segunda-feira, novembro 27, 2006

Phoenix

...e da verdade fez-se luz.
Lembro-me de já ter escrito isto antes.
É como diz a Shirley Bassey: "History Repeating"...
Tal como o Invisible sufucou engasgado com a pétala de uma Rosa,
o Piloto Automático acaba de se despenhar.

The last of you

"... just when I thought
I'd seen the last of you
you come here
scratching at my door.
Your pain and anger
is in the howling dark
of every corridor I walk.
- So tell me more,
about the the love
you just rejected...
Tell me more,
about the trust you disrespected...
I still don't know
Why did you hurt the very one
That you should have protected?!"

Marillion
.

domingo, novembro 26, 2006

Obrigado Sérgio, vou-te retribuir!

A princípio é simples anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se e come-se se alguém nos diz bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vem cansaços e o corpo frequeja
molha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso por curto que seja
apagam-se duvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Entretanto o tempo fez cinza da brasa
outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Sérgio Godinho, 1978

sábado, novembro 25, 2006

LEVISREVERRI

Porque o tempo destrói tudo.
Porque alguns actos são irreparaveis.
Porque o Homem é um animal.
Porque o desejo de vingança é uma sentimento natural.
Porque a perda de um amor destrói-nos como um relâmpago.
Porque o amor comanda a vida.
Porque toda a história se descreve com sémen e sangue.
Porque as premonições não alteram o percurso das coisas.
Porque o tempo revela tudo, o melhor e o pior.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Rousseau tinha razão

Acordo sempre bem disposto, é uma alegria, é como se a passagem do meu estado de subconsciente para consciente libertasse uma hormona qualquer da família das “...inas” e me imprimisse um sorriso na alma. Gosto de ser assim, bem disposto por natureza. Mas nos dias de hoje esse estado de graça do meu acordar só dura uns breves 30 segundos... e depois cai-me a moeda, como um martelo na cabeça, Bang! ...e os olhos turvam, as mãos tremem e a voz falha murmurada entre laivos de raiva e de paixão a que me entrego durante o resto do dia, torturas privadas para me estimular em diante, como chicotadas que se aplicam num escravo para o fazer avançar.
Na rua, arrasto os pés, curvo as costas e afundo os olhos no chão sem vaidade para me ver desfilar nos reflexos das montras. Cada passo que dou é uma pequena vitória ilusória, porque cada passo que dou em frente mais parecem dois passos para trás. Na minha cabeça ecoam incessantes “Porquês ?” e perco-me facilmente nos refúgios que a memória me tráz, pequenas ajudas gritadas de um passado que já mal consigo ouvir, mas que é quase suficiente para combater a cegueira do futuro. Torno-me num arquitecto que substitui um pilar de mármore por um castelo de cartas, num cozinheiro de pratos que se servem frios, porque a frio tem um gostinho especial. Mas isso é outra história.
Eu sei que amanhã, enfim, daqui a uns dias, aqueles 30 segundos desmemoriados passarão a 35 segundos, depois a mais um bocadinho e depois, com o passar de mais dias, já durará até ao meio da manhã... e eventualmente a tristeza passará a ser um lugar comum e os dias voltarão ao seu lugar.
Quando esse momento chegar perco o medo de tocar na ferida aberta e ponho-lhe a mão gentilmente por cima, para finalmente a deixar cicatrizar.
Tenho uma colecção consideravel...

quinta-feira, novembro 23, 2006

Monólogo da Consciência

Então ó estupido, voltaste a fumar em jejum...?
Isto agora é todos os dias!?
‘Tás com a banda sonora toda trocada meu, já viste o teu estado, ao que tu chegaste? Ah, estás de ressaca?! Pois, já não tens 20 aninhos não é? Mas terás necessidade de emborcar uma garrafa inteira de vinho? O quê? Já tinhas bebido whisky? ...e vieste a conduzir ò selvagem?! Para quê beber assim de castigo? Queres cantar o fado? És português pá, o Fado canta-se a chorar, não sabias? Aprendeste alguma coisa? Não aprendeste nada... Estás a perder as faculdades no momento em que precisas de estar mais sóbrio, não percebes isso? Lembra-te de ti pá, lembra-te de quem és e de onde vens. Eu sei que te sentes amputado, mas lembra-te que já estiveste sozinho e sem mêdo a lutar contra tempestades muito maiores! ...olha para ti agora, pareces um naufrago, um destroço encalhado, fazes-me pêna!
Levanta-te otário! O quê? Elas não matam mas moem? E depois? Aguenta, é tudo o que podes fazer, aguentar e lutar. Não, não estou a dizer que a culpa é tua, há coisas que não podes controlar... Pois é, mas o mundo não é assim, é um lugar mau e escuro e tu deixaste-te dormir na parada. Qual decente qual caraças! Isso nunca te levou a lado nenhum pá. Coitadinho, vê lá, não queres escrever um poeminha agora não ó palhaço? Já te vi a fazer as maiores filha putisses imaginaveis e agora vens com essa merda de querer ser boa pessoa? Perdoar é para Deus. Aceita a tua natureza como ela é, tu não prestas, não és flor que se cheire e é essa a tua força, se deixaste o remorso amolecer-te aí sim a culpa é tua. Mas deixa lá que há muito mais merda que também vai pela sanita abaixo e amanhã já tens sonhos novos, vais ver... Claro que prometo. Vá, limpa lá os olhos e lava a cara para levantares o orgulho do chão...
Sim, “lava a cara” à tua maneira, mas para isso levanta-te, anda comigo, eu levo-te daqui.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Tchak... Tchak... Tchak...

É o barulho que faz um machado num tronco
Este blog anda perto de se tornar mais um estilhaço de mim...

