anónimo/a sou eu e não sabia isso do ácido fórmico.

simplesmente anónimo/a

4:36 da tarde  
Blogger Piloto Automatico chamou a hospedeira e disse:

Está-se sempre a aprender ;-)

8:34 da tarde  

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