Mudam-se os hábitos, perdem-se as virtudes
Passou-se há poucos dias; Não me lembro de onde vinha, mas ainda não era tarde. Estacionei em frente ao prédio em jeito de matador que manipula o volante com uma mão e estaciona a olhar só para os retrovisores ao mesmo tempo que compõe o nó da gravata, desaperta o cinto-de-segurança e desliga o auto-radio num só movimento. Ao aproximar-me da porta de entrada deparei-me com um vulto deitado no chão em posição fetal... Já ia com as chaves na mão e passei em modo stealth por cima do vulto imóvel, abri a porta num único gesto e já dentro do hall enquanto esperava que a porta se fechasse (e que ficava bem fechada) observei o vulto que lentamente ergueu a cabeça e num murmurado grunhido - imperceptível - me dirigiu a palavra...
Ignorei completamente, a porta fechou-se nesse segundo e nada daquilo me afectou.
Enquanto subia os degraus 2 a 2 lembrei-me de algumas histórias de cenas destas que aparentemente se passavam a determinada altura em frente deste prédio, cenas destas e outras que tal, cenas que tanto se vêem um pouco por toda a parte mas que aqui, neste prédio, só ouvi falar...
Antes de chegar ao segundo andar apercebi-me que não tinha verificado a caixa do correio e ocorreu-me que afinal aquela cena até me tinha afectado, pelo menos na rotina.
Já passaram vários dias e tenho-me encontrado várias vezes a reflectir sobre a minha reacção face a aquela situação...
...Não me reconheço.
A verdade é esta, eu não me reconheço ... e não é pela minha reacção, essa foi quase premeditada, foi uma reacção tomada em piloto automático e provavelmente voltarei a ter a mesma reacção no futuro tal como quando nego uns trocos a um pit'chaúba, quando peço ao Romeno que me quer vender pensos-rápidos no semáforo para ter paciência, ou quando os óculos-escuros simplesmente transformam os arrumadores em seres invisiveis...
Não, eu não me reconheço no exacto momento em que espero que a porta se feche, em que me apercebo que alguém me está a dirigir a palavra e eu ignoro sem me aperceber que o estou a fazer...
Não, não é bem isto...
Eu não me reconheço por fingir que não me apercebo que estou a ignorar quando na realidade, intimamente, eu sei bem que estava a ignorar.
Não engano ninguém mais do que me engano a mim mesmo.
O que seria que aquele vulto deitado no chão me queria dizer?
Estaria bêbado?
Drogado?
Será que me ia pedir trocos?
Ou será que estava ferido e precisava da minha ajuda?
Será que me queria avisar que estava um bandido dentro do prédio?
Ou estaria simplesmente desfalecido com fome?
Estaria só a dormir?
Estaria a chorar?
Ou teria tido um ataque de epilepsia que foi ignorado por outros que por ele passaram antes de mim?
Estaria a pedir desculpa pelo incómodo de me fazer passar por cima dele?
Mas o que é que ele me queria dizer?
Ignorei completamente, a porta fechou-se nesse segundo e nada daquilo me afectou.
Enquanto subia os degraus 2 a 2 lembrei-me de algumas histórias de cenas destas que aparentemente se passavam a determinada altura em frente deste prédio, cenas destas e outras que tal, cenas que tanto se vêem um pouco por toda a parte mas que aqui, neste prédio, só ouvi falar...
Antes de chegar ao segundo andar apercebi-me que não tinha verificado a caixa do correio e ocorreu-me que afinal aquela cena até me tinha afectado, pelo menos na rotina.
Já passaram vários dias e tenho-me encontrado várias vezes a reflectir sobre a minha reacção face a aquela situação...
...Não me reconheço.
A verdade é esta, eu não me reconheço ... e não é pela minha reacção, essa foi quase premeditada, foi uma reacção tomada em piloto automático e provavelmente voltarei a ter a mesma reacção no futuro tal como quando nego uns trocos a um pit'chaúba, quando peço ao Romeno que me quer vender pensos-rápidos no semáforo para ter paciência, ou quando os óculos-escuros simplesmente transformam os arrumadores em seres invisiveis...
Não, eu não me reconheço no exacto momento em que espero que a porta se feche, em que me apercebo que alguém me está a dirigir a palavra e eu ignoro sem me aperceber que o estou a fazer...
Não, não é bem isto...
Eu não me reconheço por fingir que não me apercebo que estou a ignorar quando na realidade, intimamente, eu sei bem que estava a ignorar.
Não engano ninguém mais do que me engano a mim mesmo.
O que seria que aquele vulto deitado no chão me queria dizer?
Estaria bêbado?
Drogado?
Será que me ia pedir trocos?
Ou será que estava ferido e precisava da minha ajuda?
Será que me queria avisar que estava um bandido dentro do prédio?
Ou estaria simplesmente desfalecido com fome?
Estaria só a dormir?
Estaria a chorar?
Ou teria tido um ataque de epilepsia que foi ignorado por outros que por ele passaram antes de mim?
Estaria a pedir desculpa pelo incómodo de me fazer passar por cima dele?
Mas o que é que ele me queria dizer?
3 passageiros clandestinos:
Infelizmente é assim que reagimos.
A loucura que nos rodeia, de forma consciente ou não, leva-nos a fechar os olhos, ignorar aquilo que vemos para mais tarde, ao pensar nisso, nos tentarmos convencer de que não aconteceu.
Estes são os homens de hoje.
Para onde caminharemos?
Como me identifiquei.....
eeeemaaaaaa
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