É como diz o Rui

Ontem estive quase para comprar um telemovel novo... Encontrei-me perdido na Rua Direita de Cascais e apeteceu-me ter um daqueles telemoveis com montes de funções cirurgicas que até dão para apagar registos de chamadas um a um!
Para quem não sabe e me costuma perguntar, demoro 7 ou 8 horas de moto até Vila Real, geralmente vou devagar... Já voltei de Trás-os-montes, aliás já voltei na 2ª feira e demorei pouco mais de 3 horas e não me apetece falar sobre isso! (Nota mental para rifar a porcaria da moto antes que me torne numa estatistica).
Hoje sentei-me numa esplanada no Campo-Grande e por uns momentos apeteceu-me apedrejar o céu, senti-me a enlouquecer.
“Jura”
“Jura...”
Sentei-me sozinho, e nem a ameaça da chuva me conseguia arrancar dali, puxei da caneta e sarrabisquei num guardanapo umas ideias que me estavam a tilintar estridentemente na cabeça, palavras soltas e sem nexo que mais pareciam uma “Interferencia sensitiva” a emergir no meio da lucidez que se esvanecia...
“Banda sonora da vida / operações plásticas e o reinventar do self / whisky e auto-punição / orgulho e auto-estima / não sei lidar com o inaceitavel, nunca soube”
...e outras notas soltas e descontextualizadas, assuntos sobre os quais escreveria se tivesse ali um PC à frente. Pedi um café e fumei um cigarro sóbrio até essa sensação desagradavel desaparecer.
“Jura”
“Jura...”
Depois escrevi um esboço do nº VIII da série de poemas “Debut” (a postar brevemente). A satisfação momentânea que senti foi a excepção que confirma a regra, uma regra qualquer... Abotoei o blusão de cabedal, levantei-me e sai sem pagar, fiz de propósito, restos da minha rebeldia de adolescente arruaceiro e desafiador. Algo que sem eu conseguir controlar se está cada vez mais a apoderar de mim outra vez, uma espécie de retorno às origens, uma defesa talvêz... Desejei tanto que o empregado viesse atrás de mim para eu o mandar à merda, parvalhão, nem me trouxe o copo de àgua!
-Sim Francisco, muito maturo, muito maturo mesmo!
Ao chegar ao carro tinha dois arrumadores a contar trocos, um deles encostado ao capôt... Não resisti.
“Pá, qu’esta merda meu, ‘tás a limpar o carro?... Ò chefe desculpe?... Desculpe o caralho, baza já daqui... Baza caralho, põe-te nas putas!”
Mais tarde a minha consciência desculpou-me pela falta de humanidade que mostrei ao arrumador, e a cabeçada que não lhe dei cá fica à espera, como uma bomba com o relógio avariado, uma ratoeira armada à espera que lhe venham mexer no engodo.
Não me reconheci, desmarquei o encontro que tinha às 3 horas e conduzi por ruas e avenidas de Lisboa durante mais de 1 hora, vi o Tejo, o Aeroporto, o Marquês, o Areeiro, o Jardim Zoológico, e o Castelo de S. Jorge. Passei em frente às casas de duas das minhas irmãs mas já há algum tempo que perdi a vontade (e a coragem) de lá bater à porta. Vim acabar junto da Expo ainda não eram 4 da tarde, estacionei e fui ver as montras do Vasco da Gama. ...Nem dei conta de ter comprado bilhete, mas haverá algo mais triste do que ir ao cinema sózinho, à tarde, num dia de semana?
A noite abraçou-me e apercebi-me que passei o dia a trautear um refrão irritante que não me deixava “ouvir” nenhuma outra música:
“Jura”
“Jura...”
Ao fim do dia, ao chegar a casa fez-se luz...
Descobri que era o Rui Veloso que eu estava cantar e não a porcaria do genérico da novela, pesquisei a letra da música na Internet, bem bonita, como sempre e até podia ser resumida num unico verso, o último
Descobri também que já algum tempo que tenho em casa um desses telemoveis com funções cirurgicas que até servem para apagar os registos de chamadas um a um.
F

segunda-feira, novembro 20, 2006

Do alto da montanha

Não acredito em maus olhados, em sorte e em azar, no destino, na religião ou na magia. Não acredito em nada dessa merda que só serve para animar os pobres de espirito.
Mas ao olhar para o céu coberto de estrelas acredito na esperença, acredito que Novembro não vai ser sempre um mês negro.

sábado, novembro 18, 2006

POST POR SMS:

Mais um óptimo artigo de Miguel Sousa Tavares no "Expresso".

Dica subliminar: É Natal no "Equador"...

sexta-feira, novembro 17, 2006

On top of the world...

...like a flag on a mountain!
Pá, que fixe, os gajos do Hotmail são bacanos, acabaram de me dar 1000 megas por cima dos 250 que já tinha, deve ser de ter a minha conta há quase 10 (!!!) anos no hotmail...
Muito bem, isto vai ser rápido que não se pode fumar na biblioteca de Murça!
A viagem correu bem, enfim, correu como eu queria que corresse, há chuva (Bolas, também não era precisa tanta, só queria dar uso ao fato de chuva, não era para descobrir que ao fim de 5 horas começa a meter água pelo colarinho!).
A paragem em T. Novas foi fixe, um pingo de solda no escape e uma favas à moda da Tia São. Depois chuva e chuva e chuva e Coimbra, paragem para procurar uns óculos que pudesse adaptar ao capacete... pois, que isto de ser motard não tem nada a ver com capacetes integrais e com viseira; Capacete aberto que é tão bom apanhar com o ventinho na cara! Bom, numa loja de chineses lá improvisei a coisa com uns "óculos" de protecção para rebarbadora... parecia um mergulhador!... e parecia que chovia dentro deles!
Siga viagem, mais chuva, paragem em Viseu, merenda ao caír da noite e na Sport-Zone comprei uns daqueles óculos de natação com um elasticozinho mitra... Até resultaram mas embaciavam por dentro... hão de servir para quando for à piscina!
Caiu a noite e caiu o termómetro, o fato começou a meter água (que escorria do capacete) pelo colarinho, as botas também acabaram por deixar de funcionar (Foram caríssimas, mas já têm muita rodagem!) e as luvas ensoparam tanto que debotaram a ponto de eu ficar com as mãos azuis (provavelmente de estarem molhadas e geladas).
De Lamego para cima a chuva intensificou, gotas grossas que pareciam pedradas na cara, reduzi a velocidade (de cruzeiro, hehe) de 90 para 70 Kms/h, depois veio o vento a subir a serra, 50 Kms/h...
Por fim, a partir de Vila Real, um nevoeiro de cortar à faca completou o ramalhete e deu um ar de filme de terror ao terror que já é fazer aqueles últimos 40 Kms no IP4.
Bom, cheguei pelas 22H, menos mal, gelado e mortinho por mudar de roupa... Mas claro, a porcaria dos alforges também meteram água e a roupinha tão bem dobradinha estava toda molhadinha... felizmente esta é a minha segunda casa e tinha cá umas roupitas... Isto foi há 2 dias, o resto conto amanhã!

quinta-feira, novembro 16, 2006

POST POR SMS:

O frio voltou ao Norte no mesmo dia que eu...

quarta-feira, novembro 15, 2006

Partida... Largada... Fugida!

