Musculação - RELOAD
Disse eu um dia, num rasgo de inspiração, que “o orgulho é o músculo mais forte do corpo humano”.
Efectivamente, por muito que nem toda a gente tenha jogo de cintura suficiente para o admitir, ser-se orgulhoso é causa das maiores tropelias que fazemos nas nossas relações com os outros.
Somos orgulhosos e nem nos apercebemos que desta forma nos enganamos a nós próprios. Julgamos inclusive que ser orgulhoso é uma virtude e no limite temos orgulho em sermos orgulhosos, achamos que ser orgulhoso nos destaca e nos dá notoriedade em relação aos nossos pares… Mas enganamo-nos, fazemos mais mal a nós próprios do que a satisfação que nos resulta de sermos orgulhosos.
Por orgulho atropelamos a nossa própria integridade, violamos a nossa personalidade, corrompemos a nossa moral, desrespeitamos a nossa boa educação, agimos contra a nossa natureza, contrariamos a nossa vontade, matamos os nossos desejos… enfim, o músculo do orgulho é tão forte que nos esmaga os outros músculos todos.
Se eu pudesse abria um ginásio de musculação para esses outros músculos.
Depois punha lá uma máquina de pesos para muscular o brio e o zelo, arranjava um par de bicicletas para exercitar a perseverança e a auto-confiança, comprava 10 passadeiras de correr para desenvolver o espírito de sacrifício e o espírito de equipa, levantava umas barras paralelas para se treinar a agilidade mental, pendurava umas argolas para puxar a moral para cima e montava uma barra fixa para equilibrar a auto-estima, para decorar o local cobria as paredes de espelhos para ajudar a desenvolver a capacidade de auto-crítica, e disponibilizava cordas de saltar para fazer saltar a tolerância para outros nivéis. Por fim instalava uma sauna para transpirar o orgulho e um duche frio para lavar a consciência.
Se um dia abrirem um ginásio destes eu inscrevo-me e treino até à exaustão.
Porque fruto de ser sistematicamente vítima do orgulho dos outros tornei-me naquilo que mais detesto: orgulhoso.
…e hoje, o brio que tenho não vale muito e o zelo é motivado pelas opiniões alheias. A perseverança anda atrás da cobiça e da ambição, a auto-confiança deriva de experiências do passado e esmorece um bocadinho todos os dias e o meu espírito de sacrifício está completamente desajustado com as minhas necessidades. O espírito de equipa, esse, entrou em coma juntamente com o dos outros membros da equipa, e a minha aguçada agilidade mental está mais canalizada para a perversão e para a futilidade. A moral está tão desmoralizada que faz com que a minha auto-estima só sobreviva a empurrar os outros para baixo, e nem isso consegue fazer em condições. Resta-me a tolerância intacta, mas isso vem da falta de caracter crescente. Afinal, por muitas saunas que faça continuo frio e calculista, e por muitos duches que tome continuo a ser sonhador…
Orgulhoso de quê? De ter músculos nos sítios errados?
Tenho orgulho de ser íntegro e genuíno, mas isso de pouco me vale se não o souber aplicar aos outros.
Efectivamente, por muito que nem toda a gente tenha jogo de cintura suficiente para o admitir, ser-se orgulhoso é causa das maiores tropelias que fazemos nas nossas relações com os outros.
Somos orgulhosos e nem nos apercebemos que desta forma nos enganamos a nós próprios. Julgamos inclusive que ser orgulhoso é uma virtude e no limite temos orgulho em sermos orgulhosos, achamos que ser orgulhoso nos destaca e nos dá notoriedade em relação aos nossos pares… Mas enganamo-nos, fazemos mais mal a nós próprios do que a satisfação que nos resulta de sermos orgulhosos.
Por orgulho atropelamos a nossa própria integridade, violamos a nossa personalidade, corrompemos a nossa moral, desrespeitamos a nossa boa educação, agimos contra a nossa natureza, contrariamos a nossa vontade, matamos os nossos desejos… enfim, o músculo do orgulho é tão forte que nos esmaga os outros músculos todos.
Se eu pudesse abria um ginásio de musculação para esses outros músculos.
Depois punha lá uma máquina de pesos para muscular o brio e o zelo, arranjava um par de bicicletas para exercitar a perseverança e a auto-confiança, comprava 10 passadeiras de correr para desenvolver o espírito de sacrifício e o espírito de equipa, levantava umas barras paralelas para se treinar a agilidade mental, pendurava umas argolas para puxar a moral para cima e montava uma barra fixa para equilibrar a auto-estima, para decorar o local cobria as paredes de espelhos para ajudar a desenvolver a capacidade de auto-crítica, e disponibilizava cordas de saltar para fazer saltar a tolerância para outros nivéis. Por fim instalava uma sauna para transpirar o orgulho e um duche frio para lavar a consciência.
Se um dia abrirem um ginásio destes eu inscrevo-me e treino até à exaustão.
Porque fruto de ser sistematicamente vítima do orgulho dos outros tornei-me naquilo que mais detesto: orgulhoso.
…e hoje, o brio que tenho não vale muito e o zelo é motivado pelas opiniões alheias. A perseverança anda atrás da cobiça e da ambição, a auto-confiança deriva de experiências do passado e esmorece um bocadinho todos os dias e o meu espírito de sacrifício está completamente desajustado com as minhas necessidades. O espírito de equipa, esse, entrou em coma juntamente com o dos outros membros da equipa, e a minha aguçada agilidade mental está mais canalizada para a perversão e para a futilidade. A moral está tão desmoralizada que faz com que a minha auto-estima só sobreviva a empurrar os outros para baixo, e nem isso consegue fazer em condições. Resta-me a tolerância intacta, mas isso vem da falta de caracter crescente. Afinal, por muitas saunas que faça continuo frio e calculista, e por muitos duches que tome continuo a ser sonhador…
Orgulhoso de quê? De ter músculos nos sítios errados?
Tenho orgulho de ser íntegro e genuíno, mas isso de pouco me vale se não o souber aplicar aos outros.
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