Bom dia,
Ontem abordei-te fora de horas, e desde já te peço desculpa por te ter incomodado com isso (nem me ocorreu que poderias não estar sozinha, ou que poderia acordar o teu filho), mas peço desculpa também por de algum modo te ter colocado num papel que já não é teu, e ter com isso suscitado porventura sentimentos desconfortáveis. Se foi o caso, lamento, a intenção não era essa, de todo, nem era nenhuma em particular, mais do que um acto de desespero momentâneo, e acabou por ser naquele momento todo o nada com que me iludi para me acalmar... As pessoas na vida têm momentos de fraqueza, e eu nunca consegui esconder muito bem os meus. Sei que não prejudico ninguém com isso, não mais do que me prejudico a mim próprio, porque me exponho a uma espiral de desconsiderações, subestimações e chacotas, algo que eu sei que com um bocadinho de dissimulação e de cinismo, se os tivesse, eu conseguiria facilmente evitar... Penso que ontem a escolha recaiu em ti pela paradoxal conveniência da distância - geográfica e temporal - e pela inevitável comparação, porque não obstante as escolhas que fiz, e que mantenho(!), por vezes faz-me falta que me conheçam como tu a determinada altura me conheceste, e que com isso me compreendam sem sucumbirem ao julgamento fácil e à inevitável paulada da acusação sumária. Faz-me sobretudo falta que me aceitem sem me quererem moldar em algo que eu não sou, sem me castrarem a voz e a vontade, sem me esventrarem a joie de vivre, enfim, sem me matarem a inspiração e sem me amarrarem a capacidade de iniciativa com uma corda tecida de medos que não são meus... estou a divagar... Não foi necessariamente isto que vi em ti no passado, nem o que procurei ontem...
Adiante
Talvez nem adivinhes mas tenho andado a contemplar contactar-te um dia destes, num formato e conteúdo diferentes do de ontem, consigo até visualiza-lo, não sei bem porquê, talvez porque para mim faz todo o sentido, e faz sentido partilhar os fait-divers da minha vida contigo (que a determinada altura aceitaste sem me julgar) e partilhar-te com a vida que tenho (que a determinada altura me pareceu aceitar o meu passado). Não ouso contudo sugerir que partilhes a tua vida comigo, porque a conquistaste, não ousaria interferir… mas acompanho, esporadicamente, à distância, sorrio, tranquilizo-me, e disfarço uma chama de orgulho que se acende e que espero que de algum modo te acalente e te dê animo para avançares ainda mais, e enquanto a minha vida avança também e a tua vida avança, é tudo o que posso fazer sem começar a cantarolar "The Invisible Man", porque as chicotadas na alma doem menos quando estou a cantar…
Fica bem, Páscoa feliz
F
Ontem abordei-te fora de horas, e desde já te peço desculpa por te ter incomodado com isso (nem me ocorreu que poderias não estar sozinha, ou que poderia acordar o teu filho), mas peço desculpa também por de algum modo te ter colocado num papel que já não é teu, e ter com isso suscitado porventura sentimentos desconfortáveis. Se foi o caso, lamento, a intenção não era essa, de todo, nem era nenhuma em particular, mais do que um acto de desespero momentâneo, e acabou por ser naquele momento todo o nada com que me iludi para me acalmar... As pessoas na vida têm momentos de fraqueza, e eu nunca consegui esconder muito bem os meus. Sei que não prejudico ninguém com isso, não mais do que me prejudico a mim próprio, porque me exponho a uma espiral de desconsiderações, subestimações e chacotas, algo que eu sei que com um bocadinho de dissimulação e de cinismo, se os tivesse, eu conseguiria facilmente evitar... Penso que ontem a escolha recaiu em ti pela paradoxal conveniência da distância - geográfica e temporal - e pela inevitável comparação, porque não obstante as escolhas que fiz, e que mantenho(!), por vezes faz-me falta que me conheçam como tu a determinada altura me conheceste, e que com isso me compreendam sem sucumbirem ao julgamento fácil e à inevitável paulada da acusação sumária. Faz-me sobretudo falta que me aceitem sem me quererem moldar em algo que eu não sou, sem me castrarem a voz e a vontade, sem me esventrarem a joie de vivre, enfim, sem me matarem a inspiração e sem me amarrarem a capacidade de iniciativa com uma corda tecida de medos que não são meus... estou a divagar... Não foi necessariamente isto que vi em ti no passado, nem o que procurei ontem...
Adiante
Talvez nem adivinhes mas tenho andado a contemplar contactar-te um dia destes, num formato e conteúdo diferentes do de ontem, consigo até visualiza-lo, não sei bem porquê, talvez porque para mim faz todo o sentido, e faz sentido partilhar os fait-divers da minha vida contigo (que a determinada altura aceitaste sem me julgar) e partilhar-te com a vida que tenho (que a determinada altura me pareceu aceitar o meu passado). Não ouso contudo sugerir que partilhes a tua vida comigo, porque a conquistaste, não ousaria interferir… mas acompanho, esporadicamente, à distância, sorrio, tranquilizo-me, e disfarço uma chama de orgulho que se acende e que espero que de algum modo te acalente e te dê animo para avançares ainda mais, e enquanto a minha vida avança também e a tua vida avança, é tudo o que posso fazer sem começar a cantarolar "The Invisible Man", porque as chicotadas na alma doem menos quando estou a cantar…
Fica bem, Páscoa feliz
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