-VRRUUUUUMMMMMM........

terça-feira, novembro 14, 2006

ETA VReal: 20:00 PM

Arranjei um esquemático para conseguir montar 2 pares de alforges na Virago... Roupinha de Inverno obriga!
Saio de casa (Azambuja) amanhã pelas 8h, primeira paragem em Torres Novas. Mecânico (Tio Zé António Marcelino), tentar resolver o "barulhinho" irritante que o escape está a fazer... se tudo correr bem sigo de T. Novas antes do meio-dia por uma nacional qualquer (não gosto de andar de moto por Auto-estrada) e só páro em Coimbra. Almoço. Depois meto pelo IP3, com direito a paragem na saida do Luso (Café) e depois a meia distância antes de Viseu entro numa variante mitrada em direcção a Mangualde, passo ao lado e sigo em direcção a Oliveira de Frades, Penalva do Castelo, Moimenta da Beira, Tabuaço e Pinhão (onde atravesso o Rio Douro), depois é só fazer aqueles 20 Kms de curvas malucas até Favaios, passar por Alijó (paragem para atestar o depósito) e daí a 10 minutos entro na calçada da Rua Central em Stª Eugénia, estaciono em frente à Igreja, atravesso a estrada, faço umas festinhas ao "Visconde Camillo" e à "Pipa Bi-Doca", entro em casa, "Olá Mamã", como qualquer coisa e depois vou ao Café de baixo, no Cruzeiro, bebo um moscatel para aquecer os ossos (parece que amanhã dá 9ºC para Vila Real) e provavelmente ou jogo uma Suecada, ou Matraquilhos, ou Xadrez (se houver parceiro à altura, hoho).
...e depois caminha que vou passar os dias a bulir no Jardim, no lagar, na vedação e provavelmente no campo.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Lapso

Há dias em que me sinto possuido por uma alma que não reconheço nem consigo explicar. É como se tivesse sob o efeito de um venêno, uma espécie de "dopping", uma puta duma vitamina maluca que me corre nas veias a velocidade vertiginosa e toma conta de mim... e eu gosto desse venêno.
Há dias em não me revejo nem no espelho, e olho para mim e simplesmente me escondo da imagem em chamas que o reflexo mostra de mim.
Nesses dias, o céu perde a cor e o dia apaga-se antes do nascer do Sol.
Em dias assim escrevo coisas deste género:

Bradem sinos sem parar
Cubram de negro o firmamento
Levantem-se as ondas do mar
Sopre violento o vento

Ateiem fogo à floresta
Ponha-se o sol de vez
Padeça Deus da testa
Cristo na cruz outra vez

Chorem as flores no campo
Gritem abutres a voar
Os reis tirem o manto
Lancem crianças a afogar

Parem festas parem danças
Roubem as jóias do altar
Matem anjos com lanças
Flagelem-nos até sangrar

Sequem os rios do mundo
Sofram doentes com dores
Arranquem dos lagos o fundo
e do arco íris as cores

Morram soldados nas fileiras
Violem as leis da guerra
Arrasem cidades inteiras
Mova-se o céu e a terra

Queimem todas as searas
Arranquem da noite a lua
Extingam espécies raras
Draguem o Douro e o tua

Fechem para sempre o caixão
E fiquem cegos como eu
Os homens com vida de cão
Porque o meu pai morreu

(Julho de 1991)


Em dias assim, lembro-me de dias passados que a memória não consegue apagar, lembro-me de um certo dia de Verão, há já 15 anos atrás, e de outro dia, mais recente, mas no mesmo lugar.
Hoje, dia 13 de Novembro, o meu Pai faria 78 anos, e ao chegar a casa eu teria um sorriso para lhe mostrar, algo para lhe dizer, uma conversa qualquer, ou qualquer coisa para lhe perguntar. Teria seguramente vontade de jogar Xadrez e de lhe conseguir ganhar por uma vez que fosse.
Eu sou o 7º filho, fui cuspido do ventre para o mundo como se fosse o ùltimo e desejado raio de Sol... Tenho obrigação de brilhar!
Tinha planeado fazer uma viagem no dia de hoje, uma viagem parecida com esta, mas não, hoje não é um bom dia para viajar... Em dias como hoje lembro-me de mim, da coragem que vive em mim, da vontade de acordar e vingar, vingar na vida, vingar-me da puta da vida!
Em dias como hoje, para mim, por lapso, é dia internacional da vingança!
Adiei a viagem para amanhã...

domingo, novembro 12, 2006

Noutro registo

Há muitos anos que aprendi que são sempre as pessoas de quem mais gostamos e que estão mais próximas de nós que nos magoam mais.
Mas é sempre muito duro constatar isso.

