sábado, fevereiro 11, 2012

Southbound trilogy

Setting the trap - Part 1/3

O escapismo é sem dúvida uma arte. Existem muitas formas de escapismo, o Harry Houdini era mestre (e de que lhe valeu?), mas o escapismo tem formas muito mais curiosas do que a libertação ardilosa de correntes e amarras. É uma arte em si em todas as suas formas, mesmo quando as amarras não são mais do que contingências intangíveis que nos comprometem a liberdade de acção, o sentimento ou até o livre-arbitrium… A forma de escapismo que mais me surpreende é o escapismo à responsabilidade, seja em que formato for, é uma arte em si, uma atitude desenvolvida com todo o engenho das manobras evasivas e estratégias de contra-interacção. Surge de forma automática no discurso esquivo e na interpretação de factos e realidades em função da transferência da responsabilidade (leia-se da culpa) para fora de si mesmo. É indubitavelmente um padrão de comportamento intrínseco que se desenvolve ao sabor das ocorrências e das situações, e à qual se recorre consoante forem mais ou menos sérias (ou temerosas) as implicações das responsabilidades a que se procura escapar… Contudo, há algo de intoxicante para o artista do escapismo – desprovido da capacidade de conseguir enfrentar a música, gerir acções correctivas, assumir consequências – tornando-se num vicio, qual opiáceo, algo que lhe confunde o sentido de auto-crítica e que paradoxalmente o prende num limbo entre a cultura intima da chico-espertisse e as cobardias rasteirinhas, e que assim lhe distorce o espelho, tornando a projecção que faz de si mesmo numa imagem vazia de essência e de princípios morais – dos quais nem se sabe se terá consciência que existem.
Escapar, per se, será porventura uma inferência do instinto do medo, o furtar-se à perspectiva de consequência ou de perigo, mas que na prática não é mais do que uma forma camuflada de enterrar a cabeça na areia e pretender que uma qualquer capa invisível com que se acha que se está equipado irá esconder nódoas encardidas na personalidade e disfunções vincadas no caracter (que se quer que seja) interactivo com a vida.
O escapista – o artista do escapismo - vive tão somente prisioneiro de falsos medos, numa continuada mentira que conta a si próprio e que transmite ao mundo a seu respeito, que substituindo na maioria dos casos a sua identidade por uma fachada para esconder o medo, enverga uma máscara para dissimular a sua falsidade, um subterfugio para tentar tapar o Sol com uma peneira, e faz de uma verdade inóqua - por medo - uma mentira escondida só para sacudir a àgua do capote
Não sei se o escapista sabe, mas mais tarde ou mais cedo, a mentira vai apanha-lo na curva, porque o escapista se esconde com o rabo de fora.



A hundred nights of fun and games
A thousand empty glasses
I feel it change
And stay the same
As each day passes
They invite me to their gatherings
In the finer parts of town
They seem attracted to my indifference
The irony just knocks me out

And I love them as if I love them
And they reciprocate with "help"
But I look up at these mirrors sometimes
And I can't see myself

They say that some are born to burn
And some are born to give
They say that people live and learn
Some people only live and live

You don't know that I come here
But if you did, you would know why
So we close our eyes

You didn't notice me
As I passed you on the stairs
How could you ever guess
Looking at my face
How closely I share your taste
How well I know your place
Even the clothes you wear
I've seen them when you're not there

You say that you can win win win
If you know how to play the game
But while you're out there playing you see
There's something you should know
She spends your money
She spends your money on me

2 passageiros clandestinos:

Blogger nina chamou a hospedeira e disse:

O escapismo nem sempre é mau, se recorrendo a devaneios e imaginação funcionar como alívio ou evasão, já se for como fuga a responsabilidades ou realidades desagradáveis é mais problemático... Mas no fundo todos somos mais ou menos escapistas.

12:55 da tarde  
Blogger Piloto Automatico chamou a hospedeira e disse:

Sim, uns mais do que os outros...

1:00 da tarde  

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