Discurso ensaiado
Pelo caminho de regresso a casa vim a pensar neste post. Regra geral o que escrevo aqui no blog é fruto do momento, mas a estrada por vezes inspira-me as palavras…
Pensei em escrever algo do género: Vendo AX, não… Dou AX… não, não… Pago a quem me levar a merda do carro daqui para fora!
Mas depois acalmei-me, refleti, alheei-me da realidade e refugiei-me na memória para tomar a decisão acertada. Este AX tem história, tem uma grand’a história. Comprei-o em Alenquer há mais de 4 anos, numa tarde de calor. O carro tinha bom aspecto, poucos quilometros e era barato, e económico! Nesse mesmo dia já tinha comprado também um Renault 4L para a Ana, branco, lindo!
Aquele AX foi connosco para França, fez inúmeras viagens a Trás os Montes e montes de viagens a Santo André. Foi a Salamanca, ao Algarve, a Evora, ao Porto vezes sem conta, à Serra da Estrela , andou no mato, andou na praia, atravessou um rio (um ribeiro...) e passou por mais aventuras do que agora me consigo lembrar… foi taxi, foi camião, foi avião, foi sala, foi discoteca, foi quarto e foi cama, e houve viagens em que até deu para dormir nele.
Não o vou descartar com escárnio (tal como não o fiz com a Virago).
O AX precisa de uma porta de pendura, de uma rótula de transmissão direita, de fixar o vidro do condutor e de colar o tablier (reparação total cerca de 150€). É de 1989 mas só tem 60.000Kms, é preto, 1.1 TRE, 60 CV, 5P, VE, FC, DA, 2 Reg., a pintura está queimada do Sol e tem vidros levemente tintados de origem. O banco do condutor está solto e o banco do pendura ainda tem aquela queimadela de cigarro que embora eu tenha dito que não fazia mal, me fez emaranhar pelas paredes acima. É um carro com pouca pinta mas com muito caracter (e com personalidade própria quando fica muito tempo parado). Pessoalmente acho que o carro já ultrapassou largamente o seu tempo de vida útil e só mesmo se fosse pelo valor sentimental… Sim, afinal de contas fiquei agarrado ao Civic quase 10 anos, o AX não deveria ser diferente.
Algo em mim me compele para deixar o AX preto aqui à frente de casa durante o fim-de-semana. Deixar no porta-luvas os documentos (o seguro expira no Domingo e a inspecção no fim do mês!), e deixar o Modelo 3 do contrato de compra e venda, assinado e com a data em branco. Junto dos documentos poderia deixar o cartão de um mecânico amigo meu em Azambuja, que conhece o carro, trabalha bem e leva barato. Ou até mesmo eu o poderia arranjar, e era com gosto. Arranjei-o tantas vezes…
…e se alguém, que por acaso ainda tem uma chave do carro, quizesse ficar com ele, era só vir buscar. Com jeitinho eu até o ìa lá pôr.
Mas não. A pessoa que faria esse género de coisa já não sou eu.
Cabe-me a mim a tarefa, meio árdua e meio constrangedora, de abater o AX preto.
Pensei em escrever algo do género: Vendo AX, não… Dou AX… não, não… Pago a quem me levar a merda do carro daqui para fora!
Mas depois acalmei-me, refleti, alheei-me da realidade e refugiei-me na memória para tomar a decisão acertada. Este AX tem história, tem uma grand’a história. Comprei-o em Alenquer há mais de 4 anos, numa tarde de calor. O carro tinha bom aspecto, poucos quilometros e era barato, e económico! Nesse mesmo dia já tinha comprado também um Renault 4L para a Ana, branco, lindo!
Aquele AX foi connosco para França, fez inúmeras viagens a Trás os Montes e montes de viagens a Santo André. Foi a Salamanca, ao Algarve, a Evora, ao Porto vezes sem conta, à Serra da Estrela , andou no mato, andou na praia, atravessou um rio (um ribeiro...) e passou por mais aventuras do que agora me consigo lembrar… foi taxi, foi camião, foi avião, foi sala, foi discoteca, foi quarto e foi cama, e houve viagens em que até deu para dormir nele.
Não o vou descartar com escárnio (tal como não o fiz com a Virago).
O AX precisa de uma porta de pendura, de uma rótula de transmissão direita, de fixar o vidro do condutor e de colar o tablier (reparação total cerca de 150€). É de 1989 mas só tem 60.000Kms, é preto, 1.1 TRE, 60 CV, 5P, VE, FC, DA, 2 Reg., a pintura está queimada do Sol e tem vidros levemente tintados de origem. O banco do condutor está solto e o banco do pendura ainda tem aquela queimadela de cigarro que embora eu tenha dito que não fazia mal, me fez emaranhar pelas paredes acima. É um carro com pouca pinta mas com muito caracter (e com personalidade própria quando fica muito tempo parado). Pessoalmente acho que o carro já ultrapassou largamente o seu tempo de vida útil e só mesmo se fosse pelo valor sentimental… Sim, afinal de contas fiquei agarrado ao Civic quase 10 anos, o AX não deveria ser diferente.
Algo em mim me compele para deixar o AX preto aqui à frente de casa durante o fim-de-semana. Deixar no porta-luvas os documentos (o seguro expira no Domingo e a inspecção no fim do mês!), e deixar o Modelo 3 do contrato de compra e venda, assinado e com a data em branco. Junto dos documentos poderia deixar o cartão de um mecânico amigo meu em Azambuja, que conhece o carro, trabalha bem e leva barato. Ou até mesmo eu o poderia arranjar, e era com gosto. Arranjei-o tantas vezes…
…e se alguém, que por acaso ainda tem uma chave do carro, quizesse ficar com ele, era só vir buscar. Com jeitinho eu até o ìa lá pôr.
Mas não. A pessoa que faria esse género de coisa já não sou eu.
Cabe-me a mim a tarefa, meio árdua e meio constrangedora, de abater o AX preto.
2 passageiros clandestinos:
Nunca conheci ninguém que vivesse as pequenas coisas da vida com tanta intensidade como tu.
Já passei por isso, quando me desfiz do meu AX 11 TRE. A diferença é que era cinzento escuro... Aquele carro tinha uma história, que foi a minha durante muitos anos.... Foi duro.
Ainda hoje´'penso' nele.
Um beijo
Chamar a hospedeira para Enviar um comentário
<< Regressar ao cockpit