Aftermath - o dia seguinte

Naturalmente que depois do último post que escrevi, antes do concerto, ficou implicito na minha cabeça que escreveria este post, depois do concerto.
Confesso que estive para simplesmente postar aqui o meu número de telefone para não ter que escrever e poder dar um relato pessoal a quem estivesse interessado, mas a melhor parte de mim desaconselhou-me. (Histórias de privacidade)
O Concerto foi muito bom (Casa cheia), gostei imenso de ter ido e de ter ficado a conhecer a Aula Magna (recomendo a quem lá for assistir a concertos que gaste mais uns trocados e compre bilhete para os doutorais).
Sobre a actuação do Fish, gostei imenso de o ver, a caminho do 50 anos, a mostrar a mesma presença impertinente em palco com que o vi no concerto no Cinema Alvalade em 1991. Do repertório, a primeira parte da sua actuação foi preenchida com 6 ou 7 temas da carreira a Solo, 2 dos quais eu não conhecia...
Após um breve intervalo a banda voltou e tocou o álbum "Misplaced Childhood" na integra. O publico acompanhou a maior parte dos coros e dos refrões com grande entusiasmo e alguma condescendência pela já notada perda de voz e por alguns imprevistos e falhas na produção do espectaculo (Microfone falhou 2 vezes e alguém deve ter desligado a ficha errada a determinada altura o que cortou por completo o som).
No total foi positivo, penso que a Patita também gostou (ou pelo menos não pareceu incomodada com os meu pulos, as introspecções de guitarra electrica invisivel e os breaks de bateria batidos a dedo indicador no ar e nas costas da cadeira à minha frente).
Nos encores (2) a sala toda ficou de pé e eu perdi a vergonha e fui para beira do palco com alguns Marillionados que conheci no Concerto de Marillion em Madrid em 2004 (nota mental para fazer um post sobre este pessoal, gente fixe mas com um certo caracter heremético e pseudo-elitista que pouco tem a ver comigo ou com outras comunidades de Fãs de Marillion onde estou inserido).
O ponto alto foi o Fish olhar para a minha T-shirt de Marillion (que não era a única da t-shirt na sala da sua ex-banda, mas era diferente das outras todas pela originalidade), apontar para mim, abaixar-se e dizer-me (longe do microfone) "- that's no good!" ...e depois fez um sorrizinho debelóide e ameaçou cuspir!!!
-Paneleiro, se fosse mas é p'rá puta que o pariu. O cabrão havia de me ter cuspido que levava logo uma langônha verdinha e fumegante num olho, ou se eu me passasse a sério não faltaria muito para lhe espetar um sêlo na tromba (bom, isso talvez não que o gajo é muit'a grande). Passados uns instantes o gajo voltou à minha beira e estendeu-me a mão em género de fazer as pazes, mas como eu estava distraido com o guitarrista nem dei conta e a coisa passou como se eu o estivesse a ignorar. Ainda me fartei de rir com aquele protagonismo inesperado.
Nota final, gostei muito e valeu a pena.
Em Abril aparentemente os Marillion - Os verdadeiros Marillion - vêm a Portugal, lá estarei, com a minha t-shirt!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Misplaced Childhood - 20 anos

O Verão estava quente e Agosto prometia. Lembro-me que nessa altura andava atrás de uma amiga da Margarida e que isso me dava ainda mais vontade de ir à praia da Azarujinha exibir os meus dotes de Skimming com a prancha de fibra nova que a minha Irmã me tinha trazido de França e que era tão mais fixe que a minha velha e pesadissima prancha de contraplacado-marítimo envernizado.
Nesse verão, nos meus anos, recebi o meu primeiro walkman, da sony, e começava a despertar para o gosto da música.
Como estourava a semanada toda a jogar PacMan e Space Invaders na sala de videojogos do Tamariz nunca tinha dinheiro para comprar cassetes novas ou originais: Então reciclava cassetes gravadas e gravava sucessivamente programas de rádio uns por cima dos outros, e ouvia-os até à exaustão... Nessa altura ouvir rádio era uma coisa suportável, e o meu programa favorito era o Rock em Stock, na Comercial, aos sábados à tarde. Foi pela voz do António Sérgio, nesse programa, que gravei e ouvi pela primeira vez o album épico “Misplaced Childhood”, num programa em que ele o passou integralmente e sem interrupções. Eu já tinha ouvido uns singles daquela banda, “Marillion” mas este novo álbum era um conceito totalmente novo na cena musical de rock progressivo que aparecia como alternativa ao “neo-romantismo” dos anos 80, parecia que ia buscar os melhores momentos do “The Wall” e do “The lamb lies down on Broadway” (Pink Floyd e Genesis respectivamente) mas tinha ainda uma carga carismática enorme transportada na voz do vocalista, o “Fish”.
Isso foi ontem, foi em 1985.
Entretanto, já vi 6 concertos deles.
Hoje já passaram mais de 20 anos desde esse Verão, hoje tenho 14 álbuns dos Marillion, 3 álbuns ao vivo, 2 DVDs, 3 VHS de telediscos, 4 ou 5 álbuns do Fish a Solo, e ainda tenho aquela cassete que gravei da Comercial com o álbum “Misplaced Childhood”
E amanhã... Amanhã vou à Aula Magna ver o concerto do Fish, é o último concerto da tournée europeia para celebração dos 20 anos desse álbum.
Amanhã vou ouvir a minha cassete ao vivo!

Verão de S. Martinho

...começo a acreditar que é mesmo uma coisa matemática!

Bacorada da semana

Há frases que se vêem por aí que até fazem estridência. “A missão dos professores é ensinar, não é educar”. Esta frase foi vista num comentário a este post. Em abono da verdade diga-se que a pessoa responsável por esta pérola foi infeliz nas palavras mas depois de levar com alguns comentários concordou que afinal não era bem assim.
Quanto ao blog onde a frase aparece, enfim, esse fala por si, e bacoradas destas são por lá recorrentes. Até é um blog prominente, relacionado, conhecido e bem frequentado, e que, como a maior parte dos blogs deste género é todo vitaminado e cheio de tunning digital. O contéudo naturalmente, é raro ser original de quem lá escreve, sendo essencialmente um apanhado linkado de coisas bizarras encontradas na Internet, que são dirigidas a mentecaptos de quem se espera que contribuam mais para o contador de visitas do que para o seu próprio intelecto. Faz-se tudo e vale tudo para agarrar 15 minutos de fama, é a blogsfera no seu melhor.
Sobre o assunto desse post, os professores atribuem culpas aos Pais pela má educação dos filhos (lêr alunos nesse contexto) que estão, desgraçados, expostos à mediocridade de quem é pago para ter a responsabilidade pela sua educ.... errr, pelo seu ensino, enfim... e é essa mediocridade funcionalista que por seu lado passa horas a fio, noites, semanas, mêses, anos (!) a manter um blog, privando assim os próprios filhos de todo esse tempo util a educa-los, não, é mais importante passar o tempo na net a tirar o cotão do umbigo.
...e depois faz-se greve que a culpa é da Ministra!

