A minha primeira incursão na Universidade não foi Gestão, foi Psicologia... Na minha ignorância estava convencido que tal formação preencheria em pleno uma certa Nobreza com que tento cultivar o meu ser. Mas não, apesar de alguma inclinação minha para o altruismo e para relações interpessoais, a Psicologia não era disciplina para mim, pelo que cheguei ao segundo ano (onde me espalhei ao comprido) e saltei fora. No mesmo ano entrei para Gestão e formei-me, com uma Dupla-Licenciatura e com distinção (não me canso de dizer).
Contudo, a tal inclinação para ouvir os outros e a tendência de os querer ajudar não desapareceu.
Todas as pessoas (incluindo eu) geralmente levam os seus próprios problemas de uma forma muito pessoal, a peito. É frequente até ter-se mais do que um problema ao mesmo tempo, e às vezes um problema condiciona os outros e vice-versa, já não se sabe qual o problema principal, e o emaranhado torna-se tão complicado que facilmente se perde a noção de objectividade e da relatividade. É nestas alturas que temos mais dificuldade em, por um lado fazer entender às outras pessoas quais são as nossas preocupações, e por outro aceitar-mos a ligeireza com que a outras pessoas parecem ver os nossos problemas.
Geralmente eu sou uma dessas “outras pessoas” que tenta sempre ajudar e minimizar os problemas alheios.
É que ajudar os outros é relativamente simples: Quando alguém me pede ajuda para alguma coisa eu costumo tentar ouvir e perceber o problema que me estão a contar,
pelo meio tento perceber também se há ou não um pedido de ajuda dissimulado nesse desabafo, e se posso ajudar em alguma coisa, e por fim, ou pelo meio, tento trazer a pessoa à sua realidade, transmitindo-lhe a noção de prioritização e de relativização das soluções dos seus problemas (que são sempre simplificados aos olhos dos outros porque os outros não levam os nossos problemas tanto a peito como nós próprios!). Normalmente recorro a uma metafora do género, cada problema é uma porta, se se abrirem as portas todas ao mesmo tempo, os problemas no seu conjunto adquirem proporções gigantescas! Contudo, se se abrir uma só porta de cada vêz é mais fácil resolver esse problema (e fechar a porta) e partir para a resolução do próximo problema (abrir a porta seguinte), e por aí em diante.
É que há vários tipos de problemas, e consequentemente, vários tipos de Portas: Umas estão encostadas, outras entre-abertas, umas estão fechadas, outras escancaradas, umas têm código, outras são de abertura retardada, enfim, umas são de carvalho, outras são de vidro, umas são blindadas, e outras têm que ser arrombadas.
Ora bem, isto tudo para quê?
Para dizer que não obstante este discurso todo, eu próprio, neste momento, abri portas demais ao mesmo tempo...
...e os parcos conhecimentos de Psicologia de pouco ou nada me valém.
Neste momento, que me valha a Gestão, a Gestão pessoal e o saber gerir a abertura das portas, uma de cada vez, para não ser levado pela corrente de ar!