"Hoje" tripas; Amanhã full fryed breakfast
Se tivesse tentado planear o dia da forma que o dia me está a correr, não teria conseguido… Assim, porque a conta das viagens se perde no passar dos anos, face às ocorrências e incidências e às suas –ponderadas- consequências, ponho excepcionalmente a experiência de lado e deixo os acontecimentos guiarem o meu caminho. De uma forma ou de outra sei que vou chegar ao destino, é tudo uma questão de me focar no “como”, mais do que me preocupar com o “quando”. Dizem que a primeira vez nunca se esquece… certo, até pode ser que eu nunca me esqueça desta primeira vez, mas pouco ou nada pretendo aprender com o dia de hoje, nada que me venha a ser especialmente útil no dia de amanhã nem nada que não tivesse já aprendido... ou não!
Senão vejamos, há uma certa lógica intrínseca em agir no instantâneo, particularmente quando a noção da passagem do tempo é retirada da equação como forma de simplificar processos. Quando faço uma viagem, particularmente tratando-se de uma viagem de lazer, gosto do espontâneo da decisão instantânea, vapt vupt, está decidido. Gosto aliás de decidir e fazer-me ao caminho nos 30 minutos seguintes…
Mas viagens de trabalho já tendo a planear, agendar, calendarizar, precaver, plano B e C, antecipar… Assim, porque é o caso de ser uma viagem de trabalho, demorei 24 horas entre o decidir e o partir, planeei tudo ao minuto sincronizado com pontualidade britânica, e o resultado está à vista. Ao fim de largamente mais de 100 partidas e chegadas ao longo dos anos, hoje, pela primeira vez na vida, perdi um vôo… Filha da puta!
Não me chateia os 75 Euros que tive que pagar a mais para apanhar outro vôo ao fim do dia, nem a seca de 8 horas no aeroporto, não me chateia só ter 10 euros comigo para me orientar (já que no bolso tenho mais de 1000 libras), nem me chateia gramar com baratas tontas a pedirem-me direcções estando em terminais sobrepostos… O que chateia realmente é que planeei ter a tarde livre em Londres, e só vou lá chegar à noite! Ainda por cima só dormi 3 horas ontem (nota mental para abrandar com os excessos) pelo que já parti chôco num banco aqui na zona do dutty-free e acordei com o barulho meu próprio ressonar… De facto não teria conseguido planear as coisas para acontecerem como estão a acontecer… Oh well… Valha-me o desenrascanço e a estupidez natural.
Os 10 euros chegaram para ter ido ao crava de metro almoçar ao Porto e pagar uma sandocha a um pit’chaúba, e ainda para tomar café e comprar um jornal.
Faltam 3 horas para o vôo e não há nenhuma rede wi-fi aberta para fazer o download de um filme… Descalcei-me que está muito calor para estas botas e agora não sei se é a descontração ou se são as meias às riscas que me fazem sentir observado (não, não é xulé, não uso disso), de qualquer forma, é para o lado que melhor cruzo a perna, temos pena…
Que dia do caraças… enfim, que eu ia tendo… Fica mais uma história para contar, mais uma viagem para o rol onde algumas tiveram percalços e aparatos indescritíveis e desfechos inacreditáveis, e não foram poucas…
Lembro-me de já ter conseguido embarcar em 2 vôos consecutivos um dia antes da data da reserva (Londres >>> Madrid >>> Porto) sem ninguém dar por isso (incluindo eu); Ou de ter feito banzé para o avião acelerar a velocidade de cruzeiro e recuperar do atraso na decolagem para eu ter tempo de apanhar um vôo de ligação em Roma (Lisboa >>> Roma >>> Malta), no fim de semana do funeral do JP2; Lembro-me uma vez de ter embarcado no dia seguinte à data de validade do meu Visto (S. Petersburgo >>> Frankfurt >>> Paris), onde me safei de ser preso com um telefonema do Pai da Maria para um general qualquer, numa viagem em que levei para a Rússia a gata Fascistik, quando vivia e estudava em Bordéus, e que foi raptada em pleno vôo por uma oligarca qualquer que a fez passear pelo avião inteiro de mão em mão. Outra vez lembro-me de ter trocado de bilhete com outro passageiro para não ter que voar num avião a hélice (Rotterdham >>> Southampton), ou do autocarro do aeroporto avariar e ser preciso ir a correr pela pista para apanhar o avião (Budapeste >>> Paris). Lembro-me de outra, em que numa escala no Paraguai saí da zona internacional do aeroporto, e depois só consegui voltar a entrar saltando a rede de acesso à pista. (Lisboa >>> S. Paulo >>> Santiago do Chile). Por fim, lembro-me em 94, numa viagem Lisboa >>> Londres >>> Lisboa, a primeira de muitas, no regresso haver uma decolagem abortada com direito a evacuação do avião pelas mangas de segurança para a pista, com neve pelos tornozelos…
Vou embarcar agora, o avião chama-se Almeida Garrett, acho que já andei neste, é um A300-320.
Hora prevista de chegada a Londres - Gatwick: 19:30h e a Victoria Station às 20:30h
Publico isto amanhã com a data de hoje...