They (only) Tube

Tenho vindo a notar que muitos animadores de blog se socorrem cada vez mais de inserções de Video do You Tube, e substituem o que escreviam por essas imagens em movimento. É pena, há blogs que pura e simplesmente deixo de visitar porque não me apetece ir lá e só ver o "Isto só video". A minha placa de som nem funciona...

Le fabuleux alarme anti-viol

Estudei em França e em Inglaterra num programa de Dupla-Licenciatura de Gestão e Relações Internacionais que me obrigou a passar 8 anos fora de Portugal.
Inspirado num post da PeCoLa lembrei-me de um episódio que se passou comigo no meu 2º ano, estava na École Supérieure de Commerce de Bordeaux e para a disciplina de Marketing estratégico tinhamos que fazer um trabalho de grupo que consistia em fazer a simulação do lançamento de A a Z de um produto, desde o desenvolvimento até à comercialização, passando por todas as etapas. O produto teria que ser ou inovador ou pelo menos novo no(s) mercado(s) em que fosse lançado.No meu grupo, para além de mim estavam 2 alemães, 1 francesa e 1 espanhol. Não demorei muito a incompatibilizar-me com os alemães e propuz à professora fazer o trabalho sózinho. Embora com reserva (porque a avaliação desse trabalho validaria um semestre) ela aceitou.
Mãos à obra e, após várias noitadas solitárias na biblioteca chegou o dia de fazer a apresentação do meu trabalho, do meu produto inovador. Notei que havia expectativa pelo facto de eu ter feito sózinho o trabalho de 5 pessoas, mas mal anunciei o meu produto instalou-se um certo ar de gozo no anfiteatro.
O que me ocorreu foi um alarme pessoal anti-violação (A ideia surgiu por esse dispositivo, que não existe em França, existir de facto em Inglaterra sendo inclusive distribuido gratuitamente pelas Universidades às alunas).
A presentação correu bem e estavam bem defendidas todas as etapas do “lançamento” do meu produto. Durante a apresentação socorri-me de algumas passagens lúdicas para descartar a carga emocional inerente a um produto daquela natureza. Serviu para aliviar a pressão. No fim, em género de remate, libertei algumas estatisticas que recolhi sobre a criminalidade em França, nomeadamente sobre violações. Assim, tendo préviamente contado que havia 19 raparigas na audiência (20 com a professora, que por sinal estava grávida), anunciei que estatisticamente, em França, 1 em 10 mulheres será violada pelo menos uma vez durante a vida. Os ânimos acalmaram, depois personalizei a coisa anunciando que das 20 mulheres presentes, estatisticamente “duas de vocês já foram ou vaõ ser violadas”. Pausa... Silêncio... Alguns rapazes esboçaram sorrisos e risos maliciosos. “O que quer dizer que estatisticamente, dois de vocês serão os violadores”. Pausa... Silêncio...
...e um aplauso que ainda hoje me faz sentir orgulhoso.
Passados 2 anos, estava em Inglaterra no 4º ano e cruzei-me com um gajo do 3º ano do meu curso, acabadinho de chegar de França. Perguntei-lhe sobre professores e cenas da Escola e das aulas e sobre a tal professora, se tinha tido menino ou menina? Falamos sobre os trabalhos de grupo e ele contou-me que adorava essa disciplina e adorou esse trabalho, e que a professora tinha dado o exemplo de um estudante do 4º ano que tinha feito o trabalho sózinho sobre... e eu interropi-o “...um alarme pessoal anti-violação”. O Chavale ficou parvo, por estar a falar comigo, tinha sido o meu trabalho e o “meu” produto que a professora usara como exemplo para os caloiros.
Aí sim senti-me verdadeiramente orgulhoso, os aplausos tinham servido apenas massajar o ego.
Acho que tive 17 a Marketing nesse semestre.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Politiquisse Externa

Se eu mandasse nisto, em vez de enviar meia duzia de GNRs de óculos escuros para Timor (que só fazem rir os Australianos) mandava um filha da puta de um contingente tão grande (Timor pediu!) que não havia cá merdas de andar sempre ao estalo com os australianos para os impedir de fazerem de Timor um protectorado. Para impedir que a soberania e os recursos petroliferos timorenses caiam na exploração da Austrália mandava os inuteis dos administradores da GALP para lá também para assinar acordo atrás de acordo com o governo timorense. (Aproveitava a embalagem e fazia o mesmo em Angola).
Se eu mandasse nisto, em vez de enviar os trôlhas (somos mesmo portugêses, é anedota total) para a palestina mandava era soldados à séria, aproveitava para desenvolver em Portugal a muito lucrativa industria de produção de armas e se calhar até fornecia tanto o Hamas (às claras) como o Hezbolah (às escuras) para ver se os gajos, ao defenderem-se dos sistemáticos ataques cobardes de Israel (chamando as coisas pelos seu nome) punham esses gajos no lugar deles e contribuiam para a nossa economia (que é o que faz a França, a Inglaterra, a Italia, a Alemanha e até a Espanha!).
Se eu mandasse nisto, em vez de me socorrer de um imposto automovel (que é ilegal ao abrigo das regras comunitárias), desenvolvia era a industria da produção automovel, que é muito mais lucrativa na sua exportação do que as receitas de impostos sobre carros que de qualquer forma são importados.
Se eu mandasse nisto, o preço da “renda” da base das Lajes (que é um valor ridiculo comparado com os beneficios para os EUA de manterem a sua base mais estratégica, como lhe chamam, nos Açores) seria tão grande que nem buraco no orçamento de estado nem o caraças. O valor da renda seria sempre equivalente a um Superavit Nacional que garantisse um Estado Previdência total, nem um dollar a menos.
Se eu mandasse nisto começava a mandar foguetes para o espaço, nem que fosse à toa, só para marcar terreno e evitar que outros governos chamassem ao Espaço “Zona de interesse militar” como fez o governo dos EUA recentemente.
Se eu mandasse nisto não havia cá comprar submarinos obsoletos e a principal tarefa da marinha de guerra seria patrulhar intensamente a nossa zona maritima de exclusividade económica e escoltar a nossa frota pesqueira internacional.
Se eu mandasse nisto, não havia cá barragens nos rios e energias de vento em pôpa. Era centrais nucleares suficientes para poder ser autosuficiente em vez de ser dependente da energia de outros paises (que de qualquer forma também é energia nuclear).
Se eu mandasse nisto... rapaz, ‘tava tudo fodido!

