sábado, dezembro 27, 2008

Da janela do meu quarto

Nunca gostei particularmente do “Mira Gare”, de todos (tantos) os cafés que existem aqui nas redondezas o Mira Gare nunca me atraíu… Talvez seja porque de simples café familiar onde o meu Pai me levava nos anos 70, passou a ser cervejaria nos anos 80 e é pastelaria desde os anos 90, mudou de gerência várias vezes mas nunca mudou de nome, e com uma certa frequência que lá se começou a instalar ganhou reputação de café mitra. Contudo vejo-o da janela do meu quarto, recorrentemente, sobretudo desde que decidi não fumar dentro de casa. Hoje, que é Sábado, resolvi não pegar no carro nem na mota (está a chover) e em vez de ir tomar café ao “Flôr” (outro café) ou à esplanada da praia, atravessei a estrada e fui tomar a bica ao Mira Gare. Intragavel, ainda por cima tinha a minha marca de tabaco esgotada. De facto, a melhor memória que tenho do Mira Gare é mesmo de me baldar às aulas de natação para ir lá jogar PacMan e Space Invaders a 5$00 a partida, em… 1982, 83…?
Adiante.
Ontem fui passear pelo paredão até Cascais, fui com o Bicó e com a Lucinda. Já não via a Lucinda há mais de 10 anos (desde que voltei para aqui tenho reencontrado pessoas que nunca mais tinha visto). É giro ver uma gaja com 35 anos a ter o mesmo comportamento que tinha com 20 e ao mesmo tempo a dizer-me embasbacada que eu mudei tanto… Tendo em conta que tinhamos grandes discussões sobre tudo e mais alguma coisa, não me foi dificil constatar, após 2 ou 3 horas de amena cavaqueira, que a ter havido mudança em mim, terá sido de me ter tornado condescendente, tolerante e recentemente algo cínico, mediante a ocasião e o interlocutor, ou seja, ouvir alguém desbobinar o sexo dos anjos e fazer um sorrizinho amarelo como quem concorda com todas as bujardas que ouve. Não obstante, a conversa foi suficientemente interessante para eu ter também falado do sexo dos meus anjos. Às vezes numa conversa, o mais importante não é a qualidade do que se diz, é a qualidade de quem ouve.
No regresso do passeio, já de noite, ao chegar perto da Praia da Poça, cruzamo-nos com um bando de potenciais assaltantes. A minha adrenalina disparou em sobressalto e fiquei com os sentidos todos alerta… Prefiro pensar que o meu ar de arruaceiro chegou para os demover da clara intenção de nos assaltar, mas sei que se o tivessem feito, provavelmente neste momento não tinha telemovel e talvez tivesse levado mais uma facada para a coleção… Enfim, ao chegar a casa exerci o meu dever cívico e preveni a polícia.
De facto a Lucinda tem razão, eu mudei.

2 passageiros clandestinos:

Blogger Sopa de Letras chamou a hospedeira e disse:

é provavelmente da idade...não te rales muito, normalmente lá no fundinho continuamos a ser os mesmos.
olha que por carcavelos também andavam assim uns sujeitos sinistros ....não não chamei a policia que estragava o passeio. BOm fim de semana

8:12 da tarde  
Blogger Smootha chamou a hospedeira e disse:

Da idade não direi, Sopa. Talvez da maturidade. Nem sempre a última chega com a primeira, o que às vezes é até uma benção.
Continuo a ser como sempre fui, a diferença está em que já não fujo à polícia :D
Fora de brincadeiras: vamos acumulando experiências, cabeçadas e coices e tudo isso nos dá a dita maturidade. Faz-nos reagir de formas diferentes, não nos modificando por completo a forma de ser/estar/pensar.
O que somos hoje, é no fundo a soma de tudo isso. Do que já conhecemos, do que experimentámos, do que já sofremos. Assim como uma lição. Cabe-nos a nós lembrar da matéria vivida e pôr em prática (ou não) o que aprendemos.
E sim!, há pessoas com as quais não vale a pena discutir o sexo dos anjos...

9:40 da tarde  

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