A minha porta está sempre aberta
Uma amiga que escreve num blog que gosto de ler escreveu isto no dia em que eu ilustrei o meu estado de alma, para a minha cara metade, com um desenho de uma muralha, algo que ergo constantemente em meu redor...
Obrigado Encandescente, não me conheces mas conheces-me tão bem.
"Era uma vez um homem que vivia num armário. Ninguém se lembrava já porque vivia o homem no armário ou quando nele se fechara.
Uma manhã ao levantar-se a mulher não o viu deitado e estranhando procurou-o, era cedo ainda para ele se levantar.
Encontrou-o sentado no chão do armário, ar calmo e sereno, e em resposta à pergunta, “que fazes aí?”, ele, voz firme e decidida respondeu, “não saio mais daqui”.
Não deu razões nem explicações, ficou sentado sem levantar o olhar.
A mulher falou-lhe dos filhos, de planos, trabalhos e necessidades, em lágrimas e com pragas maldisse vida e a decisão que ele tinha tomado, ameaçou chamar um médico porque ninguém no seu juízo perfeito se fecha num armário, ele, a tudo nada disse, apenas encolhia os ombros.
Durante dias a fio a mulher tentou convencê-lo a sair do armário, ou pelo menos, pedia-lhe, “deixa a porta aberta” ele nada respondia. Ela falava-lhe do mundo, dos dias de sol, das pessoas que perguntavam, “onde está o seu marido?” ele encolhia os ombros e fechava a porta.
Os meses passaram dentro e fora do armário, não com a mesma medida porque o tempo não é tempo para quem se fecha, as estações não mudam quando o tempo está parado e um ano é um dia e um dia uma hora.
A passagem do tempo notou-a ele nas palavras da mulher, cada vez mais raras, nos passos dela a cada dia mais cansados e no silêncio a cada dia maior.
Um dia os passos deixaram de se ouvir no outro lado do armário mas tinha já passado tanto tempo desde que se fechara que esquecera chave e porta e gestos de abrir.
“Talvez alguém venha”, pensou ele, mas não se lembrava já de ninguém e ninguém no tempo o lembrava.
Só então entendeu, “a porta que fechei e não me lembro, devia tê-la deixado entreaberta”."
Obrigado Encandescente, não me conheces mas conheces-me tão bem.
"Era uma vez um homem que vivia num armário. Ninguém se lembrava já porque vivia o homem no armário ou quando nele se fechara.
Uma manhã ao levantar-se a mulher não o viu deitado e estranhando procurou-o, era cedo ainda para ele se levantar.
Encontrou-o sentado no chão do armário, ar calmo e sereno, e em resposta à pergunta, “que fazes aí?”, ele, voz firme e decidida respondeu, “não saio mais daqui”.
Não deu razões nem explicações, ficou sentado sem levantar o olhar.
A mulher falou-lhe dos filhos, de planos, trabalhos e necessidades, em lágrimas e com pragas maldisse vida e a decisão que ele tinha tomado, ameaçou chamar um médico porque ninguém no seu juízo perfeito se fecha num armário, ele, a tudo nada disse, apenas encolhia os ombros.
Durante dias a fio a mulher tentou convencê-lo a sair do armário, ou pelo menos, pedia-lhe, “deixa a porta aberta” ele nada respondia. Ela falava-lhe do mundo, dos dias de sol, das pessoas que perguntavam, “onde está o seu marido?” ele encolhia os ombros e fechava a porta.
Os meses passaram dentro e fora do armário, não com a mesma medida porque o tempo não é tempo para quem se fecha, as estações não mudam quando o tempo está parado e um ano é um dia e um dia uma hora.
A passagem do tempo notou-a ele nas palavras da mulher, cada vez mais raras, nos passos dela a cada dia mais cansados e no silêncio a cada dia maior.
Um dia os passos deixaram de se ouvir no outro lado do armário mas tinha já passado tanto tempo desde que se fechara que esquecera chave e porta e gestos de abrir.
“Talvez alguém venha”, pensou ele, mas não se lembrava já de ninguém e ninguém no tempo o lembrava.
Só então entendeu, “a porta que fechei e não me lembro, devia tê-la deixado entreaberta”."
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