Do alto deste prédio:

Jing old bells

Está uma caixa cheia de bolas, plumas, luzes e figurinhas de natal a chamar por mim lá em cima na arrecadação... -Calem-se pá, ainda nem passou o S. Martinho e já querem saltar cá para fora!

Gatwick, 1994 (escrito em 2000)

Excerto do Capítulo XIX

(...)
Guardei o bloco e escrevi os últimos postais que tinha, depois fui pô-los no correio e fui comer qualquer coisa com um vaucher de 5 Libras que a companhia aérea tinha dado aos passageiros enquanto secavam pelo voo. Onde já se viu 14 horas de atrazo? Entretanto conheci duas Tugas que também estavam à espera do mesmo vôo que eu. Uma delas andava na Universidade com o André Neves, um velho amigo da escola, enfim, até em Londres Lisboa consegue ser uma cidade muito pequena. Antes de me desmarcar delas trocamos números de telefone, mas eu sabia que nunca lhes iria telefonar, depois levantei-me e fui ver as lojas do Duty Free.
Na loja da Body Shop descobri finalmente o perfume que andava à procura, chamava-se Dewberry. Impregnei a bracelete do meu relógio com várias vaporisadelas do Sampler de amostras e, cheirando as horas relembrava de 5 em 5 minutos o cheiro do tempo que passei nessa semana. Sentia-me outra vez como o Jean-Baptiste Grenouille do “Perfume”. Finalmente o embarque ia começar, eram quase 8 da noite quando passei pelo Check in e me dirigi para o gate 23, mostrei o bilhete à bacana sorridente que estava à porta e entrei para o Avião.

(...)

quarta-feira, novembro 08, 2006

Polónia, 1944

Um dia, já perto do fim da 2ª Guerra Mundial, as SS chegam a uma pequena povoação polaca e fazem refém toda a população. Um jovem polaco consegue iludir os nazis e acaba por se evadir sendo de imediato perseguido por um jovem SS.
Após uma breve corrida o SS captura o jovem polaco, leva-lhe a arma à cara e prepara-se para o abater...
De repente ouve-se a voz de Deus vinda do céu:
- Pára desgraçado, não dispares. Esse polaco um dia será Papa!
Perplexo o alemão responde:
- Sim Senhor. Mas e eu ?...
Responde Deus:
- Tu serás a seguir a ele.

Insónia

05:37 am

terça-feira, novembro 07, 2006

Estreia 6ª Feira

Para quem como eu tem "O Perfume" de Patrick Suskind como um dos melhores livros que já leu, a estreia deste filme é seguramente algo por que se espera há mais de 10 anos...
Realizado por Tom Tykwer (realizador alemão, discípulo de Wim Wenders, que nos tinha já presenteado com o fabuloso "Run Lola Run"), este filme só por ser uma produção europeia e não de Hollywood deve ter uma filmografia distinta e sóbria, capaz de transformar a tela em palco de teatro. O elenco inclui Alan Rickman e Dustin Hoffman, cabendo ao ilustre desconhecido Ben Whishaw (note-se que desempenhou o difícil papel de Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, no filme "Stoned" de 2005) trazer para a pelicula o papel do anti-herói, Jean-Baptiste Grenouille.
Como curiosidade, quando se falou de filmar o livro, 3 realizadores de peso de Hollywood se mostraram interessados (Ridley Scott, Milos Forman e Stanley Kubrick) mas todos acabaram por achar que o livro era infilmavel. Patrick Suskind, autor do livro, acabou por vender os direitos do seu livro a um seu patrício, Tom Tykwer.
Nota pessoal: Sem ver, aposto que vai ser um filme fantástico, sei que o livro é, aliás o livro é fantástico em Português, em Inglês e em Francês e só tenho pena de não saber alemão suficiente para poder ler o livro também na sua versão original.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ana Grama de mim









Niko Scarf
Corsik Fan
Cris Fonak
Ricko Fans
Nick Sarof
Frank Soci
Isac Fronk
Ciro Knafs
Nico Frask
Sonic Kraf
Rons Facik
Nik Frasco
Sanir Cofk
Farik Nocs
Rick Fasno
Franko Sic
Nicos Frak
Racin Fosk
Kafir Cons
Franki Soc
Cofi Krans
Roski Fnac
Carno Fisk
Risco Fank
Faniks Cor
Arco Finsk
Kanif Cros
Rasco knif
Frans Coki
Karon Fics
Fis Konarc
Rancis Fok
Foci Ranks
Koran Fisc
Sock Frani
Ranik Fosc
Caros Kinf
Foran Sick
Korca Fins
Ranco Kifs
Forca Sink
Corsak Fin
Orcan Fiks
Kiros Canf
Foca Kirns
Firas Conk
Conak Fris
Carfo Inks
Sico Kranf
Icof Krans
Cafs Korni
Oksic Narf

Como me chamo?
.

Não matarás

domingo, novembro 05, 2006

Descubra as diferenças


Apenas uma
destas imagens
é original.

A outra foi usurpada,
copiada, editada
e indevidamente creditada
para auto-promoção.

Pequeno Almoço de Campeões

sábado, novembro 04, 2006

God Bless America

Excelente artigo de Miguel Sousa Tavares no Expresso desta semana.
-Quem escreve assim não é gago!

