sexta-feira, novembro 10, 2006

Le fabuleux alarme anti-viol

Estudei em França e em Inglaterra num programa de Dupla-Licenciatura de Gestão e Relações Internacionais que me obrigou a passar 8 anos fora de Portugal.
Inspirado num post da PeCoLa lembrei-me de um episódio que se passou comigo no meu 2º ano, estava na École Supérieure de Commerce de Bordeaux e para a disciplina de Marketing estratégico tinhamos que fazer um trabalho de grupo que consistia em fazer a simulação do lançamento de A a Z de um produto, desde o desenvolvimento até à comercialização, passando por todas as etapas. O produto teria que ser ou inovador ou pelo menos novo no(s) mercado(s) em que fosse lançado.No meu grupo, para além de mim estavam 2 alemães, 1 francesa e 1 espanhol. Não demorei muito a incompatibilizar-me com os alemães e propuz à professora fazer o trabalho sózinho. Embora com reserva (porque a avaliação desse trabalho validaria um semestre) ela aceitou.
Mãos à obra e, após várias noitadas solitárias na biblioteca chegou o dia de fazer a apresentação do meu trabalho, do meu produto inovador. Notei que havia expectativa pelo facto de eu ter feito sózinho o trabalho de 5 pessoas, mas mal anunciei o meu produto instalou-se um certo ar de gozo no anfiteatro.
O que me ocorreu foi um alarme pessoal anti-violação (A ideia surgiu por esse dispositivo, que não existe em França, existir de facto em Inglaterra sendo inclusive distribuido gratuitamente pelas Universidades às alunas).
A presentação correu bem e estavam bem defendidas todas as etapas do “lançamento” do meu produto. Durante a apresentação socorri-me de algumas passagens lúdicas para descartar a carga emocional inerente a um produto daquela natureza. Serviu para aliviar a pressão. No fim, em género de remate, libertei algumas estatisticas que recolhi sobre a criminalidade em França, nomeadamente sobre violações. Assim, tendo préviamente contado que havia 19 raparigas na audiência (20 com a professora, que por sinal estava grávida), anunciei que estatisticamente, em França, 1 em 10 mulheres será violada pelo menos uma vez durante a vida. Os ânimos acalmaram, depois personalizei a coisa anunciando que das 20 mulheres presentes, estatisticamente “duas de vocês já foram ou vaõ ser violadas”. Pausa... Silêncio... Alguns rapazes esboçaram sorrisos e risos maliciosos. “O que quer dizer que estatisticamente, dois de vocês serão os violadores”. Pausa... Silêncio...
...e um aplauso que ainda hoje me faz sentir orgulhoso.
Passados 2 anos, estava em Inglaterra no 4º ano e cruzei-me com um gajo do 3º ano do meu curso, acabadinho de chegar de França. Perguntei-lhe sobre professores e cenas da Escola e das aulas e sobre a tal professora, se tinha tido menino ou menina? Falamos sobre os trabalhos de grupo e ele contou-me que adorava essa disciplina e adorou esse trabalho, e que a professora tinha dado o exemplo de um estudante do 4º ano que tinha feito o trabalho sózinho sobre... e eu interropi-o “...um alarme pessoal anti-violação”. O Chavale ficou parvo, por estar a falar comigo, tinha sido o meu trabalho e o “meu” produto que a professora usara como exemplo para os caloiros.
Aí sim senti-me verdadeiramente orgulhoso, os aplausos tinham servido apenas massajar o ego.
Acho que tive 17 a Marketing nesse semestre.

4 passageiros clandestinos:

Anonymous Anónimo chamou a hospedeira e disse:

Eu estudei no industrial de Ribeirão Preto, e a gente roubava os vidros de azeitona da cantina. Bem, achei que seria legal dizer isso, rsrs

1:18 da manhã  
Blogger Miguel chamou a hospedeira e disse:

Antes de mais Parabéns pelo novo look ...

Gostei muito do Calimero ...!
Uma verdadeira e boa memória dos meus tempos de universidade!

È bom sentirmos que um dia ficámos na história ou deixámos um marco!

Também sempre gostei de trabalhar sózinho! Não sei, parece que temos mais liberdade ...!

Um abraço da matilde e cª!

9:40 da manhã  
Anonymous Anónimo chamou a hospedeira e disse:

Deves ser perfeccionista naquilo que fazes, não? :)

p.s. Prazer e Trabalho - o segredo para o sucesso.

11:55 da manhã  
Blogger Rantanplan chamou a hospedeira e disse:

És Português e basta.

1:20 da tarde  

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