sexta-feira, abril 24, 2009

O Comentário que virou Email que virou Post

Meto-me em cada uma… por não estar a atinar com o comentário é que optei por não o fazer, mas aqui vai então a versão integral por email, para não fazer do teu blog uma base de dissertação, e principalmente para que não morras de ansiedade ;)

Um comentário ao teu post, a este assunto, não posso (ou não quero) fazê-lo com ligeireza, e dito assim corro o risco de o extrapolar pela especulação da antecipação, e pior que isso, corro o risco de me espalhar ao comprido… Contudo, porque emites tão determinada e decididamente a tua apreciação do assunto, nem me passaria pela cabeça contrapor, argumentar ou acrescentar fosse o que fosse. Aprecio por demais a fluidez e clarividência das tuas ideias para fazer mais do que ler, assimilar e deixar-me contaminar pela sobriedade com que abordas o assunto, mesmo que eventualmente possa ter uma opinião ligeiramente diferente em alguns aspectos.
Naturalmente que tal como tu, tenho uma percepção e apreciação própria do lugar que o sexo ocupa, dos seus meandros e implicações, tanto na relação onde o sexo é fomentado pelo sentimento (leia-se: Amor), como do sexo resultante do desejo carnal. Efectivamente o sexo no âmbito monogâmico que rege -ou assim se espera- as relações humanas, distingue o ser humano dos animais irracionais, contudo é precisamente essa racionalidade que permite ao ser humano conseguir arbitrariamente abordar o sexo per se, para seu belprazer, apenas como forma de satizfazer o desejo fisico, independente do sentimento, e naturalmente desprovido da componente procriativa. O sexo procriativo, instintivo, esse sim é exclusivo dos animais irracionais, e apenas é incidentalmente partilhado pelos seres humanos, arbitrariamente insisto.
Isto dito, mesmo com todo o floreado do meu primeiro parágrafo, a minha… interpretação, sem diferir substancialmente, acaba por concorrer com a tua. Seguramente difere por sermos de géneros diferentes, opostos diriam uns, complementares diriam outros, mas tão distíntos como são um homem e uma mulher, assim como o são naturalmente as suas percepções.
Ousando falar tanto por homens como por mulheres, o sexo é sem duvida uma expressão do gosto que temos pela outra pessoa, mas também é o gosto que temos por nós próprios. Porque se bem que o sexo com a “tal” pessoa seja maravilhoso, sem essa pessoa não deixa de ser uma enorme fonte de prazer, o tal vicio, que se manifesta a meu ver na própria pessoa, e que dá o mote para a vontade do sexo, seja com a “tal” pessoa, onde ela existir, e nesse caso com o valor acrescentado de ser movido pelo sentimento, ou seja sem o parceiro sexual ser a “tal” pessoa. Nesse caso o sexo é movido e alimentado não só pelo nosso próprio desejo, mas também pelo desejo que sabemos que a outra pessoa tem.
É aí que o sexo é distinto do emotivo da relação a dois e passa a ser como que individual, passa a servir o prazer pessoal, passa a ser uma espécie de masturbação assistida, e nesse caso, não será necessariamente uma entrega de mão beijada e passa a ser um compromisso de troca, sem regras, apenas troca, dar e receber, receber sem ter que dar e dar sem ter que receber, sexo vazio de sentimento emotivo, mas cheio de componentes fisicas resultantes das manifestações das hormonas sexuais, da testosterona e da progesterona, da vontade de possuir e da vontade de ser possuido, e sim, do alivio fisico que resulta da libertação dessa hormonas, e das subsequentes “inas”, como as endorfinas e a serotonina.
É a existência no ser humano desse desejo de sexo “físico” (sem sentimentos e sem procriação à mistura) que explica fenomenos como o recurso à prostituição, a promiscuidade, a ninfomania ou até a pedofilia, que embora não se possam de todo enfiar no mesmo saco, na origem derivam do desejo pessoal de sexo fisico, desprovido de carga emocional. Em suma, um tipo de sexo que pode ser considerado de segunda categoria quando comparado com o sexo em formato de “fazer amor”, mas que não pode ser negado enquanto manifestação espontanea do desejo sexual caracteristico do Ser Humano, seja homem ou seja mulher.
De resto, tirando esta pequena afinação, concordo plenamente contigo no que toca à provavel inexistência de plena felicidade no casal quando o desejo sexual está em déficit.
Por fim, não podia estar mais de acordo contigo, e inclino-me perante a genuinidade de tal afirmação, que o sexo deve estar presente e ser facilitado, nunca negado, deve ser partilhado, nunca reprimido, e digo mais, deve ser alimentado quando se está com aquela pessoa que nos faz abdicar do sexo físico e que partilha connosco o sexo derivado do amor, do desejo mútuo e da paixão.
Acho que consegui comentar sem me comprometer…
Bjs
F
Quadro: Salvador Dalí - "Galarina" - 1944

1 passageiros clandestinos:

Anonymous Anónimo chamou a hospedeira e disse:

Quem fala assim não é gago.

5:58 da tarde  

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