Heinz - Tomato Ketchup

Falou-se da gaffe de John Kerry na semana passada. Ao discursar numa escola americana, o Senador Democrata e ex- candidato à presidência dos EUA, tentando imprimir aos estudantes uma noção da importância do estudo académico, aludiu às consequências da falta de estudos, fazendo uma analogia implícita à Guerra do Iraque.
Triste na sua eloquência, a mensagem que passou, inadevertidamente, foi a de que o Senador estaria a chamar burros aos militares americanos.
Embora isso até tenha um fundo de verdade, o que John Kerry queria realmente dizer, de forma subentendida, era que se os alunos não estudassem ficariam burros (e por serem burros elegeriam outros burros como George Bush) e consequentemente ficariam “atolados” no Iraque.
Ninguém percebeu, e os Republicanos não se escuzaram de explorar essa gaffe.
Eu tiro o chapéu ao Senador John Kerry, é que se há alguém a quem ele estava a chamar burro (para além de Bush) era ao eleitorado americano que elegeu o presidente Bush, esses sim os verdadeiros burros!

Imagine-se...

...ontem foi Dia Internacional do Homem. -Nem dei conta!

quinta-feira, novembro 02, 2006

Um conto - "Os comboios de Regnée"

Era uma vez uma passageira do mundo chamada Regnée.

Regnée alimentava um blog onde escrevia sobre tudo o que lhe corria na alma. Todos os dias, levantava-se de manhã, lavava a cara em frente ao espelho mal iluminado, vestia-se com cores inspiradas pelo dia que lhe entrava pela janela, e depois de trautear um Post no pensamento, sentava-se em frente ao seu PC e escrevia, escrevia como todos os dias, sobre si, sobre os outros, sobre personagens que a sua imaginação construía, sobre a vida que tinha e sobre vida que gostava de ter. A sua escrita transmitia um misto de serenidade e beleza, por vezes queixume, por vezes pura perturbação, mas quase sempre algo... inovador, repetitivamente inovador.

Contudo Regnée não gostava de exposição, mas por estar exposta fazia por proteger o que era seu, a sua criação, as suas palavras dispostas originalmente numa composição de estilo único, mesmo quando o conteúdo não era mais do que o sexo dos seus anjos. O seu Blog até podia passar despercebido no anonimato da Blogsfera que ela não se mostraria importar com isso. O gozo estava em escrever, não em ser lida. Ou pelo menos era essa a mensagem que passava... O seu nome, Regnée, ilustrava múltiplas passagens dos suportes do seu blog, como uma incontrolável vontade de auto-promoção que gritasse ao mundo
“-Estou aqui!”.
Era a sua marca pessoal.

Paralelamente a gostar de escrever no seu Blog, Regnée gostava de comboios, gostava muito de comboios e frequentemente viajava de comboio em comboio, como quem salta de página em página num livro mágico que todos os dias tem um contéudo diferente. Assim eram os comboios de Regnée, cada paragem tinha sempre uma paisagem diferente do dia anterior.

O blog de Regnée espelhava a sua visão muito própria da vida, no seu blog – qual estação de comboio – ela era o Chefe da Estação, e a sua Estação estava decorada a preceito: Tinha motivos floreados num fundo branco sem cor, onde as letras, enfeitadas a preto de vários tons, alternavam com quadros de belas imagens tiradas por Máquinas Fotográficas que Regnée nunca tinha utilizado, como se a Sala de Espera fosse uma Galeria de Arte de outros artistas e o Buffet servisse paixões inventadas para acompanhar o mata-bicho dos passageiros.
Naquele ramal, ao longo do Rio, a Estação de comboios de Regnée era a mais bonita e imaculada.

Regnée gostava tanto de comboios e de viajar de comboio que até transcreveu um horário dos comboios para o seu blog. Como ninguém sabia bem em que comboio andava Regnée, aquele horário dava uma boa ideia dos comboios que Regnée apanhava mais vezes, e ela, para não se perder, atribuiu um link a cada comboio, como se cada link fosse o bilhete de ida e volta colectivo. Assim era o horário de comboios de Regnée, um amontoado de bilhetes obliterados, que por sua vez estavam dispostos sobre um registo de todos os passageiros que por lá passavam. Regnée gostava de monitorizar todos os seus passageiros, e mantinha um registo elaborado, extenso e fiável, mesmo sem que os seus passageiros se apercebessem disso...

Um belo dia, um outro passageiro do mundo cruzou-se com Regnée. Este era diferente, exuberante e flamejante, espalhafatoso onde ela era discreta, irreverente onde ela era delicada, mas sistemático onde ela era dispersa e sóbrio onde ela se perdia a divagar, enfim, era invisível onde ela brilhava incandescente.
Chamava-se Oscar, Oscar Fink e também gostava de viajar. Viajava de bicicleta, de carro, ou montado num burro; e, embora constasse que tinha uma predilecção por viajar de avião, isso era falso; Oscar gostava era de viajar no seu cavalo de metal e fogo que só ele conseguia montar, como um cavaleiro invisível. O que mais lhe importava era a viagem que fazia, o destino para onde ia, e não o meio de transporte em que seguia. Só não gostava de andar de patins (mas isso é outra história).
Assim, nas suas viagens, Oscar acabou um dia por passar na Estação de Comboios de Regnée, e leu as paredes e gostou dos quadros e até teve vontade de conhecer mais, mas seguiu viagem...
Quis o destino que um belo dia, outro belo dia, o comboio em que seguia Regnée viesse por sua vez passar na Estação de Oscar. Reconheceram-se e, a partir desse dia, Regnée e Oscar passaram a cruzar-se frequentemente de comboio. Quais disciplinados vizinhos de plataforma de embarque, entretiam-se mutuamente com gestos de larga cortesia e acenos sorridentes a cada passagem pela mesma paragem, pela mesma estação. Aparentemente terão desenvolvido uma certa cumplicidade um como o outro, um coisa imperceptível, um quase desejo, um quase nada... Só eles sabem.