Senão vejamos, há uma certa lógica intrínseca em agir no instantâneo, particularmente quando a noção da passagem do tempo é retirada da equação como forma de simplificar processos. Quando faço uma viagem, particularmente tratando-se de uma viagem de lazer, gosto do espontâneo da decisão instantânea, vapt vupt, está decidido. Gosto aliás de decidir e fazer-me ao caminho nos 30 minutos seguintes…
Mas viagens de trabalho já tendo a planear, agendar, calendarizar, precaver, plano B e C, antecipar… Assim, porque é o caso de ser uma viagem de trabalho, demorei 24 horas entre o decidir e o partir, planeei tudo ao minuto sincronizado com pontualidade britânica, e o resultado está à vista. Ao fim de largamente mais de 100 partidas e chegadas ao longo dos anos, hoje, pela primeira vez na vida, perdi um vôo… Filha da puta!
Não me chateia os 75 Euros que tive que pagar a mais para apanhar outro vôo ao fim do dia, nem a seca de 8 horas no aeroporto, não me chateia só ter 10 euros comigo para me orientar (já que no bolso tenho mais de 1000 libras), nem me chateia gramar com baratas tontas a pedirem-me direcções estando em terminais sobrepostos… O que chateia realmente é que planeei ter a tarde livre em Londres, e só vou lá chegar à noite! Ainda por cima só dormi 3 horas ontem (nota mental para abrandar com os excessos) pelo que já parti chôco num banco aqui na zona do dutty-free e acordei com o barulho meu próprio ressonar… De facto não teria conseguido planear as coisas para acontecerem como estão a acontecer… Oh well… Valha-me o desenrascanço e a estupidez natural.
Os 10 euros chegaram para ter ido ao crava de metro almoçar ao Porto e pagar uma sandocha a um pit’chaúba, e ainda para tomar café e comprar um jornal.
Faltam 3 horas para o vôo e não há nenhuma rede wi-fi aberta para fazer o download de um filme… Descalcei-me que está muito calor para estas botas e agora não sei se é a descontração ou se são as meias às riscas que me fazem sentir observado (não, não é xulé, não uso disso), de qualquer forma, é para o lado que melhor cruzo a perna, temos pena…
Que dia do caraças… enfim, que eu ia tendo… Fica mais uma história para contar, mais uma viagem para o rol onde algumas tiveram percalços e aparatos indescritíveis e desfechos inacreditáveis, e não foram poucas…
Lembro-me de já ter conseguido embarcar em 2 vôos consecutivos um dia antes da data da reserva (Londres >>> Madrid >>> Porto) sem ninguém dar por isso (incluindo eu); Ou de ter feito banzé para o avião acelerar a velocidade de cruzeiro e recuperar do atraso na decolagem para eu ter tempo de apanhar um vôo de ligação em Roma (Lisboa >>> Roma >>> Malta), no fim de semana do funeral do JP2; Lembro-me uma vez de ter embarcado no dia seguinte à data de validade do meu Visto (S. Petersburgo >>> Frankfurt >>> Paris), onde me safei de ser preso com um telefonema do Pai da Maria para um general qualquer, numa viagem em que levei para a Rússia a gata Fascistik, quando vivia e estudava em Bordéus, e que foi raptada em pleno vôo por uma oligarca qualquer que a fez passear pelo avião inteiro de mão em mão. Outra vez lembro-me de ter trocado de bilhete com outro passageiro para não ter que voar num avião a hélice (Rotterdham >>> Southampton), ou do autocarro do aeroporto avariar e ser preciso ir a correr pela pista para apanhar o avião (Budapeste >>> Paris). Lembro-me de outra, em que numa escala no Paraguai saí da zona internacional do aeroporto, e depois só consegui voltar a entrar saltando a rede de acesso à pista. (Lisboa >>> S. Paulo >>> Santiago do Chile). Por fim, lembro-me em 94, numa viagem Lisboa >>> Londres >>> Lisboa, a primeira de muitas, no regresso haver uma decolagem abortada com direito a evacuação do avião pelas mangas de segurança para a pista, com neve pelos tornozelos…
Vou embarcar agora, o avião chama-se Almeida Garrett, acho que já andei neste, é um A300-320.
Hora prevista de chegada a Londres - Gatwick: 19:30h e a Victoria Station às 20:30h
Publico isto amanhã com a data de hoje...
2 passageiros clandestinos:
Ainda bem que perdeste o avião.
Ainda bem que só tinhas 10€.
Ainda bem que só dormiste 3 horas.
Ainda bem que tiveste que esperar 3 horas no aeroporto.
Ainda bem que não tinhas net.
Ainda bem que usas meias às riscas.
Ainda bem que tiveste um dia do caraças.
Se assim não fosse, como poderias contar esta aventura e rir dela daqui a... 24 horas? Sim, 24 horas é um tempo razoável para dizeres todos os impropérios acerca do que te aconteceu! Depois disso podes rir a bandeiras despregadas! ;)
Boa estada em terras de sua majestade.
Bjis :)
Nêspera: Não me ri muito, mas também ainda não contei a viagem de regresso...
Bjs
F
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