Mas Oscar apercebeu-se que tal como Regnée, também ele gostava de andar de comboio, do “pouca-terra, pouca-terra” do comboio, das paragens, e das salas de espera das outras Estações, onde os Chefes de Estação dessas paragens, como pedintes, mendigam por passageiros com berros estridentes nos seus altifalantes, e distribuem horários para os seus comboios como se fossem gotinhas de chuva molha-parvos.
Há estações onde uma gotinha apenas chega e sobra para encharcar qualquer parvo que ande à chuva e noutras Estações há tantos passageiros que ninguém sabe realmente quem é o Chefe da Estação. Há estações desertas, estações abandonadas e estações onde só passam rápidos. Há estações que parecem que nos entram pela casa dentro e outras que parecem ser a casa do Chefe da Estação, há estações para todos os gostos, umas grandes, elaboradas e barulhentas, outras pequenas, simples e discretas. Há estações nacionais, internacionais e até algumas que parecem intergalácticas e transcendentais.

Oscar andava meio perdido nesse novo mundo dos comboios, saltava de linha em cantoneira sem saber em que paragem o seu comboio ia parar, sem saber se o Chefe da Estação onde parava tinha um umbigo maior que a alma ou se encontrava passageiros conhecidos nessa imensidão de salas de espera decoradas à pincelada de rato e teclado. Felizmente, Oscar era quase invisível, mas mesmo assim, ao fim de algum tempo, não renovou o passe, e fechou a sua Estação.
Durante uns tempos, Oscar esqueceu os comboios e só viajou no seu cavalo de metal, Tejo acima e Sado abaixo, um Ferry para lá e uma auto-estrada para cá. Por vezes o seu cavalo de metal mais parecia “cavá-lo” de Troia e até arrancava alcatrão, mas Oscar nunca passava esse pontão sem olhar para trás e sem pensar em Regnée... Como estaria a sua Estação de comboios? Teria flores? Reproduções de painéis de azulejos? Uma locomotiva nova?

Passou mais algum tempo, Oscar seguiu a sua vida (e que rica que ela é) até a um dia em que resolveu construír um novo Blog, uma nova Estação de comboios! Mas... Comboios porquê? Os comboios vivem presos aos carris, o que Oscar gostava mesmo era de viajar, por isso decidiu construír uma Estação diferente, que mais parecia um aeroporto (enfim, um aeródromo).
Oscar estava contente por voltar a viajar dessa maneira, e viajou muito, mas sempre pelo ar... Lá do alto distinguia as linhas que os carris do comboio desenhavam no mapa da terra e sobrevoava estações por onde antes já tinha passado de comboio.

Dinâmico, Oscar decidiu um outro belo dia que era tempo de aterrar e voltar a andar de comboio. Aterrou, despiu o seu uniforme de piloto, comprou um bilhete, mas quando ia a entrar para o comboio apercebeu-se que não sabia onde ir, que estações visitar? Perdido, deambulou de Estação em Estação sem muita vontade sequer de se apear do comboio. Começava a arrepender-se de ter aterrado... Mas Oscar sabia que só alguém que vive pelo gosto dos comboios lhe poderia valer e então decidiu parar na Estação de Comboios de Regnée.
A estação estava lindíssima, tal como ele imaginava que estivesse. Regnée tinha evoluído enquanto Chefe daquela Estação, tinha crescido e até lá havia agora uma bilheteira e um quiosque e livros de bolso para entreter os passageiros. Regnée tinha prosperado, e mesmo parecendo já Chefe de uma mega-estação internacional, Oscar ainda via nela os traços da Estação original, imaculada, belíssima, quase angelical, quase austera...
Era evidente que Oscar precisava de ter um Horário dos comboios para não andar à deriva, para não se perder e para não perder tempo em estações de comboio que mais parecem estações de metro, escuras e abafadas.
Oscar lembrou-se do amontoado de bilhetes obliterados que Regnée tinha na sua estação, no seu blog, e lembrou-se que embora parecessem ali estar abandonados talvez alguns ainda fossem válidos, e outros talvez servissem para ir até estações que ele ainda não conhecia, estações bonitas, simpáticas e bem decoradas, estações onde o mais importante seja a satisfação do passageiro e não o ego do Chefe da Estação.
Oscar consultou o Horário dos comboios de Regnée, decorou-o, e depois reproduziu-o na sua Estação.
Agora Oscar já não se sentia completamente perdido, tinha um ponto de partida para fazer um Horário de Comboios à medida da sua estação.
Mas gradualmente o entusiasmo de ter um Horário esvaneceu-se, afinal aquilo não era um amontoado de bilhetes obliterados que Regnée tinha abandonados a um canto, para seu espanto, Oscar apercebeu-se que se tratava também de uma criação de Regnée, e ela não se coibira de lho dizer, uma qualquer obra prima acerrimamente defendável como qualquer outra obra prima da estação de Regnée.
Oscar terá sucumbido à preguiça e hoje viaja ao crava, recorrendo à memória de algumas Estações que conhece e gosta de visitar, mas sem bilhete pré-comprado.
O amontoado de bilhetes obliterados de Regnée lá continua, esculpido no seu branco imaculado, tal como uma estatueta a ornamentar a entrada de uma vivenda suburbana, e tal como continua amontoado o Horário de comboios da estação de Oscar, do Aerodromo, do Blog de Oscar. Que não é mais do que isso, um Horário de comboios em que cada linha é um link para uma estação diferente, um serviço público sem pretenções de ser uma projecção das suas viagens, simplesmente uma lista de blogs que de qualquer forma raramente tem tempo para ler...

Fim.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Palavras Mutantes

Já está disponivel o 3º Livro da "Coleção de Poesia Encandescente" das edições Polvo.

Informação sobre o livro no Blog da Autora.

Nota: Espero que os direitos de imagem da capa do livro não me tragam problemas... Senão já estou outra vez à pega com histórias de plágio e também tenho que ir para tribunal resolver as coisas à paulada!

La Toussaint

Encontrei 2 sites (aqui e aqui) com explicações sobre o Dia de todos os Santos.
Coisas que eu não sabia... Bom Feriado!